Análise: The Quarry - Neo Fusion
Análise
The Quarry
3 de agosto de 2022
Cópia digital da versão de PS5 do jogo cedida pela 2K via Agência Masamune.

Quase sete anos após o lançamento do exclusivo de PlayStation 4, Until Dawn, a Supermassive Games está de volta para mais um jogo narrativo com escolhas envernizado com o bom e velho terror adolescente. Cheio de emoções, surpresas e muito, mas muito sangue, The Quarry chegou há poucas semanas e já é um sucesso na internet graças a seu gameplay simples, porém altamente personalizável a partir da tomada de decisões.

O elenco e a temática apontam para uma obra digna dos melhores slashers dos anos 1980, mas será que o jogo se equipara a um filme ou fica apenas no flerte com esse subgênero do terror? É dia de visitar um lugar para lá de esquisito ao lado de jovens adultos imaturos e indecisos.

A boa e velha história de terror tragicômico

O gênero de filmes de terror se manifesta, assim como seus próprios temas, de muitas formas há pelo menos 100 anos. Dentro elas, podemos destacar o terror psicológico, investigativo (ou terror de suspense), found footage, gore, trash e também o  famigerado sobrenatural — havendo a possibilidade de se misturarem entre si ou a outros gêneros cinematográficos como comédia ou drama. Mas existe um tipo que parece, ao mesmo tempo, ser para onde convergem e de onde divergem todos os outros estilos horripilates e repulsivos do terror: o slasher.

O terror em suas muitas formas no cinema. (Fonte: Rotten Tomatoes)

O terror em suas muitas formas no cinema. (Fonte: Rotten Tomatoes)

The Quarry dá o pontapé inicial a esse tipo de história a partir de seu prólogo. Somos colocados no papel de Laura que, acompanhada de seu namorado, Max, tem como seu próximo destino o acampamento de Hackett’s Quarry. A viagem é interrompida por algo misterioso que aparece na pista e desvia tanto a trajetória do carro quanto a atenção do casal. A partir daí, eles já não sabem mais se o que estão vivendo é realidade ou fruto do desespero de estarem perdidos.

Os capítulos seguintes conectam, pouco a pouco, o que é apresentado nos primeiros 30 minutos de jogo com a narrativa individuais e coletiva de sete jovens — que devemos controlar e fazer escolhas durante momentos específicos da campanha. Se em um primeiro momento estamos prontos para rir sem parar da imbecilidade juvenil aflorada especialmente quando em bandos, em poucas horas estão consumidos por um carinho e obsessão pela “jogada” perfeita — ou seja, sem deixar que ningué morra durante a jornada. E, mesmo se tratando de um jogo de escolhas focado em narrativa, passa longe das aspas pretensiosas dos títulos da QuanticDream, da direção artística de Life is Strange ou da escrita emocionante de The Walking Dead: The Game — para bem ou para mal.

Jogo narrativo com escolhas ou filme interativo, afinal?

Apesar de ser um jogo, The Quarry tem muito mais em comum com filmes do que à primeira vista. A partir do menu inicial, é possível aproveitar o jogo como um lobo solitário no modo para um jogador, iniciar o modo cooperativo (local ou online) ou acessar o modo filme. Sim, há um modo de jogo no qual não é preciso jogar efetivamente. Além disso, o elenco também será bastante familiar para quem é presta atenção às telinhas e telonas: David Arquette de Pânico, Justice Smith de Detetive Pikachu, Ariel Winter de Modern Family e Ted Raimi de A Morte do Demônio.

E não é apenas na selação de estrelas que o jogo remete ao cinema: o tempo de câmera das cenas, o enquadramento e até os momentos de tensão têm inteção de mimetizar o cinema, mas não cumprem o combinado com muito sucesso. Isso porque, em minha opinião, o jogo não fica nem lá e nem cá: quando precisa de um corte mais abrupto, o jogo simplesmente estende a cena e causa uma estranheza que deixa aquela impressão de edição imprecisa. No modo filme, por exemplo, as cenas contendo QTE (eventos de ação rápida) ainda fazem parte da composição visual, afastando ainda mais a suspensão de descrença. No modo jogo, há escolhas que simplesmente não importam, carregando-nos para um destino já escolhido para aquele caminho narrativo.

As atuações são boas e advogam, em sua maioria, a favor do talento do elenco, mas a modelagem dos rostos é sofrida — especialmente durante o movimento de músculos em beijos e sorrisos. Eu diria, inclusive, que essa parte incomoda ainda mais do que as técnicas de 2015 usadas em Until Dawn pelo mesmo estúdio. É uma pena que, após três projetos ao lado de outra publicadora, os desenvolvedores ainda tropecem tanto enquanto outros estúdios AAA nadam de braçadas em questão de modelagem e animações ultrarrealistas.

O que não te mata…

Apesas do preço abusivo e das ressalvas técnicas, que também incluiam durante as primeiras semanas um troféu/conquista não desbloqueável por conta de um glitch, não é difícil se divertir com a futilidade de The Quarry. O jogo está totalmente localizado para português brasileiro, ou seja, pode ser aproveitado com legendas e dublagem de ótima qualidade em nossa idioma. Para amantes do terror, há bastaste suspense e alguns sustos secretos durante o caminho. Para quem não é tão chegado nesse tipo de jogo, não se preocupe: não há nada de embrulhar o estômago ou psicologicamente tão perturbador na jornada. E lembre-se: o que não te mata, te fortalece!

Sinto que, após quase 40 horas de jogo para obter o troféu de platina em The Quarry, estou um pouco cansado. Pode ser que eu tenha exagerado ao completar todos os finais possíveis e imagináveis para a trama, mas também acho que ele se faz patético demais com certa frequência em suas animações faciais e falas adolescentes. De qualquer forma, é sempre muito bom ver que esse tipo de homenagem aos slashers segue sendo o objetivo, projeto após projeto, de estúdios tão ambiciosos quanto a Supermassive Games.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm