Hall da Fama: Castle Rock de Rayman Legends - Neo Fusion
Hall da Fama
Castle Rock
de Rayman Legends
15 de março de 2023

Recentemente tive a ideia de iniciar esta coluna, Hall da Fama, para poder discutir alguns elementos específicos de jogos que consideramos ser excepcionais e entre os melhores de todos os tempos. O elemento em si pode ser qualquer coisa — uma fase, um personagem, uma música, uma mecânica. A ideia é analisar o elemento dentro e fora do contexto do próprio jogo e discutir o que torna ele tão especial.

A vontade de falar sobre Castle Rock, uma fase de Rayman Legends, surgiu alguns dias atrás quando alguns amigos vieram jogar videogame comigo. Entre o Switch e o Xbox eu tenho vários jogos “de festa” apropriados para confraternizações do tipo, e eu sinto um certo prazer ao apresentar jogos diferentes para pessoas que curtem jogos mas não conhecem a amplitude do que a mídia pode apresentar. Alguns sucessos de festinha recentes foram TowerFall AscensionSpiderHeckRocket FistSpeedrunners.

Uma das amigas presentes comentou que costumava jogar Rayman no SNES quando era mais nova, o que me fez querer apresentar Rayman Legends a ela. Baixei o jogo no Xbox e deixei que ela e outras duas amigas experimentassem algumas fases do jogo, levando, inevitavelmente, a Castle Rock.

O Retorno de Rayman

Próximo ao lançamento do Wii, o título Rayman: Raving Rabbids tirou o holofote do mascote desmembrado da Ubisoft e o colocou nos Rabbids — criaturas caóticas que muito depois ganhariam a simpatia dos jogadores, mas isso é outra história. Vários anos depois, em 2011, Rayman voltou com força em Rayman Origins, um belíssimo jogo de plataforma em 2D lançado para Wii, PS3 e 360, seguido por Vita, 3DS e PC. Eu joguei e curti Origins no PS3, mas o jogo não me prendeu tanto quanto esperava.

2012 ficaria conhecido como “o ano em que a Ubisoft ganhou a E3”. Com uma diversidade de títulos promissores, incluindo a aguardada “conclusão” Assassin’s Creed III, o icônico discurso de Vaas em Far Cry 3 e o inesperado Watch Dogs, o que mais me chamou a atenção foi justamente Rayman Legends, que parecia ser uma evolução impressionante em relação ao seu antecessor. A treta é que Legends, junto com ZombiU, seria exclusivo para Wii U, e colocava na Ubisoft uma certa pressão para ajudar a Nintendo a justificar o novo console.

No caso de Rayman, o controle GamePad do Wii U permitia que um jogador controlasse Murfy, um personagem auxiliar que pode interagir com o ambiente através da tela de toque. Conceitualmente, a proposta é muito similar à de New Super Mario Bros. U, demonstrado na mesma E3, porém a execução da Ubisoft era mais completa e interativa do que a da própria Nintendo.

Originalmente planejado como título de lançamento do Wii U, no final de 2012, o jogo foi adiado para 26 de fevereiro do ano seguinte. Para compensar, a Ubisoft lançou uma demonstração do jogo ainda em 2012, contendo três fases. Uma delas era Castle Rock. Para concluir a história tumultuada do lançamento de Rayman Legends, o jogo foi adiado novamente poucos dias antes do dia 26, e acabou saindo em setembro de 2013. O lançamento fraco do Wii U fez a Ubisoft repensar o lançamento e preparar versões para PS3, PS Vita, Xbox 360 e PC. Devido a acordos com a Sony e/ou Microsoft, a versão de Wii U não poderia lançar antes das outras, mesmo que o jogo estivesse completo de acordo com a própria empresa.

Castelo de Pedra

A primeira vez que joguei Castle Rock foi através da demonstração citada acima. Eu lembro bem da sensação: parecia que eu teria que catar os pedaços de cérebro espalhados na parede, porque minha cabeça havia explodido. Havia algo sobre aquele jogo — sobre aquela fase — de especial. A sensação de jogá-lo era perfeita, e Castle Rock perfeitamente alinhava essa sensação em um ambiente de plataforma rítmica.

Depois fui perceber que o jogo trapaceia um pouco — nas fases de música, a física e os controles de Rayman Legends mudam um pouco para incentivar ao máximo a inércia. O objetivo é não parar de correr e, portanto, a velocidade de Rayman e seus amigos permanece constante em meio de pulos, quedas e golpes.

Outra coisa que só percebi depois, ao mostrar uma fase para alguns amigos, é que a música de Castle Rock não é originalmente feita para o jogo. Trata-se de um cover “raymanizado” de Black Betty, da banda Ram Jam, uma música de rock and roll raiz de 1977 — que na verdade é um cover de uma música popular afro-americana que muito tem a ver com o conflito racial da virada do século XIX para o XX. É uma canção de história carregada, e a Ubisoft Montpellier fez excelente uso dela. O contexto histórico é removido, de fato, mas é inegável que o resultado é muito massa.

Sinto que Rayman Legends foi feito no final da era Guitar Hero, quando a onda de jogos de ritmo puro estava dando espaço para mesclas de gênero. Assim, o espaço de rhythm-platformer foi clamado por Rayman, apesar de ser apenas em fases bônus. Castle Rock é a primeira delas e uma perfeita introdução — não chega a ser desafiante para quem tem bom domínio dos controles, mas mesmo assim é extremamente agradável como todos os elementos da fase são sincronizados à música. Talvez seja uma pequena janela que levaria a jogos como Hi-Fi Rush, que levam esse conceito a outro nível.

Uns dez anos depois desse primeiro contato, Castle Rock continua sendo algo que sempre traz um sorriso ao meu rosto. Me divirto mostrando a fase para amigos que talvez não conheçam os jogos modernos de Rayman — a amiga do começo do texto adorou — mas também me divirto sozinho, revisitando a fase quando quero uma dose de diversão pura. Ao longo dos anos revisitei Rayman Legends algumas vezes — em 2013, em 2017, em 2021 — e é sempre um momento de alegria quando a próxima fase a jogar é Castle Rock.

Esta provavelmente é a melhor fase do jogo, que já é repleto de fases excelentes. As musicais são sempre as mais memoráveis — Orchestral Chaos, Mariachi Madness e Granny’s World Tour são outras maravilhosas — mas as fases normais também são divertidíssimas de explorar, tanto que tive a vontade de pegar todos os colecionáveis do jogo. E não posso deixar de dizer que a trilha sonora como um todo é excepcional.


Apesar do lançamento tumultuoso, é possível adquirir Rayman Legends hoje em quase qualquer plataforma, com bons preços em promoção. É verdade que todas as versões depois do Wii U perdem um pouquinho do espírito original do jogo — por mais que a do Switch tente recapturá-lo — mas mesmo sem Murfy, este é um dos melhores jogos de plataforma 2D de todos os tempos. É uma pena que ele também marca o fim da revitalização de Rayman e dos belíssimos jogos UbiArt. Por hora, não me importo de jogar Castle Rock de novo mais uma infinitude de vezes.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm