Análise: Top Racer Collection - Neo Fusion
Análise
Top Racer Collection
21 de março de 2024
Código de jogo, na versão de Nintendo Switch, fornecido pela publisher

Às vezes, uma boa maneira de passar uma tarde é revisitando ou descobrindo jogos antigos. Clássicos aclamados que você nunca jogou, jogos brilhantes que não receberam a atenção que deveriam, jogos que não são tão bons quanto você lembra e até jogos ruins que você pode descobrir gostar ou relembrar por que é tão ruim. Por sorte, atualmente você não precisa restaurar um console antigo toda vez que quiser passar uma tarde assim: existem diversas formas de jogar jogos antigos, sejam coletâneas, como a Disney Afternoon Collection ou Namco Museum, re-lançamentos, como Double Dragon e Zombies Ate My Neighbors, e emuladores oficiais, como o Nintendo Switch Online, além de diversas outras formas. E, para alegria de todos os jovens adultos da América Latina, em Março de 2024, tivemos o lançamento da coletânea Top Racer Collection, juntando clássicos que fizeram a infância de muita gente para dar uma volta nas estradas do passado e relembrar os bons tempos. A pergunta é, em qual categoria dita no começo a franquia Top Racer se encaixa? Vamos descobrir.

Você provavelmente consegue escutar a música daí.

Top Racer – mais conhecido aqui como Top Gear, seu nome internacional – é uma trilogia de jogos de corrida 2D para Super Nintendo, desenvolvido pela finada Gremlin Interactive e reunida em um só pacote para consoles e PC modernos pela QUByte Interactive, uma série que ficou muito conhecida na América Latina, especialmente no Brasil por ser um jogo muito comum na infância de muitas pessoas, onde a música da primeira fase do primeiro jogo ainda é quase unanimemente reconhecida, a ponto que há alguns anos atrás, ouvi um carro passando na rua tocando a música no volume máximo, e só posso esperar que ele não tenha tido um acidente achando que era invencível por causa dela. É um jogo muito querido por muitos, mas de minha experiência pessoal, não tive muito contato: Cheguei a jogar algumas vezes ao longo dos anos e a música com certeza é extremamente icônica, mas tenho mais memórias de jogar o segundo jogo com um primo, e ainda assim o máximo que me lembro é “era um jogo de corrida”. Com a Top Racer Collection, vi a oportunidade de revisitar esses jogos e finalmente formar uma opinião pessoal a respeito (porque lembre-se, a opinião geral não precisa ser a sua, experiencie por si só e forme suas próprias conclusões, mesmo que as outras pessoas discordem).

Top Racer Collection inclui (tecnicamente) quatro jogos: Top Racer, o primeiro jogo da franquia, Top Racer 2, sua sequência direta, Top Racer 3000, a sequência futurista mais pro fim da vida do Super Nintendo, e Top Racer Crossroads, um modo novo feito pela QUByte que pode ser ou não uma real quarta opção – vamos chegar lá, mas uma coisa de cada vez. Dito isto, essa análise é composta de cinco partes:  Julgar cada um dos jogos presentes na coletânea e se eles ainda são bons de jogar, e julgar a coletânea em si, pelo conteúdo e opções que ela tem. Vamos começar em ordem cronológica.

TOP RACER: O INÍCIO DE UMA LENDA

Top Racer (ou Top Gear) foi originalmente lançado em 1992, desenvolvido pela Gremlin Interactive e publicado pela Kemco, e foi um dos primeiros jogos de corrida a lançar no Super Nintendo, antes mesmo de Super Mario Kart (lançado no mesmo ano, alguns meses depois). Você escolhe um dos quatro carros disponíveis, se você quer marcha automática ou manual e vai competir por diversas copas em vários lugares diferentes do mundo: Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Brasil, dentre alguns outros, em cidades levemente baseadas em suas contrapartidas reais, e por isso quero dizer “o fundo da fase muda” e “as curvas da estrada são mais ou menos perigosas”. Cada copa é composta de quatro corridas, e você precisa estar em uma posição classificável para chegar à próxima copa. O objetivo real é estar sempre em primeiro lugar, mas dependendo de como você se sair, pode se safar em ficar até em quinto lugar em uma corrida sem estragar suas chances. Todas as corridas são entre 20 corredores, e sempre que você começa, estará em último lugar – o desafio de cada corrida então é tomar a liderança e ficar nela enquanto os outros carros e as curvas cruéis de cada pista te impedem de fazer isso. Use os turbos com parcimônia, fique de olho em quanta gasolina resta e escolha a hora certa para reabastecer. Faça isso por cerca de 10 copas e parabéns, você terminou Top Racer.

Os controles de Top Racer não são ruins, apesar do posicionamento um tanto não-ortodoxo dos botões – X para acelerar, Y para frear e A para ativar turbo, ou triângulo para acelerar, quadrado para frear e círculo para usar turbo, pra ficar mais fácil de entender – eu não tive problemas maiores para manobrar o carro entre as milhares de curvas de cada pista e dos outros 19 carros, quando se trata exclusivamente dos controles. Cada um dos carros tem status diferentes, e até nomes diferentes, mas você não vai saber a diferença antes de experimentar, a menos que você esteja olhando no manual. Por exemplo, o carro branco (“The Sidewinder”) é o carro com mais tração nos pneus, menor velocidade e menor consumo de gasolina, enquanto o vermelho (“The Cannibal”) é o exato oposto: pouca tração, maior velocidade, maior consumo de gasolina. Por sorte, na Top Racer Collection, a qualquer hora você pode parar e consultar o manual de cada jogo pelo menu de pausa.

Algumas fases são à noite, o que deixa as coisas ainda mais difíceis de ver.

Dentre os 19 corredores, Top Racer coloca um deles para ser o seu rival, sendo ele o segundo jogador ou o criativamente nomeado “Computer”. Se guiado pela máquina, seu rival sempre estará em sua cola, tentando roubar o primeiro lugar, e, em uma medida um pouco mais diferente, estará sempre presente na tela, estando a tela dividida na metade a qualquer momento, mesmo que você esteja jogando a sós. Creio que a ideia era pôr um sentimento de competição mais ferrenho, mas o que infelizmente acontece é que por conta disso, a performance do jogo sofre. Queda de performance e lag em jogos de Super Nintendo não é exatamente uma grande surpresa, é um console antigo e possui suas limitações, mas em Top Racer isso significa reduzir o quão responsivos são os seus controles, e por causa disso, você acaba atrasando um pouco seus movimentos, o que com certeza vai te levar a bater nas curvas ou vai forçar você a frear e perder sua liderança. Ironicamente, quando o oponente entra em um pit stop para reabastecer, o jogo roda perfeitamente, mas a partir do momento que ele volta à corrida, você está em desvantagem de novo. É um infeliz resultado dos limites da tecnologia, mas algo que poderia ter sido parado se o segundo jogador não estivesse lá o tempo todo.

O grande problema das curvas é que a perspectiva 2D faz com que você precise dobrar de antemão quando faz a curva, e esse jogo não possui nenhum tipo de drift ou manobra parecida, então se você não estiver virando quando a curva chegar, você vai ter que largar o acelerador ou frear, perdendo velocidade (se você já jogou OutRun nos fliperamas ou nos minigames presentes na série Yakuza, você deve entender o que estou falando). Isso quando não tem um carro em sua frente, algo que é muito fácil de acontecer visto que as pistas de Top Racer em momentos ficam muito estreitas, e se dois oponentes estiverem lado a lado, é praticamente impossível de passar por eles sem bater – o que reduz MUITO sua velocidade. A cereja carcomida do bolo é que os pit stops não só vão se tornar necessários no meio de uma partida mais longa (até com o carro com menor consumo de gasolina) como em algumas pistas como em Tóquio ele vai ocupar metade da pista, e sua entrada ainda mais, fazendo com que você acidentalmente entre no pit stop sem querer, te fazendo perder sua liderança por muito, em uma situação onde você pode até não ter mais turbo para usar – porque eles são bem limitados. Eu entendo que a adição do pit stop pode, em teoria, adicionar uma camada a mais de estratégia ao jogo, mas em minha opinião, ela é apenas intrusiva.

Como assim “você precisa enxergar o que tem pela frente pra dirigir”?

Os visuais de Top Racer são bons, as pistas são bem coloridas e bonitas, e apesar de os carros serem do mesmo exato modelo, o jeito que eles são coloridos dá uma impressão de que eles são na verdade bem diferentes. O problema com os visuais é que, por conta do poder limitado do Super Nintendo, algumas coisas como pneus ou placas podem acabar aparecendo muito repentinamente, e isso é especialmente problemático quando o jogo tenta ter pistas que fazem ondulações subindo e descendo, levando a situações onde você realmente não consegue ver o que está em sua frente, o que fica ridiculamente frustrante: Você não vai conseguir ver nada, quando a subida acabar você vai bater de frente com uma placa e vai cair três lugares no placar, e se você estiver muito abaixo na lista de colocados, você nem vai ter a chance de tentar aquela pista de novo: volte à primeira pista da copa. Faria mais sentido se você tivesse um sistema de vidas, como em Super Mario Kart, ou se pudesse simplesmente tentar mais uma vez dali.

Por fim, a trilha sonora de Top Racer é extremamente icônica, e as músicas que estão aqui são muito boas (mesmo que algumas instrumentações sejam um pouco esquisitas – estou olhando pra você, fase 3). O problema é que para as corridas, o jogo só possui quatro músicas, e para todas as copas, as mesmas quatro músicas são repetidas, sempre na mesma ordem. São ótimas composições por Barry Leitch, mas ter um pouco de variedade não faria mal, comentário que poderia ser aplicado também às pistas em si: As pistas de que me lembro, me lembro por motivo errados (pistas que são muito ruins por combinações dos motivos acima), todo o resto meio que se mistura, com apenas alguns visuais se destacando.

Top Racer é um jogo icônico e é o primeiro jogo de corrida do Super Nintendo, mas com certeza é um jogo que sofre bastante por conta de sua idade. Faz completo sentido que ele esteja aqui, e tem meu respeito por o que ele conseguiu, mas não sinto a mínima vontade de voltar ao primeiro Top Racer. Ainda bem que teve uma sequência.

Top Racer 2: Banzai!

TOP RACER 2: O INIMIGO AGORA É O MESMO

Lançado em 1993 pro Super Nintendo e 1994 para o Mega Drive, Top Racer 2 (ou Top Gear 2), desenvolvido e publicado pelos mesmos times do jogo anterior, segue o mesmo objetivo do jogo anterior, escolha marcha automática ou manual e corra por várias copas até enjoar. Top Racer 2 conta com um número bem maior de copas, mas a estrutura de quatro corridas por copa continua a mesma, assim como as quatro músicas que tocam em cada copa, também na mesma ordem. O que mais diferencia Top Racer 2 são as opções de customização para o seu carro: A cada corrida vencida, você acumula dinheiro (quanto melhor sua colocação, mais dinheiro você ganha) e com esse dinheiro pode comprar melhorias para diversas partes de seu carro, como um motor novo, pneus antiderrapantes, peças de “armadura” para proteger de impacto, dentre algumas outras. Tudo para melhorar seu desempenho nas corridas, algo que você vai precisar fazer logo que a terceira corrida chega, já que a terceira corrida é em um ambiente chuvoso, forçando o jogador a usar pneus antiderrapantes. Não é impossível se você não conseguir comprá-los, mas eles com certeza são – com ou sem o perdão do trocadilho – uma mão na roda.

Durante todo o percurso do jogo, você pode escolher o que quiser comprar, mas é importante salientar que os oponentes estão mais fortes e rápidos do que no primeiro jogo, e que por conta disso vale sempre investir em um motor mais potente. De resto, você tem um pouco de escolha. Não acha que os pneus estão te incomodando? Use o dinheiro para comprar mais nitroglicerina para usar mais turbos. Acha o número de turbo inicial bom o suficiente? Use o dinheiro para comprar mais “armadura” para o carro caso você bata, o que eventualmente vai acontecer já que as curvas de Top Racer 2 continuam tão cruéis quanto as do primeiro jogo. Você tem mais opções, e o sistema de progressão é um bom incentivo para continuar correndo.

Aqui você pode comprar mais usos do seu turbo. Fica de olho na gasolina, hein.

Você talvez esteja se perguntando, mas o que a “armadura” dos carros faz? Bom, Top Racer 2 introduz o sistema de danos ao seu carro: adicionado à sua tela está um medidor em formato de carro, que vai demonstrando aonde seu carro está danificado (começa verde, vai amarelando quando está piorando até que fica vermelho quando está nas últimas), ou seja, quanto mais você bate naquela parte específica do carro, mais dano você vai acumular, e se acumular dano demais, você pode acabar perdendo funções vitais para fazer você ganhar a corrida, como a habilidade de mudar para marchas maiores, e – supostamente, porque nunca consegui fazer acontecer – até destruir o seu carro. Além disso, Top Racer 2 elimina os pit stops completamente: Agora, o que vai determinar se você vai acabar com sua gasolina é se você abusar demais dos turbos, já que você pode comprar mais e mais deles, uma troca que acho bem melhor do que como era no jogo passado. De fato, Top Racer 2 é um jogo que considero bem melhor: As pistas são em geral um pouco mais largas, você não tem o segundo jogador o tempo todo dividindo a tela com você, e você até tem alguns power-ups durante as pistas (coisas como mais dinheiro, aumento temporário de velocidade ou mais um uso de turbo) para que você mantenha os olhos abertos. Começa um pouco mais difícil do que o anterior, mas o que ele traz de certo compensa isso pelo jogo inteiro, em minha opinião.

Minhas críticas com relação a Top Racer 2 são poucas: Ainda acho que as pistas se misturam muito facilmente, mesmo com a inclusão das pistas com tempo chuvoso, ainda gostaria que tivesse um pouco mais de variedade nas músicas, e apesar de aparentemente as peças que podem ser compradas tem diferenças um pouco mais minuciosas, o jogo ainda não diz qual a diferença entre cada peça na loja, o que significa que você precisaria olhar no manual (e talvez nem ajudasse muito), onde, na Top Racer Collection, tenho certeza que alguns lugares estão trocados entre o jogo e o manual. No fim das contas, a menos que você seja um jogador profissional, os itens mais caros são sempre melhores.

Top Racer 2 pegou o que funcionou no primeiro jogo e repetiu com algumas novidades, e como resultado fez um jogo simples mais bem sólido. Então para onde ir agora? A resposta é óbvia: O espaço sideral.

Agora sim.

TOP RACER 3000: AO INFINITO E ALÉM

Top Racer 3000 (ou Top Gear 3000, também conhecido como The Planet’s Champ: TG3000) é o último jogo da trilogia, lançado para o Super Nintendo em 1995, também pela Gremlin Interactive e Kemco. Dessa vez, a decisão foi pegar tudo o que funcionou em Top Racer 2 e levar tudo ao espaço, com uma espécie de visual e sentimento futurista bem característico da época – se você já tiver jogado Flashback, a visão de “futuro” é similar a essa. A estrutura do jogo é igual à de Top Racer 2, mas agora você não corre em diferentes copas ao redor do mundo, e sim em diferentes planetas. Quando você em transição de uma corrida para outra, você é transportado por uma nave espacial, e todos os menus que você usa para customizar seu carro são característicos de filmes de “futuro do passado”, uma tela verde com as palavras sendo digitadas como se fossem código em um computador e vários gráficos de vetores verdes, e a mera utilização do nome 3000 é uma coisa tão anos 90 que eu não consigo fazer nada a não ser amar.

Dito isto, Top Racer 3000 é o jogo com os carros menos visualmente agradáveis em comparação aos outros dois jogos, e de fato, não sou muito fã de como eles eram nem em Top Racer 2, acho que eles pareciam exatamente iguais, e é o mesmo efeito em Top Racer 3000. Como falei antes, no primeiro jogo, os carros ERAM exatamente os mesmos mas eles não pareciam exatamente os mesmos. Não sie, pode ser puramente uma questão de gosto. E apesar do jogo ser na Fronteira Final, muitos dos planetas parecem muito locais Terrestres, como florestas, rodovias e desertos, com ocasionais corridas onde o fundo realmente é diferente. Em termos musicais, o jogo continua com a mesma ideia de ter apenas quatro músicas nos exatos mesmos locais, mas pelo menos elas continuam muito boas de escutar.

No seu planeta não tem a parte vermelha da rua?

Mecanicamente, temos uma novidade um pouco similar a F-Zero, outro jogo de corrida do Super Nintendo: Pontos de reparo em partes estratégicas de cada pista. Em vez de você se preocupar toda vez que bate o carro como em Top Racer 2, você pode ser um pouco mais descuidado em Top Racer 3000, e o mesmo pode ser dito de seu combustível, já que também existem pontos de reparo em locais certos da pista. Basta passar por cima deles e enquanto você estiver lá, seu carro recuperará combustível com os pontos vermelhos e armadura com os pontos azuis. Quanto mais você avança no jogo, mais escassos os pontos de recuperação ficam, então faça bastante uso da mecânica de melhorias de seu carro que volta a todo vapor de Top Racer 2, incluindo algumas melhorias que vão sendo desbloqueadas com o seu progresso, como motores nucleares que continuam rodando até quando você não tem mais combustível (a menos que você bata em alguma coisa), os novos tipos de nitro com nomes sci-fi bizarros (que, dessa vez, mostram um pouco mais em detalhes o que cada peça faz quando você a seleciona para comprar) e as novas “armas”, como o jogo as chama. Se você pensou em uma espécie de Mad Max, sinto desapontar: “Armas” são um nome bem enganoso, essas melhorias são habilidades que você pode adquirir e usar, como o turbo que esteve nos outros jogos (e é o único com o qual você começa em Top Racer 3000). Elas tem um limite de uso por corrida, porém mais de uma pode ser equipada e elas podem ser trocadas a qualquer momento durante a corrida com os botões L e R. Essas habilidades variam de um poder magnético que atrai o seu carro ao carro mais próximo, uma habilidade de “atravessar” outros carros sem esbarrar neles, ou a simples habilidade de pular – dentre mais algumas.

Top Racer 3000 possui pistas um pouco mais variadas – não só por estar em planetas diferentes, mas porque algumas delas possuem uma tecnologia incrível chamada “bifurcação”. A mesma pista se divide em dois caminhos diferentes, e enquanto um pode ser mais longo, talvez ele possua alguns dos power-ups que também voltam do jogo passado, e quanto mais dinheiro você consegue, mais peças você consegue comprar… Por outro lado, pode ser que o caminho mais curto seja mais perigoso – mais curvas, estradas mais estreitas – é uma variedade que talvez não fosse necessária, mas funciona bem. A transição entre as duas estradas é um pouco difícil em alguns casos, mas a mecânica em sua grande maioria funciona muito bem. Top Racer 3000 é tão longo quanto Top Racer 2, mas sinto que a dificuldade é mais balanceada, e a inclusão de mais melhorias, mais variedade nas pistas e de pontos de reparo estratégicos trazem um jogo que é mais dinâmico, mais polido, mais rápido, com controles melhores, mais variado e mais divertido. Antes dessa oportunidade, eu não conhecia Top Racer 3000, e ele se tornou meu jogo favorito da franquia. Ou pelo menos da franquia oficial.

Boa sorte, corredor espacial.

Mas e aí, tá a fim de jogar Top Racer 1 de novo?

TOP RACER CROSSROADS: OLHA SÓ, CONTEÚDO “NOVO”

Lembra que comentei lá em cima que tinha um novo modo feito pela QUByte que podia ou não ser uma quarta opção? Lhes apresento Top Racer Crossroads, um modo de jogo que, de acordo com a descrição, “é uma experiência exclusiva que celebra a rica história dos jogos de corrida, abreviando a ponte entre o passado e o futuro”. O que eles querem dizer com isso? Top Racer 1 de novo mas com 4 carros novos.

É literalmente isso. As fases são as mesmas, e você só pode usar as fases e mecânicas do primeiro Top Racer.

E isso é só.

Cada um dos carros tem suas características mais explicitamente ditas quando você as escolhe no menu, mas tirando isso, Top Racer Crossroads é essencialmente um ROMHack do primeiro Top Racer com o que eu imagino que são referências a jogos de corrida clássicos (ou talvez à série Horizon Chase, mas só consigo identificar o carro vermelho inspirado em OutRun) através dos carros e nada mais – o resto é exatamente igual ao primeiro Top Racer. Eu entendo a ideia: Você pega um clássico e coloca algo diferente nele pra dar um sabor a mais à coletânea em geral, e eu entendo por que o primeiro jogo foi escolhido. Eu só queria que eles tivessem escolhido um receptáculo melhor para isso. Do jeito que está? Não, obrigado. Eu passo.

TOP RACER COLLECTION: OS BONS, OS MAUS E OS FEIOS

Por fim, falemos do que talvez possa ser a parte mais importante para alguns dessa coletânea: Como o pacote completo foi estruturado, como é a emulação e que novas coisas a coletânea em si traz. Além das campanhas principais de cada jogo, Top Racer Collection traz a opção de jogar cada um dos jogos em uma só corrida onde você escolhe uma dificuldade, quais melhorias quer (caso o jogo permita) e joga rapidamente, um modo de corrida contra o tempo para você competir para o melhor tempo em qualquer corrida contra você mesmo ou contra outros oponentes globalmente, um modo de copas customizadas para criar suas próprias copas com as pistas do jogo que você selecionou, e um modo para jogar online onde você cria sua própria sala ou entra em salas de outras pessoas para competir online ao mesmo tempo, algo que, ao menos de minha experiência, foi impossível, porque nunca consegui achar uma única pessoa online para jogar. Achei pessoas nos placares de líder, mas para jogar online? Nem mesmo uma. Portanto, não posso dar a minha opinião sobre a quantas anda o modo online. Em termos de filtros para emulação, temos o que tem que estar ali – linhas de varredura, tamanhos diferentes para a tela, planos de fundo diferentes (ou nenhum plano de fundo), tudo ok – mas quando selecionei a opção “aleatória” para os papeis de parede, não pareceu funcionar.

As campanhas contam com um sistema de salvamento de jogo onde ao fim de cada copa o jogo salva automaticamente o seu progresso, sem a necessidade de digitar as senhas do jogo, e se você quiser, você pode salvar a qualquer hora com o uso de save states com três espaços para estes. O que acho estranho é que apesar de a decisão de não precisar das senhas por salvar automaticamente ser algo naturalmente mais cômodo, Top Racer Collection não te dá nem a opção de colocar uma senha, mesmo ela aparecendo entre as copas. E mais, o jogo nem te deixa ver a tela de início de cada um dos jogos – você navega os menus da coletânea até o início da corrida, e quando a corrida começa, a emulação começa, como o jogo começasse ali. É no mínimo discordante e não só tira um pouco do charme e autenticidade de ligar o jogo e ver a tela inicial, ouvir a música e começar a embarcar na jornada nostálgica que Top Racer Collection claramente quer ser, como tira a possibilidade dos jogadores de desvendarem coisas como cheats e outros bônus e easter eggs possíveis dos jogos. Uma opção mais ideal seria como a Mega Man X Legacy Collection fez, de você poder entrar na tela de pôr a senha e ter um botão para o jogo pôr a senha para você ou simplesmente ter a opção de carregar o jogo ou de ir para a tela principal. A ausência disso nos três jogos é mecanicamente pouco importante, considerando que o mais importante é que a emulação rode bem e sem lag (o que, tirando o lag natural desses jogos no Super Nintendo, está bem feito) mas bizarra para o pacote.

Funciona, mas…

A coletânea também possui uma galeria com as músicas dos três jogos e arte das caixas e manuais dos três jogos, mas um detalhe: as três estão em japonês, o que de certa forma concorda com o nome da coletânea, já que Top Racer é o nome em japonês (exceto para o terceiro jogo), e isso me deixa pensando se a ausência das telas iniciais de cada jogo e a utilização do nome Top Racer em vez de Top Gear não tem a ver com algum fosso perigoso de direitos autorais. É um mistério que talvez a QUByte saiba elucidar, e se for esse o caso, é entendível, mas uma pena que tivemos que sacrificar um pouco de autenticidade, e em vez disso temos que ficar com menus incrivelmente estéreis que nos são fornecidos. Lembra que falei de acessar os manuais a qualquer hora do menu de pausa? Então, não são os manuais originais, e em vez disso, uma tradução usando os fundos de menu genéricos que são usados para a coletânea, o que funciona, eu suponho, mas fica bem sem vida, diferente dos manuais cheios de detalhes em papel, uma arte perdida para o tempo porque custos precisavam ser cortados. Música e visuais destes menus são passáveis, e com certeza não o ponto principal das coletâneas, mas como falei, bem genéricos e estéreis.

AFINAL, ESSE JOGO É PRA MIM?

Top Racer Collection é uma coletânea que é composta de um jogo de medíocre-pra-ruim, um jogo bom e um jogo muito bom (Crossroads? O que é isso?). A emulação não apresenta problemas técnicos mas visualmente não tem metade do charme que outras coletâneas tiveram o cuidado de fazer e omite algumas partes dos jogos. É uma boa coletânea – não ótima, não ruim – e creio que valha a pena experimentar, mesmo que seja unicamente pra ver como jogos de corrida eram antigamente, ser apresentado a Top Racer 3000 ou ver que Top Racer 1 não é tão bom quanto você pensava.

Se você tem nostalgia pelo primeiro jogo, você provavelmente já comprou a coletânea, e a única coisa que te sugiro é que você também jogue Top Racer 2 e 3000. Se você não tem essa nostalgia e ainda está curioso, recomendo com um pouco de cautela – talvez em uma promoção, já que o jogo custa o mesmo valor de Horizon Chase Turbo, um jogo que, ao meu ver, é tudo que Top Racer fez bem mas ainda melhor e sem quase nada das falhas.

Top Racer Collection é uma volta interessante a jogos de corrida de outrora que lembra que algumas coisas merecem ser re-jogadas, outras merecem ser descobertas e outras é melhor deixar no passado. É uma coletânea de jogos diretos que são produtos de seu tempo mas ainda conseguem ser divertidos: em seu pior, são frustrantes e repetitivos, e em seu melhor, são uma maneira intensa e nostálgica de passar uma tarde.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

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Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm