Análise: Scars Above - Neo Fusion
Análise
Scars Above
28 de fevereiro de 2023

Histórias de ficção científica muitas vezes extrapolam situações da realidade para outro ambiente, permitindo um diálogo crítico sobre problemas que permeiam a sociedade de múltiplas formas. Ao apresentar o contato de seres humanos com alienígenas, frequentemente se usa uma simbologia que remete ao colonialismo que ocorre na Terra — por vezes, nós somos os colonizadores (vide Avatar de James Cameron), por outras somos os colonizados (como em Marte Ataca).

Scars Above traz uma discussão tangencial, porém distinta. Nele, acompanhamos a equipe SCARS (Sentient Contact Assessment and Response), responsável por investigar uma enorme nave espacial extraterrestre que entrou em órbita da Terra. Ao tentar investigar o objeto, somos levados a um planeta misterioso. Controlando Kate (não a nossa Kate), descobrimos que não são os alienígenas em si que apresentam uma ameaça, mas uma inteligência artificial desenvolvida por eles que, na obsessão por descobrir o segredo da vida, busca coletar o DNA de espécies desenvolvidas pelo universo mas, no processo, os transforma em criaturas selvagens e perigosas.

Scars Above

Uma mistura de elementos

Para lidar com o planeta hostil, Kate conta com um arsenal de armas desenvolvidas principalmente para propósitos científicos, mas reapropriadas para combate. Conseguimos elas ao longo do jogo, cada uma com um atributo particular — eletricidade, fogo, gelo e veneno. É bacana que elas servem tanto para navegar o cenário quanto para resolver situações de combate, tornando o jogo mais satisfatório à medida em que progredimos. Provavelmente não é por acaso, mas as quatro armas elementais me lembram muito de Metroid Prime. Com a ausência de outros poderes particulares, elas são uma parte mais central deste jogo do que daquele. Quase todo inimigo grande ou chefe apresenta um tipo de combate quebra-cabeças, onde devemos descobrir e atingir algum ponto fraco com alguma arma em particular para causar dano considerável.

É legal que Kate nunca deixa de lado seu aspecto de cientista e, para desenvolver nossas habilidades, devemos coletar informações sobre as criaturas que encontramos e o ambiente que habitamos. Ao invés de pontos de experiência, ganhamos pontos de conhecimento, que então são usados para adquirir habilidades em uma skill tree. Esta por sua vez é bastante básica e poucos itens despertam uma grande vontade de desbloquear, mas de qualquer forma é legal de melhorar a personagem. Ao fim do jogo, porém, eu tinha mais pontos de conhecimento do que habilidades para desbloquear, então ficou uma sensação de desperdício.

Scars Above

À primeira vista o jogo parece muito com Returnal, porém a semelhança é principalmente estética. Não se trata de um roguelike com fases que se rearranjam. Os níveis são estruturados e o progresso é bastante linear. Porém, para dar um gostinho de exploração, o caminho frequentemente se separa em galhos, que ora convergem ao mesmo ponto, ora oferecem alguns benefícios para os exploradores. Muitas vezes, há algum bloqueio adiante e precisamos tomar um caminho alternativo, para então voltar e remover o bloqueio, abrindo um corta-caminho. Porém, como raramente há motivo para voltar, esses corta-caminhos não são particularmente úteis, fora permitir usar o mesmo monolito (pense bonfire) mais vezes.

Apesar da linearidade, há perto do final do jogo a oportunidade de revisitar alguns trechos anteriores e liberar alguns caminhos adicionais nas regiões. Mas, assim como a busca de artefatos de Metroid Prime, acaba passando a sensação de uma solução artificial para esticar um pouco a duração do jogo.

Competente sem ser excepcional

Fora os combates, há também quebra-cabeças mais tradicionais que nos fazem interagir com o ambiente. Gostei deles e é uma boa trégua do combate e exploração de caminhos, mas o jogo já cai no hábito de dar dicas pesadas sobre como resolvê-los enquanto estamos apenas pensando e tentando algumas possibilidades. Por exemplo, há um quebra-cabeça que requer interagir com um terminal três ou quatro vezes, mas cada vez que acionava o terminal, Kate dava dicas cada vez mais pesadas sobre o que fazer, mesmo que eu estivesse no começo apenas experimentando, e depois já soubesse o que era para ser feito.

Kate olhando um cenário em Scars Above

De forma geral, minha experiência com Scars Above foi agradável, apesar do jogo não ser particularmente excepcional em nenhum elemento individual. A história, os gráficos, o combate, e o level design são todos bons o suficiente para me manter entretido e engajado, mas nenhum se destaca além do que já vimos em outros jogos. Ajuda que suas inspirações principais — Returnal e Metroid Prime — são jogos que eu gosto muito, então mais jogos nesse estilo são sempre bem-vindos. De certa forma é um jogo fácil de dizer se é para você ou não; se o tipo de combate, exploração e desenvolvimento descrito acima te agrada, será uma experiência divertida, se não transformadora.

Scars Above traz elementos inspirados em jogos como Returnal e Metroid Prime, aliados a uma narrativa que explora conceitos de sci-fi como colonização, ciência genética e inteligência artificial. O jogo é competente em diversos aspectos, mas não se destaca em nenhum deles. É uma experiência recomendável para quem curte jogos do estilo.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm