Análise: Avowed mostra a Obsidian em sua melhor forma - Neo Fusion
Análise
Avowed mostra a Obsidian em sua melhor forma
13 de fevereiro de 2025
Jogamos Avowed no PC com um código fornecido pela Microsoft

Apesar de a Microsoft nos ter fornecido acesso antecipado a Avowed com certa antecedência, devo confessar que não consegui terminar o game a tempo de sua estréia. Ao mesmo tempo, também devo admitir que, após passar diversas horas no universo do RPG, eu não tenho realmente o desejo de que ele acabe.

Isso porque o novo título, que chega nesta quinta-feira (13) ao Acesso Antecipado do PC e do Xbox, mostra a Obsidian em sua de suas melhores formas. Além de trazer uma narrativa forte e o bom desenvolvimento de personagens pelo qual o estúdio se tornou famoso, o game também acompanha um sistema de combates muito divertido.

Avowed é uma viagem às Terras Vivas

Embora Avowed aconteça no mesmo mundo da série Pillars of Eternity, não é preciso ter conhecimentos anteriores sobre ela para conferir a nova aventura. Tudo o que é preciso saber é explicado logo nos primeiros momentos do jogo, quando você é convidado a criar um personagem personalizado.

O protagonista é um representante do Imperador na região conhecida como Terras Vivas, que tem fama de ser um lugar sem muitas regras ou presença de autoridades — o que é tanto bom quanto ruim. Sua missão é viajar até o lá para investigar uma praga misteriosa que está interferindo com o comportamento dos habitantes locais e fazendo com que eles ajam de maneira muito agressiva.

No entanto, essa missão não é tão simples quanto pode parecer em um primeiro momento, graças a algumas complexidades adicionais do roteiro. Entre elas está o fato de que o personagem controlado foi abençoado por um deus desconhecido, característica que se manifesta em marcas físicas parecidas com um fungo.

Esse fato, somado com a resistência da população local a figuras de autoridade, faz com que a visita às Terras Vivas não seja tão pacífica quanto poderia ser. Além disso, mesmo as figuras que também servem ao Imperador não se mostram tão cooperativas quanto o esperado — afinal, muitas delas estavam felizes com a falta de supervisão de suas ações.

Jornada acompanhada

Embora seja fácil traçar semelhanças entre Avowed e The Elder Scrolls V: Skyrim, especialmente devido à opção por uma câmera padrão em primeira pessoa, o RPG da Obsidian é bem diferente. Um dos primeiros exemplos disso vem do fato de que, logo no começo da aventura, o protagonista já encontra alguns companheiros em potencial para sua jornada.

Essas figuras, mais do que cumprirem objetivos mecânicos, também são essenciais para entender o funcionamento das Terras Vivas e o funcionamento do mundo em geral. Nesse sentido se destacam os companheiros mais fixos que são destravados após a introdução, que possuem uma profundidade impressionante.

Durante sua jornada, recomendo sempre aproveitar as pausas nos acampamentos para conversar com seus colegas. Além de darem dicas importantes sobre as missões futuras, eles também revelam mais detalhes sobre suas personalidades e motivações para acompanhar o protagonista — com o qual nem sempre concordam ou compartilham a mesma postura sobre o objetivo central.

A escrita de Avowed também é muito ajudada pelo fato de o game brincar com expectativas dos fãs de RPG tradicional e saber transformar objetivos comuns em situações interessantes. Logo no começo do jogo, podemos seguir uma missão secundária que envolve matar monstros que invadiram a casa de uma elfa — porém tudo fica mais complexo quando descobrimos que uma das criaturas não somente é pacífica, como parece ter se virado contra seus semelhantes.

Diante dessa situação, cabe ao jogador decidir qual o melhor caminho a progredir: matar a criatura mesmo assim, tentar recrutá-la como um aliado ou pressionar a elfa que deu a missão são algumas das alternativas. Embora nem todas as tarefas secundárias tenham a mesma complexidade, surpresas do tipo acontecem com frequência suficiente para fazer o RPG se destacar entre seus semelhantes.

Enfim um combate em primeira pessoa que funciona

Talvez o melhor mérito de Avowed, e justamente o elemento que mais o diferencia de Skyrim, é o fato de que seu combate tem peso, complexidade e é simplesmente muito divertido. O maior mérito do estúdio vem do fato de que tudo funciona muito bem, seja usando a perspectiva em primeira pessoa padrão ou a visão em terceira pessoa opcional.

Enquanto o jogo pede que você escolha as características iniciais de seu personagem, ele oferece flexibilidade suficiente para que o jogador use diferentes tipos de armas e ajuste seus status de maneira a seguir caminhos específicos. Eu optei por criar um guerreiro tradicional, de espada e escudo, mas que também traz uma varinha e um livro de magias no slot de armas secundário — e jogar dos dois modos é muito prazeroso.

Os golpes e magias disponíveis têm um bom impacto sobre os inimigos, que também trazem uma boa variedade de ações e são bem distribuídos pelos mapas. Avowed também traz chefes bastante interessantes e que não são meras “esponjas de balas”, exigindo o uso estratégico de habilidades — e poderes de aliados — para serem derrotados.

Quando seu personagem sobe de nível, há a sensação de que as novas habilidades destravadas são significativas, dado que todas elas têm um efeito substancial sobre as ações em tela. E elas também mantém a mesma flexibilidade dos status e do sistema de equipamentos, permitindo que personagens “multiclasse” funcionem tão bem quanto aqueles que são altamente especializados em uma única função.

Avowed deixa vontade de querer jogar mais

Para não dizer que tudo é perfeito em Avowed, é preciso fazer algumas críticas a um aspecto único de seu visual. Rodei o game no PC com configurações altas e ray tracing ligado, o que me permitiu aproveitar a aventura a 60 FPS estáveis na resolução 1440p usando uma máquina boa, mas que já tem certa idade: uma CPU Core i9 9900K, uma RTX 3080 e 32 GB de RAM.

Avowed mostra a Obsidian em sua melhor forma

Enquanto o hardware segurou bem o jogo, a aventura ficou marcada por “fantasmas” de movimento muito incômodos, que se tornaram especialmente notáveis no modo de terceira pessoa. Mesmo mexendo nas configurações do game e reduzindo ao máximo o efeito de desfoque de movimento, a questão permaneceu e se tornou uma distração em vários momentos.

Felizmente, apesar dessa questão, toda sessão de Avowed terminou com a sensação gostosa de que voltar ao game futuramente traria algo interessante ou divertido. Assim, os únicos motivos para não ter finalizado a aventura até agora foram alguns conflitos de agenda e o fato de que quero aproveitar o RPG ao máximo, sem o desejo de correr até seu fim para “se livrar” dessa tarefa.

Embora esse texto ainda possa ser considerado tecnicamente somente uma "primeira impressão" do novo jogo da Obsidian, ele também traz uma recomendação. A não ser que a aventura piore de maneira significativa em sua reta final — o que parece bastante improvável —, já posso recomendá-lo sem qualquer objeção tanto para quem é fã do estúdio quanto para quem busca por um RPG de ação gostoso de jogar e com uma história intrigante de acompanhar.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm