Relato: A fantasia policial de Need for Speed - Neo Fusion
Relato
A fantasia policial de
Need for Speed
7 de julho de 2023

Tive pouco tempo para jogar durante os meses de maio e junho de 2023, devido a uma infinitude de compromissos profissionais e pessoais. O que tive de tempo livre foi dedicado a Tears of the Kingdom, que achei um pouco cansativo, e ocasionalmente alguns indies. No último fim de semana, liguei o Xbox à procura de um jogo que re-despertasse uma empolgação por videogames. Eu havia uma frase em mente: “I’m looking for a videogame-ass videogame“.

O jogo acabou sendo Need for Speed: Hot Pursuit Remastered, um jogo que sempre esteve no meu radar desde seu lançamento original em 2010. Na época, joguei a demo dele no PS3 e achei sensacional mas, após comprá-lo, joguei apenas algumas missões e larguei. Difícil dizer por quê — outros Need for Speeds daquela geração como Undercover, ProStreetMost Wanted (2012) me levaram mais longe. Curiosamente, Hot Pursuit foi o melhor avaliado entre esses, mas não me pegou tanto.

Outro motivo pelo qual Hot Pursuit deveria me pegar é que quando criança eu joguei muito o Hot Pursuit 2 original, de 2002. Me lembro de achar o jogo particularmente divertido por poder não apenas fugir da polícia, mas também ser a polícia e parar as corridas clandestinas. Eu não pensava muito em game design naqueles tempos, mas em retrospecto isso faz sentido; jogar como policial em um jogo de corrida oferece um estilo de jogo que raramente é visto no gênero.

Talvez por eu ter recentemente comprado um carro, ou por que meu jogo mais antecipado de 2023 no momento é Forza Motorsport mas, desta vez o jogo me pegou. E me diverti um monte.

Semirrealismo vs. Videogames

Geralmente, quando jogamos Gran Turismo ou Forza, o desafio está em atingir um certo nível de perfeccionismo, para reduzir os milissegundos de cada volta e atingir uma boa posição na corrida. Pode-se até jogar agressivamente e usar outros carros como freio de emergência, mas não é incentivado pelo jogo e vai contra o espírito de automobilismo semirrealista proposto.

Need for Speed, na maioria das suas iterações, não busca esse realismo e favorece um estilo de jogo mais reativo, com uma engine de física que favorece o máximo de velocidade e drifts tecnicamente impossíveis. É o Velozes e Furiosos dos games, mesmo que a série da EA preceda o primeiro filme por sete anos. Mas é no modo policial que isso se torna exacerbado: o objetivo não é mais ganhar uma corrida, mas ativamente destruir outros carros.

Claro que saber correr é importante, pois afinal precisamos primeiramente alcançar os pilotos para então atacá-los. Aí entra uma característica legal de ambos Hot Pursuits: o jogo não está em um mundo verdadeiramente aberto, porém as pistas existem dentro de um mapa contínuo. Isso faz com que exista uma variedade de seções que deparamos repetidamente, mesmo que o trajeto completo seja outro. Ao longo do jogo, obtemos um grau de familiaridade com o cenário e isso nos ajuda a encontrar atalhos para alcançar os corredores rebeldes.

O jogo também conta com corridas tradicionais, com e sem polícia, e modos solo em que o objetivo é minimizar o tempo. Jogando como corredor, temos liberdade de jogar de forma completamente agressiva, enquanto policiais são penalizados por colisões nessas situações de treinamento. É outra forma que o jogo encontra de adicionar tempero a missões similares.

A questão policial

Em 2002, e até mesmo em 2010, um jogo nos permitir jogar como policial não levaria a um debate moral e político como seria hoje. Ainda mais para quem cresceu em contato com a cultura norte-americana, na qual o policial sempre foi visto como uma figura sagrada da sociedade. Então, acredito eu que a EA não pretendia passar qualquer mensagem quando lançou os Hot Pursuits.

E de fato, para sermos sinceros, as situações apresentadas no jogo pouquíssimo têm a ver com a vida de um policial. Nós bem sabemos que a polícia rodoviária passa mais tempo multando motoristas que esqueceram de acender os faróis do que fazendo perseguições em alta velocidade contra pilotos clandestinos e seus Toyota Supras. Para ter um exemplo, em 2019 cheguei a ver de perto a Lamborghini Huracán da polícia italiana — uma das viaturas mais velozes do mundo. Na prática, ela não é usada para caçar mafiosos dirigindo Ferraris, mas sim para transportar órgãos entre hospitais do país a 300km/h.

Ao mesmo tempo, é inegável que a Huracán vestida de polizia chama a atenção, e nos traz fantasias de perseguições que só existem em Hollywood. E é nessa fantasia que Need for Speed: Hot Pursuit baseia seus modos distintos. Apesar de se passar em um fictício county americano, o jogo dispõe de uma variedade de veículos que nos permitem viver a fantasia de diferentes perspectivas do mundo.

Obviamente la polizia italiana usaria uma Lamborghini, enquanto die polizei alemã corre pelas autobahns em Porsches e BMWs. Obviamente não há falta de superscarros americanos fantasiados de highway police, como Mustangs e Corvettes, enquanto o Nissan GT-R traz velocidade oriental. Infelizmente os carros são sempre rotulados em inglês, mas dá para suspender a descrença à favor da fantasia que se apresenta.

A polícia, especialmente a americana, é alvo de muitas críticas nos últimos anos, por diversas razões válidas. Definitivamente há espaço para discutir isso nos games mas, ainda assim, sinto que o papel dela em jogos de corrida é fundamental. Need for Speed não é o mesmo sem barreiras rodoviárias, faixas de espinhos e helicópteros jogando barris.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm