Opinião: The Walking Dead: The Final Season foi o jogo certo no momento errado - Neo Fusion
Opinião
The Walking Dead: The Final Season foi o jogo certo no momento errado
27 de março de 2020

Tenho que admitir: mesmo sendo daqueles que continuou comprando os jogos da Telltale Games após o sucesso da primeira temporada de The Walking Dead, há tempos não fazia mais questão de jogar tudo o que saia no lançamento. Se a saga dos zumbis ainda era algo que eu seguia constantemente — mesmo com o sofrível The Walking Dead: Michonne na conta —, nem mesmo jogos estrelados por Batman ou pelos Guardiões da Galáxia me animavam.

Isso porque, ao mesmo tempo que o estúdio conquistava o direito de trabalhar com propriedades cada vez mais distintas, os jogos da Telltale se tornavam cada vez mais iguais. Não havia conflito ou surpresa: eram todas histórias extremamente lineares (umas melhores, outras piores) que acabavam sendo, em última instância, uma coleção de falsas escolhas.

Ironicamente, a Telltale teve seu fim decretado justamente quando parecia estar trabalhando para corrigir esse rumo que resultava em cada vez menos popularidade. Fui daqueles que se empolgou com a chegada de The Walking Dead: The Final Season e jogou o primeiro capítulo no lançamento, mas acabei deixando qualquer coisa da empresa de lado após ela decretar falência — muito disso também como resultado das revelações das condições absurdas às quais ela submetia seus funcionários.

Somente mais de um ano depois é que consegui vencer esse “ranço” com a empresa e finalizar o jogo, aproveitando para também emendar a segunda temporada de Batman: The Telltale Series no processo. Sinto que a espera foi bastante válida e me permitiu absorver de maneira mais apropriada o fim da história de Clementine.

Não coincidentemente, o derradeiro capítulo da história da garota traz reflexos da situação pela qual a desenvolvedora passou. Presa pelo sucesso do passado, ela aqui quer provar que consegue superar a trama de Lee — reaproveitando e, em alguns momentos, espelhando o que deu certo anteriormente. O time de criadores também consegue mostrar que é possível descartar o que já não funciona mais e deixar sua maior obra descansar.

Não vou entrar em pormenores sobre o que é a conclusiva última entrada da série de jogos The Walking Dead — até porque já faz um tempo considerável que ele saiu. Em resumo, a fórmula básica continua quase a mesma, com uma diferença brutal em relação às temporadas mais recentes: aqui temos personagens de verdade, especialmente na figura de JD.

Se durante a segunda e terceira temporada ele era nada menos que um “McGuffin” — quase um objeto que servia de modificação para Clementine —, aqui ele finalmente ganha personalidade. Em meio a diversos avisos de que “ele vai lembrar disso” ou que “ele observa tudo o que você faz”, o jogador vai moldando o que o garoto faz e como ele reage. Não de uma maneira determinista, como no passado, mas de um jeito que convence e mantém a “ilusão” que a Telltale há tempos não conseguia manter.

O roteiro tem em sua vantagem o fato de poder ser “definitivo” em suas respostas e decisões. Enquanto no passado existia a certeza de que Clementine poderia sofrer perdas e problemas, de que ela sempre estaria totalmente segura, aqui essa sensação não existe. E o jogo faz questão de deixar isso claro, colocando ela e seu novo grupo formado por crianças rebeldes em situações cada vez mais desesperadoras.

Enquanto o roteiro toma caminhos ambiciosos e quebra expectativas, infelizmente a parte do gameplay é mais conservadora — ao menos nos episódios finais. Fica claro que os dois últimos dos quatro capítulos tiveram orçamento mais reduzido graças à lamentável e polêmica situação envolvendo as demissões da Telltale — a trama só foi finalizada devido aos esforços da Skybound Games, que reuniu parte da equipe que havia sido demitida para dar um fim devido a Clementine.

Isso quer dizer que, enquanto a desenvolvedora é mais experimental em seus ângulos de câmera e traz até algumas mecânicas mais próximas a jogos de tiro em terceira pessoa, a essência da experiência é parecida com a do primeiro The Walking Dead. Assim, a maior parte do tempo você ainda vai selecionar entre quatro tipos de reações (incluindo o silêncio) e encarar alguns quick time events, muitos deles com consequências mortais para quem falha.

The Walking Dead Telltale

O resultado é um game que, se não tira totalmente o desconforto em relação a essa história — especialmente em relação aos executivos que levaram a empresa para o “buraco” —, serviu para renovar meu interesse pelo catálogo da Telltale. Pena saber que, no momento em que ela finalmente se via livre para experimentar e deixar certas tradições para trás (incluindo sua obsoleta engine), o fim chegou de forma brutal.

A desenvolvedora tecnicamente voltou a existir, mas somente para fazer “trabalhos sob demanda” e sem a mesma influência do passado. Há rumores de que séries como o esperado The Wolf Among Us 2 podem voltar, mas ainda estou no momento de encarar isso com certa reticência. Mas, se a “nova Telltale” não der certo, ao menos a original, que cativou muita gente em 2014, chegou ao fim provando que ainda podia ser relevante e ter ideias originais.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm