Análise: Cyber Shadow - Neo Fusion
Análise
Cyber Shadow
5 de fevereiro de 2021

Enquanto eu jogava Cyber Shadow, perguntei para a minha namorada: “quando você acha que este jogo foi lançado?” Ela, que não é nenhuma especialista na história dos videogames, respondeu, confusa, “1980?” Em seguida, se recusou a acreditar quando eu disse que o jogo havia sido lançado em 26 de janeiro de 2021, exatamente o dia no qual aquele diálogo aconteceu.

De fato, Cyber Shadow é um jogo com estética retrô autêntica — estilo visual que se tornou muito popular na época da explosão dos indies, mas que hoje já não é mais tão comum. Bastam alguns instantes para perceber que este não é um game que realmente rodaria em um NES, mas é capaz de manter essa ilusão ao longo de uma sessão de jogo.

Um início lento

Um jogador desavisado pode achar que Cyber Shadow trata-se de um Ninja Gaiden novo — mas obviamente não uma continuação da trilogia dirigida por Tomonobu Itagaki. O Ninja Gaiden original, lançado há 32 anos para o NES, é a inspiração mais óbvia para o design de Cyber Shadow. Afinal, controlamos um ninja em um ambiente 2D e devemos superar uma série de desafios de plataforma enquanto derrotamos inimigos variados com nossa fiel katana.

Porém, essa certamente não é a única inspiração. O level design e os encontros com chefes têm um quê de Mega Man; o ritmo da progressão nos lembra de Castlevania; e o empoderamento do personagem ao longo da campanha remete a Metroid. Me refiro sempre às encarnações originais dessas franquias, jogos contemporâneos à Ninja Gaiden.

Apesar de tantas inspirações, demora um pouco para o game revelar tudo isso ao jogador. Para o meu gosto, as primeiras fases parecem demais um jogo de NES. Nosso personagem é relativamente fraco e conta com poucas opções de ataque, defesa e mobilidade. Isso nos força a abordar encontros de forma bem estratégica, pois o posicionamento de cada elemento em tela pode ser a diferença entre derrotar um inimigo ileso ou perder um bom tanto de vida.

Admito que essa não é minha forma preferida de jogar um título assim, especialmente quando o protagonista é um ninja que deveria ser ágil e habilidoso. Por sorte, isso começa a mudar depois de duas ou três fases (das 11 disponíveis). Aos poucos, montamos um arsenal de habilidades que permite atacar à distância, escalar paredes e defletir projéteis.

A habilidade de parry rapidamente tornou-se o destaque do jogo para mim. Para usá-la, devemos dar um rápido toque no D-pad em direção a um projétil prestes a nos causar dano. Em seguida, uma espadada retorna o projétil na forma de uma bola de energia. É o tipo de mecânica risco-e-recompensa que eleva jogos de ação e torna cada encontro muito mais dinâmico e reativo.

Um final dinâmico

Cyber Shadow claramente não é um metroidvania, mas essa progressão de habilidades dá a sensação de evolução que adoro do gênero. As fases são lineares, mas sempre contêm alguns segredos que ajudam a aprimorar ainda mais o personagem. Nem sempre podemos acessar esses segredos na primeira vez, mas é possível retornar às fases anteriores para explorar tudo, embora isso seja completamente opcional.

Além das habilidades permanentes, em diversos momentos podemos obter também power-ups temporários, que desaparecem se tomarmos dano três vezes. O primeiro desses poderes é um extensor de lâmina — útil, mas não particularmente interessante. Outros deles são muito divertidos de usar, incluindo um escudo que também serve de projétil, uma shuriken que fica circulando o personagem e pode ser usada para destruir inimigos distantes e uma arma que carrega automaticamente e dispara quando atacamos.

Isso tudo garante ainda mais variedade ao jogo, mas, infelizmente, esses poderes só podem ser encontrados em lugares específicos da aventura. Geralmente eles são gerados por estações de save, mas cada estação só pode produzir um tipo de power-up, então o jogador não tem a opção de escolher o que acha melhor para cada ocasião.

Falando nelas, cada estação de save pode ser aprimorada com pontos que adquirimos ao longo das fases, mas essa uma mecânica se mostra um pouco estranha. Aprimorar uma estação só é útil se morrermos várias vezes na seção de jogo seguinte, então é bastante difícil saber quando o upgrade vale a pena ou não. Por sorte, os pontos não são difíceis de conseguir e eu sempre tive o suficiente para fazer os aprimoramentos que quis.

Mesmo com todos os poderes e habilidades, há mais de uma situação frustrante no jogo e devemos estar preparados para repetir a mesma seção múltiplas vezes. As estações de save são frequentes, mas não tanto a ponto de desfazer o peso de cada morte. Mas isso é realmente por design: a ideia é que, após tantas repetições, conseguiremos fazer aquele trecho do jogo com certo domínio e, ao encontrar a próxima estação, podemos respirar fundo e relaxar.

De fato, o jogo tem vários elementos que parecem ser pensados para aqueles que desejam realmente atingir maestria nele. Chefes podem ser derrotados “com honra” (como eu geralmente fiz), mas um amigo meu encontrou várias formas de explorá-los para atingir uma vitória rápida. O mesmo vale para o bom uso das habilidades durante as fases, que me faz pensar que haverá uma forte comunidade de speedrun ao redor deste jogo. O mesmo amigo chegou a experimentar isso em alguns momentos e foi divertido ver como algumas fases, desafiantes de início, podem ser superadas de forma rápida, ágil e lisa com um uso esperto e criativo das ferramentas que o jogo oferece.

Cyber Shadow parece simples demais no início, mas após algumas fases revela sua verdadeira complexidade e variedade mecânica. Este não é apenas um tributo aos clássicos jogos de NES; é um ótimo jogo de ação e plataforma por si só e uma forte estreia para a equipe Mechanical Head.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm