Shadow Warrior 3 é, provavelmente, o game mais satisfatório que joguei até agora em 2022. Desenvolvido pela Flying Wild Hog, o game parece ter sido desenvolvido com o propósito de responder às críticas ao capítulo anterior da série, ao mesmo tempo em que a direciona para um caminho mais direto no qual a diversão tem prioridade sobre escolhas de arsenal ou uma narrativa que se leva a sério.

O jogo começa com tudo dando errado para o protagonista Lo Wang, que vê o mundo sendo destruído por um dragão ancestral que ele ajudou a liberar acidentalmente. Junto a seu antigo empregador/arqui-inimigo Zilla, ele busca meios de deter a gigantesca criatura em um universo de fantasia com uma geografia esquisita cujo único propósito é oferecer desafios e soluções inteligentes de gameplay.

De certa forma, Shadow Warrior 3 me lembrou muito mais Doom (o remake de 2016) do que as versões anteriores da própria série. Isso porque, em sua essência, o jogo se trata de um “shooter de arena”, no qual os cenários das batalhas são intermediários por trechos de plataforma que desafiam o jogador a correr por paredes e se pendurar usando um gancho obtido logo no começo da aventura.

Shadow Warrior 3 traz yokais de montão

O principal atrativo do game surge na forma de seus inimigos. Aqui enfrentamos exclusivamente yokais, criaturas surgidas do folclore japonês que, embora tragam algum traço de humanidade, estão muito mais próximos de monstros assassinos na maneira como Shadow Warrior 3 os retrata.

Enquanto no começo você só enfrenta criaturas básicas, o jogo vai introduzindo inimigos “especiais” em ritmo constante. Cada um deles traz características de ataque próprias, bem como fraquezas que o jogador deve aprender a explorar para conseguir sobreviver — o que é fácil em um primeiro momento, mas se torna mais complicado conforme o número de adversários (e sua variedade) aumenta.

Próximo ao fim do jogo, não é incomum ter que encarar conflitos em que todos os tipos de inimigos surgem ao mesmo tempo em quantidades generosas, forçando o jogador a permanecer móvel e atento a cada uma de suas escolhas. Para compensar isso, o game fornece algumas ferramentas bem úteis desde seu começo: Lo Wang tem pulos duplos, pode correr pelas paredes e conta com uma seleção modesta, mas poderosa, de armas.

O protagonista também pode coletar dois tipos de orbes que podem ser acumulados e investidos em melhorias para seus equipamentos e para os status básicos do personagem. Ao fim da aventura, você pode transformá-lo em uma máquina de assassinatos capaz de recuperar energia automaticamente, retalhar inimigos com uma espada elemental e destruir rapidamente qualquer subchefe com uma espingarda que não precisa ser recarregada.

Longe de ser considerado um game considerado difícil, Shadow Warrior 3 consegue ser bastante desafiante em vários de seus trechos. Muito disso se deve ao fato de que todas as armas possuem quantidades bastante limitadas de munição, forçando o jogador a alternar constantemente entre elas — ou seja, mesmo que na marra, você vai acabar tendo que aprender a melhor forma de usar os equipamentos que menos combinam com seu estilo de jogo.

Shadow Warrior 3 é uma diversão rápida e eficaz

Minha principal reclamação em relação a Shadow Warrior 3 é o fato de que ele é um game especialmente curto, cuja campanha principal pode ser finalizada em uma única tarde com facilidade. Finalizei a campanha no modo de dificuldade normal em aproximadamente 7 horas, tempo que poderia ser ainda mais curto não fosse o que eu acredito ser um bug de programação em um de seus últimos capítulos.

Sem entrar em detalhes da trama, o trecho em questão se trata de uma sequência de plataformas nas quais o jogador deve acompanhar uma plataforma móvel. Nada dela é especialmente difícil, mas, sempre que chegava na parte final, o apoio que eu deveria acompanhar acelerava de maneira absurda e eu não conseguia alcança-lo, por mais que meu gancho fosse acionado assim que possível.

Após mais de uma hora de tentativas, só consegui passar desse trecho ao mudar as configurações do game (jogando no PC) e travando seu framerate a 30 quadros por segundo — o que deu certo logo de cara. Logo, só consigo acreditar que a velocidade de movimento do objeto estava ligada à taxa de quadros do jogo e o problema deve ser corrigido em alguma atualização futura.

Falo desse episódio em específico não como uma forma de desmerecer o jogo, mas sim porque ele foi a única vez em que Shadow Warrior 3 teve qualquer questão técnica. O game está muito bem otimizado no PC e traz de cara suporte às tecnologias FSR da AMD e DLSS da NVIDIA, garantindo taxas de quadro altas sem que isso exija muito do hardware.