Resenha: The Last of Us Episódio 6 - Neo Fusion
Resenha
The Last of Us
Episódio 6
20 de fevereiro de 2023

O tempo voltou a correr para Joel, e isso o apavora. O sexto episódio da série The Last of Us conclui o arco do desenvolvimento da relação entre os dois protagonistas colocando bases para o segmento final e integrando acontecimentos futuros da saga enquanto amarra os pontos apresentados no primeiro terço do show. A introdução do cenário e personagens, o pedido da Tess e sobretudo o importante terceiro episódio. Para além da carta explícita em relação à proteção daqueles que devemos proteger, o ponto central da conexão vem de quando o Bill diz ao Frank que não sentia medo antes de conhecê-lo, este trecho reservado aos espectadores.

O relógio volta a funcionar na passagem de tempo da série; três meses se foram até Joel e Ellie chegarem em Wyoming. A evidente mudança de estação contribui também para a continuidade da road trip: planos amplos e espaços mais vazios constróem uma calmaria nas primeiras partes do episódio. Depois de pegarem informações com um casal que vive de forma mais ou menos isolada na região desde antes da crise dos Cordyceps, os protagonistas conversam sobre o futuro, mais especificamente um em que a infecção já não exista mais.

Joel e Tommy The Last of Us

Neste ponto a relação é ainda de idas e vindas; Joel fala sobre o futuro mas esconde informações mais centrais e íntimas sobre seus verdadeiros sonhos e imaginação; Ellie já começa a realizar ações mais pivotais como ficar de alerta enquanto o (ex?) contrabandista dorme, mas ainda sofre represálias por isso. Ao encontrarem um pessoal armado e montando cavalos, Joel fica imóvel enquanto um cachorro se aproxima de Ellie para atacar caso ela esteja infectada.

Nada acontece, e Ellie faz carinho no cão. Tal grupo os leva até a cidade de Jackson, onde Joel finalmente encontra seu irmão Tommy (Gabriel Luna) e o abraça emocionadamente. A dupla se junta à Tommy e Maria (Rutina Wesley) no refeitório. Esse primeiro contato pinta um Joel desconfiado e uma Ellie um pouco “selvagem” para os padrões do povoado. Essa cena, ao lado do sonho de Ellie para o futuro, aparece como formas da série já integrar pontos presentes em The Last of Us part II e, consequentemente, nas temporadas seguintes do show. É natural e bem vindo que desta vez havendo a noção dos pontos gerais e momentos específicos da sequência, algumas coisas já apareceram.

Maria apresenta a cidade de Jackson, um bom contraponto a tudo que vimos até agora em Boston e Kansas City. Aqui não há um cenário distópico, mas uma literal comuna. Há, sobretudo, um lugar concreto e bom, um evidente ponto de retorno para que Joel e Ellie possam viver uma vida digna ao fim de suas jornadas.

Ellie The Last of Us 6

Em conversa a sós com Tommy, Joel ainda mantém segredo sobre o que está acontecendo realmente, mas pede ao irmão que finalize a jornada. Este nega o pedido pois Maria está grávida. Há um atrito entre os irmãos, pois Joel se mostra quase indiferente à tal novidade. Aqui Tommy explicita algo mostrado ao longo dos episódios ao dizer que se o relógio parou para Joel, não precisa parar para ele também.

Enquanto isso, Ellie vai descobrindo a cidade, além de ver pela primeira vez um coletor. Encontra na casa de Maria um memorial para dois nomes. A conselheira de Jackson corta os cabelos de Ellie e as duas conversam. A garota descobre sobre Sarah e defende Joel da desconfiança de Maria. O trecho é interessante para mostram Ellie conhecendo uma vida mais comum, a tranquilidade de apenas sentar e deixar alguém cuidar de você em um ambiente seguro e com possibilidades. A contrapartida dessa sensação viria depois no episódio.

A cena em que Tommy vai se desculpar com Joel traz um trecho original da série em que Joel além de abrir o jogo com o irmão sobre a imunidade da garota, fala abertamente sobre seus medos e sentimentos. Anteriormente, vemos Joel sofrer picos de ansiedade em dois momentos. Além disso, ele fala abertamente em como tem medo de falhar pois continua falhando e falhando com Sarah, assim como falha com outras coisas na vida.

The Last of Us episódio 6

A série optou por um Joel mais aberto nesse sentido. Opção acertada pois por mais que hajam trechos de suspense (como no segundo episódio) ou mais de ação propriamente ditos (a batalha do quinto), o momento a momento do show se dá pela relação entre personagens e carga dramática, diferente do jogo em que parte do tempo é obviamente dedicada a trechos com obstáculos, desafios, inimigos, oportunidades mecânicas, etc. Ajuda também o fato de Pedro Pascal estar entregando um excelente trabalho.

Há, então, o confronto entre Joel e Ellie. Aqui, também, Bella Ramsay vai muito bem em uma cena bastante similar em estrutura ao momento no game. Ellie diz claramente que entende bem a perda pois é tudo que conhece na vida. Joel a afasta novamente reforçando que esta, de fato, não é sua filha e ele não é seu pai. O corte para a manhã traz Tommy para seguir jornada com a garota. Apenas duas transições depois vemos Joel nos estábulos pronto para seguir ele mesmo com ela.

Anteriormente vemos Joel ter um ataque e ver uma jovem com cabelo similar ao de Sarah. Um corte mostra o rosto da garoto, e outro mostra o relógio e as mãos de pai e filha montando uma árvore de natal cerca de duas décadas atraz. A perda pode existir de forma dura numa relação desse tipo, mas os momentos de interação e da vivência talvez sejam mais importantes.

The Last of Us 6

A partir daí voltamos para a viagem, desta vez com Joel assumindo uma posição paterna mais evidente: ensinando Ellie, se abrindo sobre seu verdadeiro sonho, quase rindo das falas adolescentes dela. O abraço de Ellie enquanto cavalgam é claro. Trechos mais longos no game por funcionarem como estágios são condensados em um ritmo mais rápido na transição e movimentação, embora cortados por conversas e momentos entre os dois.

Já na Universidade onde talvez houvessem Vagalumes, econtramos macacos e um hospital universitário já vazio. Há pistas do próximo destino do grupo, mas há também perigo na forma de homens armados com pés-de-cabra e afins. Pouco antes de conseguir fugir, Joel confronta um dos homens. Vence-o, mas vemos uma estaca cravada em seu corpo. Ellie coordena a fuga, mas logo o homem cai.

O plano fecha em Ellie desesperada dizendo que não sabe o que fazer sem ele, que precisa de Joel. Ao fim, com um plano aberto a calmaria dos cenários de road trip agoram dão lugar para a angústia da solidão em um espaço maior e menos controlado.

~

O fim do sexto episódio de The Last of Us marca também o fim do arco da construção do relacionamento dos dois protagonistas. A aproximação no fim do terceiro e no quarto episódio, o desenvolvimento do preocupar-se de Joel a partir da própria Ellie e do destino de Henry e Sam, por fim o medo de falhar, se apegar e perder sendo superado pela vontade de construir com Ellie, para quem Joel já é, faz um bom tempo, a primeira e única opção.

O cuidado na produção continua sendo um destaque. Em um episódio de momentos mais contemplativos e de abertura e fechamento de relações, temos também abertura e fechamentos do ponto de vista cinematográfico. Por entre referências e integração com pontos da trama preparando terreno para o trecho final desta temporada e também com as próximas, a série chega ao seu clímax estabelecida.

O tempo voltou a correr para Joel, mas para além do medo existe também beleza e felicidade nisso. Ellie, por sua vez, agora vai da esperança e vontade de viver para encarar novamente, e talvez na situação mais desfavorável, o seu maior medo, a solidão.

Ellie TloU

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm