Quando me foi dada a missão de analisar a atualização next-gen de Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2, sabia que seria um grande desafio para mim. Em parte porque sou um completo novato em relação a jogos de skate (salve uma ou duas vezes que joguei no PS1 do meu vizinho em 2003), em outra porque naturalmente não conseguiria superar as palavras do Pepo sobre o jogo, que fluem como poesia. Decidi, então, que focaria em duas coisas para este texto: primeiro, nos aspectos técnicos do jogo e em como se tiram proveito dos novos consoles, e segundo, na minha primeira experiência com a série, que carece de qualquer fator nostálgico.
Para começar, falaremos um pouco sobre pixels e quadros.
Entre os jogos lançados para PS4 e Xbox One em 2020, eu diria que o retorno de Tony Hawk é um dos que menos necessitavam de uma atualização next-gen. No começo de março, a Activision disponibilizou a versão de Xbox One para jogar gratuitamente por alguns dias e eu, curioso, decidi conferi-la no meu Xbox Series X. Rodando a 1440p com 60 fps travados, é um pacote extremamente agradável e polido. Não pude experimentar o jogo num PS4 base ou Xbox One S, porém as impressões que li online indicavam que também são opções sólidas.
A versão next-gen, então, traz algumas melhorias óbvias e outras um pouco mais surpreendentes. Obviamente, a resolução do jogo subiu para 4K nativo tanto no Series X quanto no PS5 (no PS4 Pro, o jogo permanecia em 1080p), enquanto o Series S fica nos mesmos 1440p que o One X. Além disso, os três consoles recebem um modo de alto desempenho, rodando a 1440p nos consoles grandões e 1080p no Series S, todos a 120 fps.
Antes de continuar, convido o leitor a ver estas três imagens A, B e C. Tente dizer qual é a versão de One X (1440p60fps), Series X modo resolução (4K60fps) ou Series X modo desempenho (1440p120fps).
As diferenças não são sempre óbvias, mas são visíveis com um pouco de atenção. Conseguiu notar? A é o modo 120 fps, B é o modo 4K e C é a versão de Xbox One X.
O mais notável é que, apesar da mesma resolução, o modo desempenho do Series X apresenta uma imagem mais nítida do que o One X, devido a um anti-serrilhamento superior e possivelmente outras melhorias no tratamento da imagem. O modo resolução, claro, é o melhor de todos, apresentando nitidez nas bordas e clareza mesmo em detalhes distantes mas, aos meus olhos, não é uma diferença monumental.
Para mim, a mudança mais gritante é nas cores. Como já citei no meu texto sobre o Series X, minha TV usa HDMI 2.0, que me impede de usar 4K ou HDR no modo 120Hz. Além da inconveniência de ter que mexer nas configurações do Xbox para conseguir rodar a 1440p120 (o PS5 não suporta saída 1440p, então TVs sem HDMI 2.1 ficam restritas a 1080p120), a falta de HDR altera bastante o equilíbrio de cores do jogo, com as sombras em particular muito pesadas. Alguns detalhes são perdidos nessas sombras, enquanto com HDR tudo é amplamente visível. As duas capturas acima em HDR podem parecer um pouco “lavadas”, mas isso é fruto da conversão de HDR para SDR que ocorre ao publicar a imagem no site.
De qualquer maneira, minha impressão é que, salvo circunstâncias específicas, o modo 120 fps é o sugerido para este jogo, mesmo com o custo do HDR. O salto de 60 para 120 não é tão gritante quanto de 30 para 60, mas existe — e os rápidos movimentos deste jogo tiram proveito dos quadros adicionais. Nos seus olhos, as coisas serão mais nítidas e fluidas. Porém, na ausência de uma TV ou monitor capaz de exibir nessa frequência, o modo 4K a 60 fps também é excelente, trazendo melhorias relativamente pequenas mas certamente notáveis em relação à versão anterior.
Talvez a melhor vantagem dos novos consoles é o tempo de carregamento. Neste jogo, é normal repetir a mesma fase muitas e muitas vezes, tentando encontrar um caminho ou aperfeiçoar um truque, então poder entrar no menu, dar reset, e estar de volta na pista em 3 ou 4 segundos é uma enorme ajuda.
Dito isso, acho importante observar duas coisas. Uma é que esta atualização não é gratuita, o que eu pessoalmente acho uma prática desagradável por parte da Activision Blizzard. A maioria das outras empresas oferecem upgrades gratuitos e, inclusive, a própria Activision Blizzard atualizou Crash 4 gratuitamente. O outro detalhe é que, no Xbox, o jogo não suporta Smart Delivery e o jogador deve se atentar para não acidentalmente instalar a versão de Xbox One do jogo, ou ter as duas versões instaladas simultaneamente. De novo, é algo que Crash 4 resolveu corretamente. Ao menos o save é sincronizado entre as duas versões, então não tem problema se você ainda quer usar seu console antigo às vezes. Não se trata da pior atualização next-gen nesses sentidos, mas ainda acho que poderia ser melhor.
Eu não sei nada sobre skate. Mesmo em videogames, provavelmente meu contato mais longo com o esporte foi com o indie Ollie Ollie, e mesmo assim isso provavelmente durou meia hora. Para piorar, jogos com objetivos muito livres também não me agradam muito. Então, após jogar o tutorial (que é realmente bem explicativo) e um pouco da primeira fase, tive quase certeza que o jogo não seria para mim.
Quando liberei a segunda fase, School, comecei a entender melhor o apelo do jogo. Este não é um jogo de esportes como Fifa ou Madden, mas sim um sandbox collectathon nos moldes de Super Mario 64 ou Banjo-Kazooie (que faz sentido considerando a época dos jogos originais), usando skate principalmente como proposta de locomoção. Foi o level design que me convenceu. Além da arquitetura bizarra que faz tudo parecer ideal para o esporte em questão, cada fase é composta de diversos segmentos interconectados, incluindo algumas áreas secretas que exigem um pouco de exploração para encontrar. E, além dos objetivos relacionados a pontuação, diversos outros são de exploração, exigindo interagir com diversos objetos da fase dentro de um limite de tempo.
Em relação aos objetivos de pontuação, sou um completo zero-a-esquerda. Depois de muito esforço, consigo passar talvez 30 segundos sem me espatifar no chão e até consigo conectar alguns truques para formar pequenos combos, mas sempre fico muito longe do que é esperado de mim. Combos altos envolvem duas etapas: planejamento, encontrando uma sequência de obstáculos que nos permitem truques em sequência, e então execução, que naturalmente exige habilidade e persistência. Já tenho dificuldade com a primeira; a segunda, então, nem se fala.
Então, decidi focar nos objetivos de exploração. Os colecionáveis são, por muitas vezes, escondidos de formas criativas, e é necessário dar algumas voltas na fase para primeiro descobrir onde estão, planejar uma rota para pegar todos e, por fim, realmente executar isso. Ainda assim, para alguns deles pode ser necessário executar um truque com certa precisão, então não é algo trivial. Além dos objetivos da fase, podemos coletar também tokens que nos permitem aprimorar o skatista — aumentar a velocidade e distância de pulo ajudam muito.
Infelizmente (para mim), o jogo exige um número mínimo de objetivos realizados para desbloquear novas fases, e isso me obrigou a completar alguns dos objetivos de pontuação. Não vou dizer que foi ruim ter que fazê-los, até pelo contrário, mas não foi o que mais me empolgou. Eu ativei algumas das assistências que realmente ajudam um pouco a pontuar melhor, mas não entregam de bandeja.
De qualquer maneira, aprender um jogo com controles tão diferentes do que estou habituado foi uma experiência desafiadora mas divertida. Eu ainda sou muito ruim nele, mas agora pelo menos consigo dar uma ou duas piruetas sem passar tanta vergonha.
Acabei de descobrir que o Jack Black é um personagem desbloqueável neste jogo, então parece ser meu dever continuar jogando!
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm