Análise: God of Rock - Neo Fusion
Análise
God of Rock
18 de abril de 2023
Testamos a versão de PS5 a partir de cópia cedida pela publicadora.

God of Rock é um jogo com uma ideia interessante, mas uma execução péssima e problemática. A ideia soa brilhante no papel: um game que mescla jogo de luta com jogo de ritmo, uma espécie de Guitar Hero onde o Ryu resolveu alinhar seu treino de karatê com a vida na noite tocando rock’n’ roll. Mas ao contrário do que GH e Street Fighter fazem, God of Rock comete erros fundamentais que acabam por deixar a experiência confusa, frustrante, sem personalidade e infelizmente desperdiça todo o potencial que poderia torná-lo um jogo viciante e memorável.

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DEUS DA FRUSTRAÇÃO

Como todo bom jogo de luta, God of Rock traz uma quantidade considerável de personagens logo de cara: são 12 músicos que sonham em se tornar astros do rock e para isso topam a empreitada de se enfrentarem em duelos de pancadaria até o dia de tirar X1 com o tal Deus do Rock. É aí que já começam os problemas do game.

Apesar de virem em bom número, praticamente todos os personagens são desinteressantes tanto em design quanto em carisma. A ideia por trás deles até que é boa, já que vamos desde visuais que lembram famosos como Elvis ou Freddie Mercury até aqueles que tentam ser mais originais, sendo androides, anjos ou pessoas comuns. No entanto, por mais que o coração esteja no lugar certo, os personagens acabam por ser genéricos e não trazem nenhum ar real de novidade dentro do gênero – e a própria história de cada um não passa de uma simples introdução feita no estilo de gibis. São apresentações bonitas visualmente, sim, mas completamente desinteressantes no sentido narrativo e parecem estar ali por obrigação.

God of Rock tem um modo arcade, onde enfrentamos cada personagem até chegarmos ao chefão que dá nome ao jogo. Esse modo pode ser jogado tanto contra o computador quanto contra um amigo localmente. Há um modo online entre todas as plataformas – que eu não consegui jogar porque não pareava com ninguém durante o período de análise, infelizmente – e também os bem-vindos modos de treino e editor de fases – fases estas que são bastante limitadas e repetitivas.

O grosso dos meus problemas com God of Rock, no entanto, não está em sua variedade de modos de jogo, mas sim em seu gameplay. Veja, Guitar Hero é um dos jogos mais divertidos e memoráveis que já surgiram. Até hoje é possível se lembrar da seleção de músicas do game, de como os duelos rolavam e também como os controles funcionavam (e aqui nem falo necessariamente de usar os controles em forma de instrumento musical, mas sim o próprio joystick). God of Rock erra em TODOS esses aspectos.

A peça fundamental num jogo de ritmo ou de luta é quão intuitivos são os comandos. Você precisa pensar rápido e coordenar os movimentos com o que aparece na tela. O erro mais grave em God of Rock é que o jogo cai num descompasso entre as notas que aparecem na pista, os botões que precisam ser apertados e a própria luta entre os personagens.


Comecemos pelos botões: se você já viu um controle de PlayStation ou cresceu com a plataforma, quais são as cores que você associa com cada botão? X é azul, quadrado é rosa, bolinha é laranja e triângulo é verde, correto? Na prática, quando temos que apertar os botões rapidamente, a grande maioria dos jogos consegue transmitir a informação de qual comando deve ser executado colocando a cor do botão correspondente na tela e o jogador intuitivamente saberá que a cor verde corresponde ao triângulo.

Então… Em God of Rock, o verde é… o botão X, enquanto o botão triângulo é a cor amarela, correspondendo mais ao que se vê no controle do Xbox. É um erro tão básico que eu não consigo entender como passou pelo playtest. As cores deveriam corresponder ao que é clássico de cada plataforma, não ao padrão de outra. A mesma confusão se daria se as cores do controle de PS aparecessem no Xbox. O que isso acaba por gerar é uma imensa confusão na hora de acertar cada nota – e elas vêm rapidamente, tornando difícil a tarefa de acertar as sequências corretamente. E o pior: não há forma de remapear os botões. Eu pessoalmente acho que seria muito mais intuitivo e gostoso jogar God of Rock se fosse possível usar um esquema de controle em que cada nota correspondesse aos gatilhos, por exemplo.

Uma outra questão que piora a experiência de God of Rock é que as notas vêm tão rapidamente na pista que é difícil saber se você acertou o comando ou não. O jogo até coloca as palavras “ótimo”, “perfeito” e etc, mas não há intervalo suficiente para saber se você acertou e o jogo também nem dá muito feedback sonoro para indicar o que rolou. Tudo acontece tão rápido na pista, os personagens se acertam soltando tantos flashes de luz e tudo fica tão poluído visualmente que não é realmente possível saber o que está rolando. E isso também piora na hora de soltar os especiais de cada personagem. Mais uma vez, tudo precisa ser feito tão rapidamente e sem cadência que a experiência se torna frustrante e cansativa.


Se for comparar o que God of Rock faz com outros jogos consagrados, a coisa fica mais feia. Um jogo que traz uma ideia parecida com este é… Yakuza 5, por exemplo. Há um ato inteiro no jogo da Sega em que controlamos uma personagem adolescente que não sai na rua para brigar com os outros como Kiryu faz, mas sim para desafiar outras pessoas a um duelo e dança. E nisso o jogo dá um banho em GoR no quesito game design. É possível entender os movimentos dos personagens, as notas vêm numa velocidade satisfatória, há feedback visual e sonoro para os acertos e erros, a disposição da pista não toma uma parte excessiva da tela e tudo funciona de uma forma desafiadora e satisfatória. Infelizmente não posso dizer absolutamente nada disso sobre God of Rock.

Por fim, um jogo sobre músicos e rock deveria ter uma trilha-sonora incrível, não? Bem… eu achei todas as 40 músicas de God of Rock completamente esquecíveis, sendo muitas parecidas umas com as outras, além das composições serem muito mais próximas de um eletrônico moderninho que faz sentido em jogos de luta genéricos, mas não em um jogo que traz rock no nome. Sei lá… os compositores poderiam ter olhado para Guilty Gear, por exemplo.

God of Rock é um jogo problemático e frustrante. Ele tinha tudo para ser incrível, viciante e divertido - tanto é que eu adoraria desafiar meu querido amigo Dácio, aqui do Neo, para alguns duelos, sendo ele um fã de fighting games - mas acaba por ser chato, confuso, repetitivo e desinteressante. Me dói muito falar isso de um jogo brasileiro, mas infelizmente temos aqui um game que comete falhas fundamentais e se prova bem ruim.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm