Análise: Doom Eternal - Neo Fusion
Análise
Doom Eternal
1 de abril de 2020
Cópia digital da versão de Xbox One do jogo gentilmente cedida pela Bethesda Brasil.

O pseudo-reboot de Doom, lançado em 2016, foi uma agradável surpresa. Muitos esperavam apenas um jogo de tiro em primeira pessoa genérico aproveitando o legado da franquia que estabeleceu o gênero, mas, contrariando as expectativas, recebemos uma lição de design para shooters contemporâneos. Além de um combate rápido, violento e satisfatório, o jogo contava também com fases repletas de pequenos segredos e um compromisso respeitável à taxa de quadros alta.

Doom Eternal chega quatro anos depois para continuar essa experiência. De forma geral, funciona tão bem ou melhor que seu antecessor; o jogo é mais rápido, demônios são ainda mais abundantes e as fases são surpreendentemente grandes.

Inferno na Terra

A mais óbvia mudança em relação ao jogo anterior é a ampla variedade de cenários. Enquanto o jogo de 2016 se passava quase inteiramente em Marte e no Inferno, Eternal visita a Terra, estações espaciais e dimensões alternativas, usando uma paleta de cores mais ampla — os pixels vermelhos da sua TV agradecem. As fases também são substancialmente maiores do que antes, às vezes passando por vários ambientes diferentes, com colecionáveis em quase todos os lugares e salões enormes para festejar com os amigos demônios. Isso dá uma magnitude imponente ao jogo, mas nem sempre o resultado é bem-vindo: eu gostava das fases relativamente menores, mas densas, com caminhos que iam e voltavam e progresso que era determinado por itens e habilidades. Algumas fases de Eternal seguem esses princípios, mas muitas são mais lineares, ainda que sem ser um corredor. Outra consequência é que os segredos são um pouco mais óbvios.

Em geral, o jogo tenta expandir a fórmula estabelecida em 2016, mas sem mudá-la drasticamente. Por exemplo, a maioria das armas e seus acessórios são os mesmos de antes, e todos continuam divertidos de usar. No combate, é claramente notável que a quantidade de demônios aumentou bastante, e agora há um incentivo para usar acessórios e habilidades de formas mais específicas: um glory kill restaura a vida do Doomslayer; usar o lança-chamas restaura o escudo; matar um inimigo com a motosserra dispensa munição; as granadas do tipo normal e de gelo ajudam a lidar com situações caóticas. Também temos agora um dash, que permite movimentação rápida e esquivas (junto a novos desafios de plataforma). Sempre há um motivo para usar as múltiplas ferramentas disponíveis, que são introduzidas aos poucos no começo do jogo para nos dar tempo de acostumar com cada um dos efeitos.

Alguns dos novos demônios e chefes me deram bastante trabalho para derrotar, e diversos deles exigem uma notável mudança de estilo de jogo — nem sempre a estratégia de ofensiva a todo custo é a ideal. Em alguns momentos, me senti jogando com combos e esquivas como em Devil May Cry, ou me vi abordando inimigos cautelosamente como em Dark Souls, mas no formato de um shooter. A variedade é bem-vinda, mas admito que alguns combates me deixaram com uma fadiga física. Por várias vezes eu passei de um trecho da fase e disse: “chega por hoje”. Mas jogá-lo na dificuldade mais baixa pode ser um bom exercício de quarentena: às vezes só precisamos rasgar uns demônios para nos sentirmos melhor.

Porém, nada dito aqui trouxe à tona as sensações que tive jogando Doom (2016) pela primeira vez. Havia um certo charme daquele jogo que foi perdido — todo o visual era mais satânico, as interações eram mais brutais, e a paleta de cores vermelha deve nos afetar também. Porém, mais do que isso, simplesmente não é mais a primeira vez. Batizo esse fenômeno de “síndrome Super Mario Galaxy 2“, que é definida quando uma continuação é tão boa ou até melhor do que o que veio antes, mas não tem o efeito surpresa para ajudar a impressionar.

Rip and Tear

O personagem Doomslayer é explorado de maneira interessante em Doom Eternal. Por um lado, muita personalidade é atribuída a ele de forma indireta. Por exemplo, na nave-mãe que acessamos entre algumas fases, podemos aprender sobre os gostos e hobbies dele através da decoração e das prateleiras. Em diversas cenas, sem emitir uma só palavra, Doomslayer mostra a sua convicção em salvar a Terra e a humanidade. Por outro lado, a história dá indícios de explicar melhor as origens dessa entidade, mas acaba ficando vaga demais. Eu não me importo particularmente com história nos jogos da franquia, mas penso que esse aspecto poderia ter sido melhor resolvido.

Por fim, eu quero falar um pouco sobre aspectos técnicos. Doom Eternal roda na idTech 7, que permite os ambientes enormes e repletos de inimigos rodando a 60 fps — ao menos no Xbox One X e PS4 Pro. Os consoles base sofrem um pouco, mas não ficam tão longe do alvo. Se você parar para observar bem, há alguns truques nas texturas para adicionar detalhes a cenários que seriam relativamente simples, mas essa ilusão funciona perfeitamente na velocidade normal do jogo (que é bem rápida). Outro aspecto impressionante da engine são as curtas telas de loading; nada absurdo, mas não nos desmotiva após as mortes e ajuda bastante no recurso de viagem rápida. Em todos esses aspectos, é uma demonstração do melhor que pode ser feito com o poder dos consoles atuais.

Quando eu crescer, quero ser como o Doomslayer.

Doom Eternal traz mais da ação frenética da série, adicionando variedade ao combate e magnitude ao mundo, sem mudar os fundamentos do antecessor. Nem todas essas mudanças são acertos, mas não deixa de ser um FPS imponente e um marco tecnológico da geração de consoles que está chegando ao fim.

Leia também

Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm