Análise: Company of Heroes 3 - Neo Fusion
Análise
Company of Heroes 3
20 de março de 2023
Analisamos Company of Heroes 3 no PC com uma chave oferecida pela SEGA.

Desenvolvido pela Relic Entertainment, Company of Heroes 3 é um game que, sinceramente, nunca imaginei ver sendo lançado. Isso porque o segundo jogo da série, embora tenha feito bastante sucesso entre os fãs do gênero de estratégia, havia sido lançado há uma década e, desde então, o estúdio havia direcionado seus esforços para outras franquias de maior alcance.

Esse “tempo longe” fez com que, na volta do game de estratégia militar, ele chegue com uma cara um pouco diferente e ideias que não eram exploradas nas versões anteriores. Enquanto os primeiros games se destacaram por oferecer o sentimento de participar das linhas de frente da Segunda Guerra Mundial, esse elemento agora passa a compartilhar espaço com um cenário de conflitos mais amplo, mas não necessariamente mais interessante.

Mas vamos aos fatos: ainda baseado na segunda grande guerra, Company of Heroes 3 explora os confrontos que aconteceram na Itália e na África, com foco no ano de 1943. Controlando as forças aliadas, o jogador deve dominar pontos de interesse importantes, ao mesmo tempo em que dirige tropas em combates de proximidade para garantir seu avanço e uma eventual vitória no grande conflito.

Company of Heroes 3 traz dois focos

O que mais me chamou atenção e causou estranhamento ao iniciar o novo game é o fato de ele ficar alternando constantemente entre dois focos. Enquanto ao iniciar a campanha e participar das primeiras fases de tutorial encaramos mapas mais contidos e controlamos unidades de forma mais direta, não demora muito para que o jogo revele seu “mapa do mundo” e prove que é diferente de seus antecessores.

Nesses momentos, o game assume um esquema mais próximo à da série Total War, mas sem aprofundar muito seus elementos de coleta de recursos e construções. No mapa, o jogador pode criar novas unidades (de forma bastante limitada) e movimentá-las para derrotar inimigos, conquistar pontos de vantagem e capturar novas cidades e estruturas.

Company of Heroes 3

Essa parte do jogo não exige muito gerenciamento de recursos, mas faz com que o jogador tenha que ficar muito atento a seu posicionamento. Enquanto o desejo de expandir o território ocupado é tentador e está sempre presente, isso pode fazer com que suas unidades percam força e fiquem bastante suscetíveis a ataques.

Algo que Company of Heroes 3 deixa claro nesses momentos é que ele não é muito generoso na quantidade de tropas que vamos controlar. Durante boa parte da campanha, tive que lidar com um máximo de três unidades disponíveis no mapa e fazer alguns malabarismos para garantir que conseguia atingir meus objetivos sem perder meu progresso anterior.

No fim das contas, acabei ficando com sentimentos mistos em relação a essa nova faceta da série. Se por um lado é legal ter uma visão mais ampla da Segunda Guerra Mundial e uma noção mais completa da geografia envolvida no conflito, por outro parece que o novo mapa foi pensado de forma apressada e contradiz o que sempre considerei a coisa mais legal da série, que são seus combates de proximidade.

Company of Heroes 3

Eles ainda estão presentes nos momentos em que a visão mais ampla toma espaço central, mas nem sempre é uma boa ideia recorrer a eles. Enquanto o jogador pode se aprofundar em todos os conflitos (e garantir uma vitória mais completa neles), fazer isso muitas vezes só serve para alongar as já extensas partidas, e, com isso, o sistema de resolução automática de conflitos acaba se mostrando muito mais atraente.

Combates em proximidade continuam sendo o destaque

Embora a nova experiência de combates em um mapa aberto não tenha me convencido muito, a especialidade da série continua funcionando muito bem. Os combates em campos de batalha mais restritos são bastante interessantes e exigem um tipo de pensamento bastante diferente do que é visto em outros jogos de estratégia.

Isso porque Company of Heroes 3 traz uma experiência na qual você precisa levar em consideração não somente a características de cada unidade, mas também seu posicionamento. Cada confronto parece uma espécie de jogo de tabuleiro, no qual o movimento de cada peça contribui bastante para o resultado final.

Company of Heroes 3

Saber o momento certo de atacar com uma unidade ou roubar um posto inimigo é essencial para progredir, bem como entender qual é o lado certo para invadir alguma estrutura. Nesse sentido, a quantidade limitada de tropas que é possível criar e comandar serve a favor do jogo, criando conflitos nos quais cada uma delas se mostra bastante importante.

No entanto, nem tudo é perfeito, especialmente no que diz respeito à campanha. A qualidade da inteligência artificial dos inimigos varia entre “diabolicamente tenaz” até “eu só tenho cinco anos e não sei o que estou fazendo aqui”, o que pode gerar situações frustrantes — em alguns casos, consegui derrotar muitos tanques e outras unidades blindadas não porque fui inteligente, mas porque meu oponente ficou andando sem rumo enquanto era atacado por minhas unidades.

Apesar dessas frustrações, Company of Heroes 3 continua sendo um jogo com um combate bastante interessante, embora seja evidente que ele sofreu algumas simplificações em relação aos jogos anteriores. Ao mesmo tempo, parece que a Relic não deu muita atenção às interfaces ou se deu ao trabalho de explicar o sistema de evolução do jogo.

Company of Heroes 3

Dependendo da maneira como você joga, seu exército vai ganhando mais afinidade com certos comandantes e, com isso, ganha (ou perde) acesso a certas unidades. Cada uma delas possui especializações próprias que garantem mais flexibilidade no campo de batalha, mas você pode acabar passando horas jogando sem saber disso.

Isso porque, além de indicar mal quando um upgrade está disponível, o game faz isso através de interfaces confusas e de baixa qualidade. Não sou nenhum desenvolvedor veterano da indústria, mas me parece inaceitável que as telas de menu do jogo pareçam mais placeholders do que assets de alta qualidade  que se espera ver em um projeto de alto orçamento.

Company of Heroes 3 tem espaço para evoluir

Após algumas horas dedicadas a Company of Heroes 3, a sensação que fica é a de que o jogo tem uma base sólida, mas que ainda tem muito espaço para evoluir — e está fazendo isso de certa forma. Durante meu tempo com o jogo, ele recebeu diversos patches de atualização e corrigiu vários artefatos visuais e problemas de desempenho notáveis, que acabariam entrando em uma versão preliminar das minhas impressões caso não tivessem sido eliminados.

Company of Heroes 3

O sentimento que fica depois do tempo dedicado ao jogo é que, sinceramente, ele poderia ficar muito bem sem a parte de exploração do mapa “Total War”. Essa opção não é necessariamente ruim, mas sua execução me pareceu superficial e acabou tirando o foco do que realmente funciona na série, que ainda teria força suficiente para ser atraente sem essa “inovação”.

Company of Heroes 3 é um bom novo capítulo da série, mas não é exatamente a experiência que eu queria dela. Enquanto algumas ideias novas funcionam bem, o game acaba perdendo um pouco o foco nos combates a curta distância e tem simplificações que nem sempre fazem sentido. Dado que o game continua sendo atualizado constantemente, pode valer a pena esperar um pouco para conferi-lo futuramente em uma encarnação um pouco mais completa.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm