Desperados 3 é um exercício constante de tentativa, erro, frustração e vitórias. Para cada momento em que você se sente alguém incapaz de passar por um desafio, há outro equivalente em que tudo faz sentido, as peças se encaixam e você monta uma estratégia perfeita. Que provavelmente vai falhar na primeira vez, mas que acaba se mostrando bem-sucedida após alguns ajustes na execução.

Desenvolvido pela MIMIMI Games, que ganhou fama com Shadow Tactics: Blades of the Shogun, o game dá sequência a Cooper’s Revenge, lançado no distante ano de 2006. No entanto, os eventos que vemos acontecem antes daqueles vistos no primeiro jogo — o que pode ser um pouco confuso se você se atém somente ao 3 no título.

Na pele de John Cooper, o jogador encara uma jornada por redenção e vingança contra os responsáveis pela morte do pai do protagonista. Conforme a jornada progride, o jogador se une a quatro figuras — Doc McCoy, Kate, Hector e Isabelle —, cada uma contando com habilidades que ajudam a superar os quebra-cabeças e desafios que surgem.

Um puzzle game desafiador

Apesar de ser vendido como um jogo de estratégia em tempo real, Desperados 3 na verdade é um grande jogo de puzzles. Cada fase apresenta um desafio geral, que exige a execução de uma série de pequenos passos para ser finalizado. Em uma delas, por exemplo, seu objetivo é derrubar uma ponte. No entanto, antes disso, você vai ter que encontrar dinamite e eliminar os soldados que estão trabalhando na construção — e, depois disso, ainda há a tarefa de garantir um caminho seguro para o trem de fuga.

Esses grandes desafios intimidam bastante em um primeiro momento, e o segredo para vencê-los é entender a forma compartimentalizada como o jogo se propõe a funcionar. Cada um deles é, na verdade, uma série de pequenos quebra-cabeças que o jogador precisa resolver aos poucos, e cada parte que “clica” acaba facilitando lidar com as demais.

Busque sua própria solução

Felizmente, isso não significa que há uma única solução ou meio de encarar os obstáculos que estão no caminho. Embora em geral Desperados 3 desencoraje um estilo de jogo pouco furtivo, isso não se mostra um limitador. Há sempre mais de uma solução para encarar os desafios, e são raras as vezes em que somente uma resposta está correta, o que torna bem legal trocar experiências de jogo com outras pessoas.

No exemplo da dinamite, por exemplo, foi oferecida a oportunidade de pegá-las em uma região de minas ou em um depósito próximo a um local de treino de tiro. Enquanto eu consegui o objetivo indo em direção ao depósito, outro jogador que teve acesso antecipado ao jogo e com quem conversei sobre achou mais fácil ir às minas — e em ambos os casos o jogo se adaptou a diferentes estratégias e funcionou muito bem.

Com isso, aquele efeito de “droga, eu devia ter pensado nisso” quando alguém conta como fez para passar por um trecho é constante, incentivando a experimentação. Não que isso signifique que o game está imune a certos defeitos: táticas “manjadas” do gênero stealth, como assobiar para chamar a atenção de um inimigo e diminuir a densidade de um grupo, funcionam tão bem aqui quanto no passado.

Isso não quer dizer que Desperados 3 é um jogo fácil: seus erros — e eles vão ser constantes — cobram caro, e os personagens disponíveis são bem frágeis e suscetíveis a danos por disparos. Não à toa, uma das primeiras coisas que você aprende é a usar os botões de “Quick Save” e “Quick Load”: confie em mim, o uso deles vai ser muito mais constante do que o uso de armas de fogo em sua aventura.

Um jogo tenso e desafiador

Essa dinâmica de tentativa e erro constante acaba fazendo com que o jogo seja um tanto “tenso” e, particularmente, eu não o recomende para sessões longas para quem sofre de ansiedade ou questões do tipo. No entanto, isso não é algo necessariamente negativo: quando tudo “clica” e você chega no final da fase sem ser visto nenhuma vez e matando todos os alvos, a dose de prazer e recompensa é alta.

A própria MIMIMI sabe da versatilidade de seu jogo e propõe sempre uma série de desafios que rendem alguns selos especiais — como terminar uma fase sem matar ninguém, por exemplo. Eles sempre variam e, em alguns casos, são contraditórios: ou seja, você vai ter que jogar as fases mais de uma vez se quiser fazer 100%.

Talvez o mais “desmotivador” desses seja sempre o desafio de speedrun. Quando você demora mais de 2 horas para fazer uma fase e é desafiado a terminá-la novamente em menos de 15 minutos sem salvar nenhuma vez, é difícil não se sentir um tanto incapaz. Felizmente, o jogo nunca trata isso sob esse ângulo: os desafios secundários são somente isso, secundários, e não influenciam em nada na experiência de quem deseja jogar de forma mais calma e reflexiva.

Ainda não cheguei ao final de Desperados 3, portanto deixo aqui apenas minhas primeiras impressões. No entanto, as 10 horas que já dediquei ao jogo são suficientes para recomendá-lo e dizer que os fãs dos títulos originais não vão sair decepcionados desse “revival”. Em breve deixo aqui um relato completo e vocês vão poder conferir a nota do Neo Fusion para o novo trabalho da MIMIMI Games.