Análise: Mario Kart World - Neo Fusion
Análise
Mario Kart World
12 de junho de 2025

Pode não parecer, mas faz 11 anos desde que Mario Kart 8 foi lançado para o Wii U, em 2014. Mesmo considerando o relançamento Mario Kart 8 Deluxe, um dos primeiros jogos que analisamos no Neo Fusion, passaram-se 8 anos, um intervalo inédito entre dois jogos principais da série.

Com Mario Kart 8, sua versão Deluxe e seus pacotes de DLCs, a Nintendo se encontrou encurralada. O jogo já era tudo que um Mario Kart poderia ser, com mecânicas polidas, visuais que permanecem agradáveis anos depois, e uma das melhores trilhas sonoras da história dos videogames. O que poderia ser feito para superá-lo numa continuação?

A resposta, aparentemente, é evitar o problema inteiramente. Ao invés de tentar “evoluir para cima”, Mario Kart World representa uma progressão lateral para a série, oferecendo mudanças e novidades que não servem estritamente para substituir a existência de seus antecessores.

Uma evolução lateral

A grande mudança de Mario Kart World está nas pistas. Mesmo os circuitos fechados frequentemente contam com pistas mais largas para acomodar os 24 jogadores, mas tais circuitos são uma parte relativamente pequena dos modos principais de World. No modo Grand Prix, ao invés de termos 4 corridas normais em 4 circuitos, boa parte das corridas se passa entre as pistas, correndo de uma para o outro em um formato sprint. Isso é possível graças a um formato mundo aberto em que todas as pistas existem de formas interconectadas.

É uma mudança polêmica, pois esses espaços entre as pistas podem ser menos interessantes do que as pistas em si. Senti isso bastante na primeira copa, já nas outras acho que o mapa é divertido o suficiente para se sustentar. Mas não sei se é um modo que vou revisitar com frequência.

Ao meu ver, o “verdadeiro” Mario Kart World está em Knockout Tour, um modo em que corremos entre 5 pistas de forma contínua, sem intervalos, e a cada segmento os 4 últimos corredores são eliminados. É uma versão Nintendo de um Battle Royale. Jogando single-player esse modo dá uma sensação de aventura, enquanto online é uma farofa generalizada até os momentos finais em que os 4 últimos jogadores disputam pela coroa.

Outra novidade é o modo Free Roam, em que podemos explorar livremente a ilha que contém todas as pistas. Tem um quê de Forza Horizon, com diversas missões e corridas espontâneas espalhadas pelo mundo. É divertido explorar as redondezas das pistas, mas eu sinto que esse modo carece de algum tipo de progressão ou orientação. Do jeito que está, parece que ele só… está ali.

Vale notar que, como é tradição da série, algumas pistas clássicas aparecem de novo em World. Mas em geral elas estão tão diferentes que é difícil de reconhecê-las. Por um lado isso é legal porque as pistas permanecem frescas, mas perdem um pouco a nostalgia das pistas clássicas. E também faz tanto tempo que eu não jogo um Mario Kart anterior ao 8 que eu tenho dificuldade de lembrar daquelas pistas.

Com a exceção de Moo Moo Meadows, que será sempre memorável.

Estética visual e sonora

À primeira vista, Mario Kart World é muito parecido com Mario Kart 8. Pelas cores e estética de iluminação, pode ser fácil de confundi-los, mas basta olhar os personagens de perto para a diferença ficar óbvia. Além de dobrar o número de corredores para 24, cada personagem tem muito mais detalhes na aparência e nas animações, atingindo um visual de desenho animado que combina extremamente bem com o jogo. Isso se estende à interface gráfica do jogo, que tem uma aparência mais rústica e amigável.

Uma pergunta fácil de fazer é se Mario Kart World seria possível no Switch 1. É uma dúvida razoável, mas considerando o número de jogadores, as melhorias sutis mas notáveis em vários aspectos visuais e a escala de mundo aberto, percebe-se que não seria possível, pelo menos não com essa qualidade. Em uma entrevista, desenvolvedores disseram que o desenvolvimento começou no Switch 1, mas simplesmente teriam que sacrificar muitas coisas para torná-lo jogável. E com Mario Kart 8 rodando a 1080p60fps lisos no Switch, um World menos performante acabaria parecendo um downgrade. O bom é que, no Switch 2, o jogo roda extremamente bem e suave tanto nos dois modos.

Para mim, o aspecto mais importante de qualquer Mario Kart é a trilha sonora. Historicamente, a série sempre evitou o caminho “fácil” de reciclar músicas já conhecidas de Mario para trazer trilhas sonoras originais e de qualidade. Mario Kart 8 foi o passo definitivo nisso, trazendo uma superbanda de músicos de jazz japonês para criar arranjos instrumentais de todas as faixas, gravados ao vivo.

World meio que faz a mesma coisa, novamente trazendo músicos talentosos para gravar as faixas. Há uma diferença notável na estética sonora, representada pela música tema, que traz elementos de country americano para ambientar o mundo, se opondo aos elementos tecnológicos de Mario Kart 8.

A grande questão é que, para popular o espaço sonoro do mundo aberto, World inclui uma quantidade incrível de arranjos de músicas das séries Super Mario e Mario Kart. Tem de tudo, de Super Mario Bros. no NES até Bowser’s Fury no Switch, e desde Super Mario Kart no SNES até Mario Kart Tour de celular. É uma coletânea para bater de frente com Super Smash Bros., com a diferença de que aqui são quase todos arranjos novos.

É uma pena e um absurdo que o jogo não conta com um modo “sound test” para poder conferir toda a trilha livremente.

Diferente, mas sempre parecido

O maior “problema” de Mario Kart World é que a sensação de jogá-lo não é muito diferente da sensação de jogar Mario Kart 8. Talvez isso seja porque eu ainda estou habituado às mecânicas daquele jogo e ainda não sei explorar bem coisas novas como super jumps e rail grinds. Aos poucos, estou melhorando no jogo e assim ele começa a se revelar como algo distinto. Mas sinto que a maioria dos jogadores vai achar a experiência muito parecida, que não seria um grande problema se o jogo não tivesse levado 11 anos para fazer e não fosse o jogo mais caro que a Nintendo já vendeu.

Mario Kart World sempre viverá em relação a 8 Deluxe, que continua tendo um papel no catálogo do Switch e Switch 2. Eu admiro a ambição de fazer um Mario Kart em mundo aberto, mas para mim ficou faltando um senso de progressão. Mas isso não muda o fato de que World é extremamente bem-feito e divertido, e com certeza será revisitado por anos durante a vida do Switch 2.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm