Análise: L.A. Noire - Neo Fusion
Análise
L.A. Noire
31 de outubro de 2022

Com enredo que se passa no período pós-Segunda Guerra Mundial, L.A. Noire coloca o jogador no controle do ex-combatente Cole Phelps, que entra para o Departamento de Polícia de Los Angeles, e, portanto, precisa investigar crimes variados que acontecem pela cidade. A premissa parece boa, até por fugir da tradicional violência desenfreada presente nos games, mas nem sua ótima tecnologia de expressões faciais consegue sustentar as longas horas de jogatina.

Não é o suficiente

L.A. Noire é um jogo de mundo aberto, e nele o jogador tem a liberdade de ir e vir para qualquer lugar, com praticamente qualquer veículo que encontre pelo mapa. A cidade de Los Angeles é incrivelmente bem representada, com construções e carros do final da década de 1940. O mapa é enorme e há detalhes para serem observados em todos os cantos, nada no cenário parece repetitivo.

O trânsito da cidade de Los Angeles da década de 1950, bem representado em L.A. Noire.

Há muitos detalhes na Los Angeles de L.A. Noire.

No entanto, a cidade é um elemento mal aproveitado no jogo, e o jogador só usará suas ruas para ir de uma missão a outra, muitas vezes levando preciosos minutos para chegar ao destino. Fora observar os detalhes de uma cidade antiga, não há nada o que fazer pelo mapa.

As missões são sempre iniciadas do mesmo lugar — a divisão do departamento de polícia para a qual o protagonista Cole Phelps está trabalhando no momento —, e o jogador é direcionado sempre para a cena de um crime já ocorrido. Lá, deverá analisar a cena em busca de pistas e então interrogar suspeitos e testemunhas. Para então ser enviado a outro canto da cidade (mais minutos perdidos)!

O protagonista de pé em um beco de uma vila do jogo.

O jogador é levado a ambientes diversos, todos muito bem detalhados.

No começo, as missões até parecem legais, mas logo o jogador percebe que praticamente todas elas são variações da mesma mecânica. Ao chegar em um novo cenário, o controle vibrará e aparecerá um sinal na tela sempre que o jogador estiver diante de uma nova pista, para que interaja e a adicione à lista de pistas do caso correspondente.

O tempo todo o jogo ajuda o jogador ao mostrá-lo os itens para interagir, em quais deles fazer uma busca minuciosa e até quais caminhos percorrer. O jogador se sente sendo guiado o tempo todo, como em um tutorial sem fim, mas que não explica as principais mecânicas. L.A. Noire não faz o jogador se sentir inteligente e resolver por conta própria suas investigações, como se esperaria de algo na temática de detetive.

Em vários momentos o jogador também analisará corpos das vítimas, mas L.A. Noire perde uma boa oportunidade de ao menos ensinar sobre questões de medicina legal. Basicamente o que se deve fazer é interagir com tudo disponível no cenário, ler o que foi anotado no caderno e partir para o próximo passo, que pode ser ir a outro local ou interrogar alguém. A sensação é de que o caso será solucionado de qualquer forma, e sobra ao jogador apenas avaliar seu desempenho ao final de cada um.

O corpo de uma mulher morta é parcialmente iluminado por uma luz ao chão; detetives estão próximos para iniciar a investigação.

Locais de crimes guardam muitas pistas, mas não há espaço para que o jogador resolva enigmas forenses.

Nos interrogatórios, o jogador fará uma pergunta pré-determinada, assistirá ao NPC respondê-la e, então, deverá dizer se a resposta foi verdadeira ou mentirosa, havendo ainda a possibilidade de confrontá-lo com alguma pista já encontrada. O jogador fará esse julgamento apenas por olhar as expressões faciais e a linguagem corporal do NPC, mas o jogo não traz nenhum tutorial de como fazer tais análises, e principalmente o começo do jogo será de puros chutes. Poderia ser algo inteligente, mas não é.

Homem sendo interrogado pelo jogador.

As expressões faciais são o destaque de L.A. Noire.

Em alguns momentos, entre uma missão e outra, o jogo tenta quebrar a monotonia ao colocar seções de tiroteio, de perseguição ou de luta corporal, às vezes de forma obrigatória, outras, opcional. Mas isso é mais um problema, já que estas partes são muito fáceis, e atirar, neste jogo, consegue ser mais entediante do que passear sem rumo pela cidade. O que era para servir como uma quebra do ritmo naturalmente lento de uma investigação se torna algo que atrapalha o curso do jogo.

Nova versão

L.A. Noire foi lançado inicialmente para PC, PS3 e X360, mas foi remasterizado para Switch, PS4 e XBO (além do PC, naturalmente). O jogo está bonito e utiliza bem as funções únicas do aparelho da Nintendo, como tela de toque, vibração háptica e sensores de movimento. Acontece que ou o pequeno híbrido não aguenta bem o jogo, ou este foi mal otimizado, mas fato é que o game parece rodar em câmera lenta com bastante frequência.

O detetive se abaixa para examinar uma mancha de sangue no chão; uma viatura da polícia aparece ao fundo da imagem; cenário de beco com acesso ao fundo de várias construções.

A Team Bondi, desenvolvedora, tentou fazer algo grandioso, mas lhe faltou grandiosidade, e sua fama, pelo visto, é resultado da participação da Rockstar na distribuição. L.A. Noire não roda bem no Nintendo Switch, mas também não se sustenta como um bom jogo nas demais plataformas.

Com uma boa tecnologia para expressões faciais, os desenvolvedores apostaram em um jogo de detetive promissor, mas que peca pela repetição das ações, além de parecer ser um passo grande demais para a Team Bondi. A Los Angeles do jogo é grande e bem detalhada, mas não há o que se fazer nela, e os momentos de perseguição, luta corporal e, principalmente, de tiro são sofríveis, além de imporem uma ação desnecessária ao game.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm