Na apresentação Indie World da Nintendo este mês, Evergate passou meio despercebido pelos jogadores, mas me chamou a atenção em especial. Naturalmente, percebi primeiro sua estética, que remete a Ori, mas logo em seguida pelo estilo de jogo: uma combinação de puzzle e plataforma, dois dos meus gêneros preferidos. Claro, essa combinação não é única nem particularmente inovadora, mas enquanto a maioria desses jogos tendem mais para um lado ou outro, Evergate parecia atingir um bom equilíbrio.
Essa impressão persistiu quando eu comecei a jogar. Já no primeiro capítulo, enquanto me habituava às mecânicas e à lógica do jogo, entendi que eu iria gostar bastante dele. No começo as coisas são muito simples: usamos um raio de energia chamado “soulflame” para destruir cristais que nos impulsionam na direção oposta. Ou seja, planejamos pulos e usos do soulflame para poder atingir distâncias e alturas maiores.
A cada novo capítulo, um novo tipo de cristal é apresentado, sempre começando com fases simples para introduzir a mecânica e escalando para desafios cada vez mais complexo, envolvendo também os cristais de capítulos anteriores. A melhor parte é que os cristais nunca são explicados por texto: cada mecânica se torna aparente pela união do level design e intuição do jogador.
Além de alcançar a porta para a próxima fase, cada nível do jogo tem também três desafios opcionais: o primeiro é colecionar três itens espalhados na fase; o segundo é quebrar todos os cristais; e o terceiro é alcançar a porta dentro de um limite de tempo. Esses desafios adicionais fazem com que o jogador tenha que pensar cuidadosamente como vai prosseguir pela fase, e na sequência na qual cristais serão usados. Atingir esses objetivos também desbloqueia habilidades que podem ser usadas para facilitar o jogo. Só podemos equipar uma de cada vez, então cada uma é relevante em diferentes situações.
Porém, é fácil de notar que os dois primeiros desafios são um tanto contraditórios com o terceiro. Considerando isso, o que fiz foi primeiro focar nos colecionáveis e, ao final de cada capítulo, jogar as fases novamente otimizando velocidade. Creio que é possível atingir os três objetivos simultaneamente (eu fiz isso apenas duas vezes), mas isso requer bastante estudo e habilidade. Para mim, alcançar a porta o mais rápido possível se tornou uma outra camada de quebra-cabeça a ser resolvido.
O mais interessante do level design de Evergate é que, pela própria natureza das mecânicas, várias fases têm múltiplas soluções. Várias vezes percebi que eu estava fazendo algo que parecia ser fora das intenções dos desenvolvedores, mas que era a solução mais natural ou divertida para mim. Não vi as soluções de outros jogadores, mas creio que o jogo tem um bom potencial na comunidade de speedrunners, pois me parece que a otimização de caminhos requer bastante estudo.
Narrativamente, o jogo acompanha uma alma chamada Ki, que recentemente chegou ao mundo espiritual, mas descobrimos que Ki tem uma alma gêmea que já a acompanhou por diversas vidas. Os capítulos em si são memórias dessa outra alma, onde descobrimos eventos em diversas eras envolvendo as duas almas.
A apresentação da história não me agradou muito por um bom tempo, e eu estava preocupado que o final do jogo seria anticlimático e pouco satisfatório. Felizmente, posso dizer que isso não aconteceu: as últimas seções do jogo são desafiadoras, mas sem exageros, e usam tudo que foi ensinado até lá de forma competente. E, enfim, até a história das duas almas perdidas tem um desfecho agradável.
Outro ponto que merece menção é a trilha sonora, claramente composta e orquestrada com carinho. Cada música reflete a paz espiritual ou a ação presente em tela muito bem.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm