Análise: Lost Words: Beyond The Page - Neo Fusion
Análise
Lost Words:
Beyond The Page
3 de março de 2023

Lidar com a morte de alguém querido é um fato que muda nosso olhar sobre a vida, em maior ou menor diferença de acordo com a proximidade de uma pessoa. O quão trabalhoso é lembrar o que sentimos quando tivemos pela primeira vez essa experiência? O que dessa sensação de falta molda nossa personalidade pelo restante da vida?

Em Lost Words: Beyond The Page, nos tornamos testemunhas ativas dos estágios de luto de uma garota chamada Izzy. Ela tem o sonho de se tornar uma escritora e recebe um diário de presente, um incentivo de sua avó. Seguimos em um jogo de plataforma, pulando de frase em frase, palavra por palavra, pelos relatos que Izzy tem a compartilhar.

No seu treinamento de escrita, a garota decide contar uma história de fantasia através das páginas. Enquanto Izzy vai expressando sua imaginação, ela se depara aos poucos com a partida da pessoa que mais admira, a sua avó.

Contando uma história pulando sobre palavras

Lost Words é dividido em dois segmentos, a Izzy contando sobre os acontecimentos de sua vida e a história de fantasia que ela está criando. No primeiro, estamos interagindo com os textos que servem de plataformas para uma personagem que controlamos. Passamos de página em página, acionando alguns gatilhos, boa parte deles passar acima de palavras destacadas, que vão revelando novos textos e ilustrações.

Todo o jogo é narrado pela Izzy, portanto, estamos seguindo um fluxo de voz que dá origem aos textos. Nesse caso, os diferentes tipos de escritas que surgem demonstram a expressão dos sentimentos ao longo dos eventos. Em certas páginas precisamos arrastar palavras para preencher frases, além disso, há outras formas de interação com texto e ilustrações que são criativas e surpreendentes.

Beyond the Page

O segundo segmento de gameplay é o mundo de “Estoria”, no qual a personagem controlada segue em uma jornada que precisa recuperar os vaga-lumes de sua vila, que foi destruída por um dragão. Nessas partes de Lost Words, o jogador tem acesso a um livro, onde cada verbo pode interagir com elementos do cenário, assim que essas palavras são arrastadas a esses pontos-chave do ambiente. Com isso temos uma série de quebra-cabeças no decorrer dessa jornada.

Em cada fase dessa aventura, o jogador vai coletando vaga-lumes espalhados, eles dão a dica da progressão de cada seção, além de serem importantes para o final do jogo. A personagem vai interagindo com outros seres em seu caminho, o tom de sua aventura tem relação com o que Izzy está passando em sua vida, como também isso altera o próprio humor demonstrado pela protagonista dessa história de fantasia.

As seções de interação com as páginas do diário são os pontos brilhantes de Lost Words, algo que relembra outras experiências narrativas criativas feitas a partir de ideias simples. No caso da aventura fantástica, temos um jogo mais tradicional que conta com uma mecânica interessante de usar texto escrito disfarçado de mecânicas.

No entanto, são nesses trechos em que é possível encontrar a maior parte das limitações de um jogo com esse nível menor de investimento. Vez ou outra há alguns problemas de colisão, da personagem ter umas movimentações estranhas, mas, felizmente, nada que atrapalhe o progresso do jogador, afinal, a proposta é mais focada em nos contar uma história do que desenvolver a fundo seu gameplay.

Beyond Pages

Lidando com traumas que não devem ser ignorados

O que Lost Words aborda em sua história é algo universal, que todos nós em certo grau já passamos. No entanto, ele nos chama atenção para algo que pode ser muito sério: como fazer uma criança lidar com uma perda tão importante? O que passa dentro da sua cabecinha e o quão isso pode ser destrutivo? Como que os adultos próximos podem ser irresponsáveis por negligenciar os seus sentimentos?

O jogo nos coloca no ponto de vista da garota. Confesso que, por muitas vezes, sentia uma certa raiva das atitudes que a Izzy tinha, assim como sentia raiva da maneira dos pais lidarem com ela. Em uma situação como essa, é complicado apontar certo e errado, principalmente quanto vemos uma fração mínima desse evento.

Lost Words

A proposta do estúdio Sketchbook, ao fazer esse jogo, é justamente nos fazer dar atenção de como crianças enfrentam traumas. Houve um trabalho em parceria com psicólogos infantis de uma instituição beneficente britânica, nessa tentativa construir um videogame que nos mostrasse uma criança criando mecanismos para lidar com algo tão difícil, e conseguir com o tempo seguir com seu desenvolvimento.

Não é algo raro os videogames tratarem da questão do luto, em lidarmos com essa temática de forma jogável. Lost Words apresenta mecânicas que fornecem uma experiência narrativa interessante, algo que gera uma certa vontade de ver algo parecido em gameplay ser trazido de volta em um produto mais polido e complexo. Mas, diante do tamanho do seu estúdio e de se tratar de uma proposta educativa importante, a história de Izzy cumpre seu papel de nos voltar o olhar a algo que parece mais simples do que realmente é. Afinal, como lidamos com as perdas em nossas vidas? O que fazemos quando estamos desorientados? Quais são os mecanismos que aprendemos para voltarmos ao nosso caminho?

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm