Análise: Sonic Forces - Neo Fusion
Análise
Sonic Forces
10 de março de 2020

Em 2016, um texto rondou o ciclo de jogos da internet brasileira falando em seu conteúdo que “Sonic nunca foi bom”. Quatro anos depois, essa impressão continua sendo a principal para muita gente, mesmo que ainda exista um grande confronto retórico entre os que concordam com aquele texto e os que acharam um monte de lixo tóxico. Em 2017, tivemos por alguns meses uma refutação do texto quando Sonic Mania saiu e foi aplaudido por todos como um jogo excelente. Com a imagem momentaneamente recuperada, a franquia viveu um período de paz por aproximadamente três meses… até que Sonic Forces saiu.  

No papel, Forces tinha tudo para ser talvez não tão bom quanto Mania, mas no mínimo se igualar a Sonic Generations, último jogo da franquia a seguir a fórmula 3D popularizada no DreamCast em 1999. Lá estavam o Sonic Clássico e seu gameplay 2D mais uma vez, o Sonic Moderno e suas altas velocidades — com curvas que mais parecem uma pista Hot Wheels do que um level design propriamente dito — e a grande adição deste novo jogo: a criação de um avatar como um dos animais do mundo do ouriço! Considerando a quantidade de imagens em sites de fan art fazendo suas próprias versões no universo da franquia, não há como negar que, sim, era uma ideia bacana.

Sonic Generations e Sonic Mania provaram que a franquia só precisa de um level design inteligente para se juntar com sua jogabilidade e se tornar algo funcional e, por que não, empolgante. Acreditava-se que a SEGA e a Sonic Team já haviam entendido isso. Pois bem, já em Green Hill Zone, a primeira fase do jogo, você conclui que não smente deixaram de entender como também foram na direção completamente oposta. Sonic Forces é uma atrocidade.

Cadê o meu jogo de plataforma?

A Green Hill Zone do pioneiro Sonic The Hedgehog (1991) é a fase que introduziu ao mundo o ouriço azul. Existem várias documentações explicando que os desenvolvedores do jogo se dedicaram mais a ela do que às outras fases do jogo por pensar que “a primeira impressão é que a fica”. Ela foi funcional nesse objetivo, fazendo muitos virarem fãs por imaginarem e jogarem ad infinitum somente aquela fase e descobrirem suas várias rotas e segredos. Green Hill acaba sendo usada em vários jogos da série e sempre traz no pacote uma dose de nostalgia, como se a Sega estivesse falando para o jogador: “Sabemos o que fez você amar esse jogo”.

Chegamos em sua iteração mais atual, Sonic Forces, e é claro que eles estão tentando apelar para essa frase novamente — com uma alteração a partir do primeiro checkpoint da fase onde ela vira uma fase de areia. Bege, desprovida de emoção, a Green Hill aqui presente não tem desafio, não tem caminhos, não têm descobertas nem tampouco adrenalina. Ela é só uma pista para você apertar para frente no analógico e eventualmente o botão de pulo. 

“Mas Sonic, independente do jogo, não foi sempre assim?”. Não. Pegue alguns outros exemplares da franquia e você verá que as ações de analisar o ambiente, entender onde pular e onde chegar são calculadas pelo jogador. O que se encontra aqui é algo sem cálculo e sem vontade, é um simples espetáculo visual. Você deve correr rápido e só isso, não importa para onde. Esse é o gameplay do Sonic Moderno. Vale destacar que, embora eu fale de Green Hill, isso se faz presente em todas as fases. Green Hill só é mais fácil de ilustrar pelo legado do nome mesmo.

Chegando ao Sonic Clássico, o jogo se parece um pouco mais com os clássicos e positivos da franquia — porém a física do pequeno ouriço e os próprios desafios das fases não cooperam. Existem momentos inspirados, mas eles passam tão rápido que o jogo rapidamente se torna muito mais um “nossa, isso poderia ser tão bom” do que um “nossa, isso realmente é muito bom.”. Não ajuda lembrarmos que, no mesmo ano, tivemos Sonic Mania, que mostrou onde pode chegar a jogabilidade do azulão clássico.

E, para finalizar o trio de gameplay, temos o avatar. Existe uma certa customização de roupas e equipamentos, mas, no fim, ele só é um Sonic Moderno mais lento. A forma na qual você ataca é a mesma (inclusive, só a animação mudando para ser você fazendo uso do seu gancho em vez de virar uma bola igual ao Sonic). As fases do avatar tentam aproveitar um pouco da velocidade reduzida e introduzir pequenos desafios de plataforma, mas passam rápido e, quando você cai em si, estará limitado em um dos dois tipos de desafios: uma parte de corrida quase automática ou uma sala que você tem que vencer todos os inimigos. É triste.

Legado morto

Quando aquele texto de 2016 falando que a franquia nunca foi boa saiu, a série obviamente não estava nos seus melhores momentos. Um ano depois, com a chegada de Mania, parecia que uma reerguida se aproximava — afinal, por mais que existam dúvidas em várias vertentes, é inegável que os jogos do Mega Drive introduziram uma gama enorme de conteúdo para a grande caixa de ferramentas dos jogos de plataforma. Além disso, Sonic Mania, além de um tributo para os fãs, parecia a cada fase querer resgatar mais esse legado e, quem sabe, adicionar novas ferramentas.

É uma pena que Sonic Forces, vindo pouco mais de três meses depois de Mania, sendo muito mais "marketeado" do que ele e aparentando muito mais ser o jogo principal da franquia daquele ano, conseguiu jogar essas ambições de reerguer a série num grande lixo até o presente momento. Quando se fala de Forces é impossível falar só do jogo: infelizmente é necessário abordar seu efeito em uma franquia já debilitada. Agora, basta ver o que o futuro pós-filme reserva para o raio azul.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm