Resenha: The Last of Us Episódio 4 - Neo Fusion
Resenha
The Last of Us
Episódio 4
6 de fevereiro de 2023

O tempo não para quando estamos presos no passado, mas sim quando não há perspectiva de futuro. O quarto episódio de The Last of Us adapta um trecho específico do jogo em que Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) começam a agir como uma dupla do ponto de vista prático, enquanto a relação pessoal entre eles é tecida. Os dois seguem viagem com o carro obtido no episódio anterior e chegam até Kansas City, local no qual sofrem uma emboscada e descobrem que seus novos inimigos são um grupo bem grande e organizado de pessoas. Toda essa jornada se dá em meio ao desenvolvimento, neste momento ainda com medo e desconfiado, da relação entre os dois.

Aqui, começamos com a jovem curiosa com a arma que conseguiu na casa de Frank e Bill, olhando um espelho entre o fascínio com a pistola e a imaginação de usá-la. Depois a dupla viaja por uma estrada em que o tempo parece existir para além do cordyceps: vemos animais pastando, o cenário verde encobrindo carros e tanques a partir de planos muito mais abertos, comuns em histórias de viagem. As conversas entre Joel e Ellie passam a ser mais frequentes, e o tema delas são as pessoas e seus modos de vida: o funcionamento de um sifão para pegar gasolina, piadas com trocadilhos, o café como algo esquisito e “apenas queimado” para Ellie. Disso vemos um choque entre gerações e como as coisas são passadas pelos mais velhos.

The Last of Us episódio 4

O foco do perigo, entretanto, está nos humanos e pela primeira vez na série temos um episódio sem nenhum infectado mostrado em tela. Há apenas a sugestão de algo sinistro por vir no depósito do grupo de Kansas City. Tal facção dá as caras quando Joel e Ellie tentam passar pela cidade. Um homem se faz de machucado e pede ajuda, mas nosso protagonista, velho contrabandista, sabe do que se trata. Temos a primeira cena de briga e tiroteio e nela há bastante diálogo com as ações do jogo na forma como os protagonistas se protegem e se movimentam. Diálogo aliás bastante marcado por conversas trazidas diretamente da série de jogos, bem como momentos em que agora é Ellie quem vai por um espaço e abre a porta para Joel.

O ponto central da cena é o pedido de Joel para Ellie correr por uma fresta e ficar do outro lado. Ainda que nesse ponto seja um misto entre as duas perspectivas, apenas para a proteção da “carga” ou pelo fato de Joel não querer a jovem naturalizando a violência e esse tipo de situação extrema, Pascal logo deixa transparecer que para seu personagem a garota não é só algo a ser entregue, como havia afirmado antes.

Quando Ellie sai do lado “seguro” e passa pela fresta para salvar Joel de um terceiro adversário, o olhar não é o mesmo em frente ao espelho, confiante e imaginativo, mas assustado ainda que pragmático. Aliás, conforme existe mais espaço para a personagem conversar e se expressar, Bella Ramsey vem crescendo no papel.

A cena seguinte, original para a série e caminhando pela ideia do Neil Druckmann de dar algum enredo para esses inimigos para além de serem obstáculos de jogo, apresenta Kathleen (Melanie Lynskey), a líder de um grupo bem grande de pessoas para lá de armadas e organizadas. A atriz desenvolve um tom calmo e ao mesmo tempo acelerado que causa certo desconforto na forma como olha tudo de forma pragmática: o homem que fez seu parto e a segurou enquanto bebê agora é fonte de informação, um traidor a ser morto após ela ver os corpos deixados pelos nossos protagonistas.

Kathleen The Last of Us

O grupo conseguiu vencer a FEDRA local e se estabelecer na cidade, indicando ser um pessoal no mínimo competente. Atrás de Joel e Ellie, pensando eles serem Henry e Sam, vemos o grupo com veículos fortes, soldados equipados e com estratégia organizadíssima de varredura na área. Essa trama, bem como o aparecimento de Henry e Sam no fim do episódio, coloca bases para o episódio 5, funcionando como uma espécie de parte em 2 atos. O diretor dos episódios é o mesmo Jeremy Webb, inclusive. O pagamento dessas pontas mostradas aqui se dará na próxima sexta-feira, porém a base é instigante para como veremos o arco dos irmãos e de Joel e Ellie nessa parte.

Nossos protagonistas resolvem subir até o último andar de um prédio alto. Joel posiciona cacos de vidro para que possam ser acordados caso alguém venha. Na hora de dormir, retomando uma cena anteriora em que repousaram numa floresta, os dois começam a conversar um pouco. Joel se interessa pelo passado de Ellie, que nesse momento é quem corta o papo.

The Last of Us episódio 4

A menina, então, prossegue para contar a melhor piada do livro No Pun Intended: Volume Too (inclusive eu mencionei uns dias atrás com o Carlos, que escreveu os textos dos 3 primeiros episódios e voltará para os três últimos, que eu gostei muito da última piada que a Ellie lê do livro no contexto do jogo). Joel começa a rir, na cena ganham destaque seus olhos e o reflexo da luz no relógio que ele traz cada vez mais para perto do rosto. Conforme aparece algo para se acreditar no futuro, o tempo insiste em querer voltar a correr para ele.

Mais à vontade, Joel não escuta a chegada de Henry e Sam. Os dois estão com as armas apontadas para eles.

~

O quarto episódio de The Last of Us é mais convencional tanto em sua estrutura quanto em sua filmagem, e na adaptação como um todo. Não deixa de ser, entretanto, bastante competente, dando o espaço para os atores em tomadas mais fechadas, bem como compondo a vastidão do cenário e o caos ordenado dessa nova cidade. Seja na road trip ou no momento de maior tensão, o foco aqui é no caminho feito pelos dois personagens para desenvolver essa relação. Joel flutua entre o distanciamento e a vontade de se aproximar, Ellie também varia entre a naturalidade com que quer conversar e saber mais de seu parceiro com medo e desconfiança.

No fim, o Joel de Pascal se mostra distanciado apenas na superfície e a Ellie de Ramsey confiante. O arco de encontro com uma dupla mais ou menos parecida com eles, e o contato com esse grupo armado liderado por Kathleen, acontecerá na próxima semana, potencialmente fechando o trecho de Kansas City.

Sam The Last of Us

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm