Análise: The Artful Escape - Neo Fusion
Análise
The Artful Escape
16 de setembro de 2021
Análise redigida a partir da versão de PC disponível no Xbox Game Pass.

Pergunta comum a quem ainda está na infância, “o que você quer ser no futuro?” é algo que muitos adultos têm dificuldade em responder atualmente. Presos entre a necessidade de “pagar boletos” e corresponder a expectativas, dificilmente conseguimos fazer exatamente aquilo que desejamos como meio de vida — e as poucas exceções, normalmente, são usadas como prova de que o sistema desigual na verdade funciona, basta “querer” o suficiente.

Enquanto na vida real o conflito entre o que se quer fazer e o que é preciso para encarar o cotidiano nem sempre é resolvido — o que pode gerar uma série de problemas de ordem mental —, na ficção felizmente a história é diferente. Esse é o caso de The Artful Escape, game desenvolvido pela Beethoven and Dinosaur, que ganhou seu lançamento no dia 9 de setembro após um longo ciclo de desenvolvimento.

Nele, somos apresentados a Francis Vendetti, jovem violonista que inicia sua carreira como música sob a responsabilidade de um pesado legado familiar. Ele é sobrinho de Johnson Vendetti, um famoso artista folk que é reverenciado tanto por seu grande talento quanto pelo fato de ter morrido muito cedo, ambos elementos que colocam uma grande pressão sob seu sobrinho.

The Artful Escape

Na noite anterior à sua estreia como artista, o protagonista é surpreendido por uma série de acontecimentos inesperados. Convidado por uma figura misteriosa, ele embarca em uma espaçonave habitada por uma série de alienígenas que estão ali para ver os maiores shows que o Cósmico Extraordinário já viu, e cabe ao jogador entregar a eles justamente o que estão pedindo.

Uma jornada psicodélica

Jogar The Artful Escape é o equivalente a navegar pelos mundos pintados por Roger Dean, artista responsável pelas capas de álbuns de bandas como Yes, Gentle Giant, Uriah Heep e Asia. Viajando por mundo alienígenas que desafiam a lógica e recheiam a tela de cores, o game reflete em seus cenários a transformação interna pela qual Francis passa.

Enquanto na Terra o protagonista é forçado a seguir uma carreira folk que não deseja, fora dela ele pode revelar sua verdadeira personalidade como um prodígio da guitarra. Com solos complexos e melodiosos, ele se revela um verdadeiro showman capaz de usar seu talento para revolucionar civilizações intergalácticas e agradar até mesmo ao mais exigente dos alienígenas.

The Artful Escape

Com um roteiro compacto e direto, The Artful Escape não dedica muito tempo a debater os conflitos internos de seu protagonista, tampouco mostra momentos em que ele demonstra hesitação em mostrar quem verdadeiramente é. Livre de barreiras e em um universo em que todos o desconhecem, o músico revela seu verdadeiro lado que nada tem a ver com o legado de seu tio ou com o que esperam dele.

The Artful Escape

Na prática, o jogo é muito mais uma viagem por cenários lindos e com animações incríveis do que um desafio mecânico em si. O gameplay consiste em passar por cenários e pular sobre obstáculos simples, sem nenhuma punição por falhar — se você cair em um buraco, em questão de segundos é transportado para um checkpoint próximo. No entanto, essa simplicidade em nada tira o brilho da experiência, que é muito mais sobre ver e sentir do que sobre interagir. É mais ou menos como assistir a um bom concerto de música ou ouvir o melhor álbum de sua banda favorita usando um bom e confortável par de fones de ouvido.

The Artful Escape é sobre transformação

As transformações pelas quais os ambientes passam refletem o interior de Francis, que desabrocha como um artista completamente diferente do que era esperado dele. Até por isso faz sentido que o game escolha uma representação tão focada em elementos alienígenas: quem o protagonista é como músico é tão distante do universo folk que, para os fãs de seu tio que veem nele uma continuidade de seu legado, o som que é feito poderia muito bem ter sido fruto de outro mundo.

The Artful Escape

O que ajuda a aumentar o impacto dessa transformação, bem como as consequências que ela pode ter, é o elenco de coadjuvantes — todos eles passando por problemas de definição de imagem próprios. Temos a técnica visual que sabe que é boa, mas tem receio do que receber crédito por seu trabalho pode trazer, até a velha estrela do rock que, mesmo sabendo que seu auge já passou, se agarra com força ao passado, mesmo que isso traga riscos a uma nova geração de talentos.

Os conflitos que o elenco adicional enfrenta se relacionam muito bem com as transformações de Francis e, felizmente, não trazem respostas fáceis. Há o reconhecimento de que certas decisões são equivocadas ou que é preciso mudar, mas isso não necessariamente vem acompanhado de soluções fáceis ou transformações imediatas — o que ajuda a tornar tudo mais realista e relacionável.

The Artful Escape

O mesmo acontece com o próprio protagonista que, por mais que não demore a assumir “o que queria ser quando crescer”, nem por isso deixa de ter suas próprias dúvidas. No final, o jogo nos deixa com uma mensagem de esperança e que vale a pena apenas tentar uma mudança, especialmente quando a alternativa é uma vida aparentemente segura, mas medíocre e infeliz.

The Artful Escape é uma obra curta e envolvente, que será apreciada especialmente por quem é fã de música e gosta de experiências que fujam do lugar comum. Mais focado em passar sensações e em narrativa do que na parte mecânica, o game apresenta uma viagem visual e sonora memorável, que vale a pena ser conferida por todo mundo — especialmente por aqueles que assinam o Xbox Game Pass, no qual o título está disponível já em sua estreia.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm