Análise: Never Awake - Neo Fusion
Análise
Never Awake
19 de janeiro de 2023
Never Awake foi analisado no PlayStation 5 a partir de uma chave cedida pela Pheonixx Inc

Never Awake é um game sobre infâncias difíceis, bullying e encarar de frente traumas e as coisas de que não gostamos. Ao mesmo tempo, ele é sobre uma garota super poderosa com características distorcidas que enfrenta uma série de monstros em um gameplay marcado por tiros e uma grande variedade de ataques especiais.

Embora pareçam contrastantes, essas duas partes se misturam de forma bastante lógica dentro do universo criado pela Neotro, que traz visuais sombrios dignos de um bom filme de terror. Mas isso não faz do jogo necessariamente algo assustador, a não ser quando pensamos nas implicações de sua história de fundo.

Mas estou me adiantando: lançado em 2022 no Steam e chegando somente em 2023 para consoles, Never Awake é um game sobre uma garota que está em coma por motivos desconhecidos. Incapaz de acordar, ela conta com a ajuda de uma figura misteriosa que vai explorar seu subconsciente e lutar contra uma série de traumas e medos que a figura central do jogo desenvolveu em seu curto tempo de vida.

Never Awake é sobre enfrentar traumas

Como Never Awake se trata de um jogo, o enfrentamento se dá de ordem bastante literal, e acontece “na base do tiro”. Cada sequência de fases temáticas vai lidar com um trauma diferente da garota e, conforme o jogador avança, ele vai descobrir o que fez a jovem entrar em coma e todas as circunstância difíceis pelas quais a “protagonista”/objeto de análise passou.

Essa exploração do subconsciente começa de forma um tanto inocente, mostrando o quanto uma criança pode ser traumatizada ao ter que comer simples vegetais. No entanto, as coisas vão ganhando complexidade conforme avançamos pela história, que trata de temas como abusos em atendimentos médicos e a insegurança que irmãos e o ambiente escolar podem gerar.

Never Awake

Toda a narrativa acontece na forma de pequenas frases que são desbloqueadas conforme avançamos pelas fases, que são bastante curtas — cada conjunto temático têm 10 delas, sendo 3 formadas por batalhas contra chefes e um estágio mais difícil, mas opcional. Ao completar um desses conjuntos, o jogador desbloqueia uma das espécies de pulseiras que prendem a jovem a seu estado comatoso.

Embora associar um jogo de tiro a uma história sombria não seja algo inédito a Never Awake, o game também tenta (e consegue) inovar do ponto de vista do gameplay. No game, enquanto um analógico controla a movimentação da personagem, o outro é responsável por acionar tiros, e também há botões dedicados para acionar um ataque especial e para desviar temporariamente de ataques.

Never Awake

Enquanto o game inicialmente parece um “jogo de navinha” tradicional, ele traz como novidade oferecer fases com progressão automática que se repetem em loops infinitos. O objetivo final não é acabar com todos os inimigos da tela, mas sim eliminar adversários o suficiente para coletar uma quantidade mínima de almas.

Isso dá ao jogo características bastante estratégicas, fazendo o jogador ter que medir se vale mais a pena matar os adversários mais fracos, mas menos recompensadores, ou se focar naqueles mais pesados e que rendem mais recompensas. O sistema também permite saber melhor quais desafios vão vir pela frente, mas isso acaba não sendo tão importante assim — como as fases costumam durar um máximo de 2 minutos, dificilmente me vi fazendo mais do que um loop e meio em cada uma delas.

Never Awake também tem um aspecto jogo forte

Além de permitir que o jogador acompanhe sua história, o destravamento de novas fases também acompanha o acesso a novos equipamentos e acessórios. Para desbloqueá-los, o jogador deve investir as almas acumuladas em cada fase, também estando ciente dos espaços que cada um deles vai ocupar.

Em minha experiência jogando Never Awake sem pular nenhuma de suas fases, sempre havia dinheiro suficiente para destravar todos os upgrades disponíveis. Ao mesmo tempo, só conseguia equipar uma quantidade limitada deles — que também envolvem tiros especiais —, mas tinha sempre a flexibilidade de mudar minhas escolhas caso elas se provassem pouco eficientes.

Never Awake

No entanto, só senti que isso era realmente necessário nos confrontos com os chefes, cada um trazendo sempre três padrões diferentes de ataque. Nesses casos, o game sempre tinha uma recomendação de setup otimizado para o desafio quando eu falhava nele, mas nunca senti que era obrigatório seguir a dica para conseguir vencer.

O que deu para sentir jogando é que a ideia de loops do game funciona bem, especialmente dado a brevidade de cada fase. Mesmo que você falhe, fica fácil lembrar dos lugares que trazem mais problemas e merecem mais atenção e, em último caso, dá para gastar algumas almas acionando um modo especial temporário que aumenta o poder de ataque e a resistência da protagonista.

Ao mesmo tempo, nem tudo funciona de forma perfeita no jogo. Enquanto o design dos inimigos é bem interessante, eles são bastante repetitivos e deixam um certo cansaço após sessões mais longas de jogo. Além disso, Never Awake sofre com os problemas dos jogos no estilo “bullet hell” de muitas vezes colocar inimigos em tela que surgem de pontos cegos — algo comum nas fases mais avançadas, sendo esse um elemento responsável por alguns saltos de dificuldade inesperados.

Um bom shoot’em up com ideias inovadoras

Apostando em ideias inovadoras e em uma narrativa e inimigos sombrios, Never Awake consegue ao mesmo tempo se inspirar nos melhores shoot’em ups do passado e trazer elementos de games únicos. Com fases que duram tempo suficiente para serem memoráveis, mas não enjoativas, o game consegue aquele efeito raro de provocar o desejo de “só mais uma partida” do qual títulos de seu gênero se beneficiam muito.

Never Awake

Ao mesmo tempo, sinto que faltou algo que tornasse o game realmente memorável e o elevasse além do simplesmente “bom”. Talvez se a ação fosse mais rápida, ou houvesse mais upgrades coletáveis que durassem somente uma fase, o game pudesse trazer um gameplay mais variado e surpreendente.

Never Awake cumpre bem sua proposta e merece ser conferido por sua ação e narrativa diferenciada. Joguei toda a aventura no PlayStation 5 e não tive nenhum problema técnico notável durante o processo, a não ser por algumas pequenas travadas de avanço nos níveis mais avançado, que são mais responsabilidade da minha habilidade do que do game em si.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm