Retrô: Wario Land 3 - Neo Fusion
Retrô
Wario Land 3
29 de março de 2023

Levou seis anos — seis anos — para a Nintendo colocar jogos de Game Boy, Game Boy Color e Game Boy Advance no Switch. E, para variar, o ritmo de lançamentos é a conta-gota. Um tanto irritante para quem já tinha um razoável catálogo desses jogos no 3DS; ainda mais irritante para quem os tem desde seus lançamentos originais há mais de 20 anos. Dito isso, o ritmo conta-gotas tem uma vantagem. Com apenas 5 ou 6 jogos disponíveis, e com Game Boy sendo a novidade do momento, acabamos dando chances a jogos que em outros momentos passariam batidos. Quando a atualização do serviço foi anunciada, um amigo meu me recomendou fortemente Wario Land 3 e, como eu já havia ouvido falar bem do jogo e havia uma curiosidade a respeito dele, resolvi que agora seria seu momento.

O “Mario amarelo” hoje é mais conhecido pelos seus microgames em WarioWare mas, em um tempo passado, protagonizou sua própria série de jogos de plataforma 2D. O terceiro Mario do Game Boy é também o primeiro Wario de Game Boy — Super Mario Land 3: Wario Land. A série continuaria até Wario Land 4 no GBA. Há também um jogo em 3D para GameCube e Wario Land: Shake It!! para Wii.

Um protagonista fortudo

Poucos segundos com o título já mostram que este é um jogo muito diferente de Mario, apesar da similaridade estética. Wario é pesado, não pula muito, mas também facilmente derruba inimigos com sua investida. Aí uma bola de fogo de coloca em chamas e … tudo bem? Basicamente Wario Land se desfaz da morte; ao invés disso, o pior que pode acontecer é ser empurrado, que pode atrapalhar um pouco ou pode nos jogar para uma parte bem diferente da fase. Nem mesmo chefes matam de fato, nos levando apenas à sala anterior.

Mas se não podemos morrer, qual é o ponto desse jogo? Bom, como sabemos Wario é ganancioso e quer pegar para si todos os tesouros de uma ilha misteriosa mas, para isso, deve resolver uma infinidade de quebra-cabeças. De fato, trata-se de um puzzle platformer em que os desafios encontram-se nos quebra-cabeças ao invés de exigir muita destreza e agilidade. Os inimigos não só não te matam como podem ser elementos essenciais de um quebra-cabeça. Pegar fogo pode atrapalhar, mas também pode queimar algum objeto do cenário e abrir uma passagem. Ser achatado nos permite planar pelo ar e entrar em passagens estreitas.

O jogo contém 25 fases, cada uma com quatro baús. Os baús por sua vez oferecem itens que podem alterar algum aspecto no mundo — que abre fases novas ou alteram fases já conhecidas — ou podem fornecer novas habilidades a Wario. Eu diria que o problema aí é que por vezes não é muito claro qual fase vale a pena revisitar. O jogo até indica quando uma fase tem um novo caminho, mas é fácil esquecer da dica que foi dada. Também há uma grande não-linearidade aqui, que é legal porque fornece uma liberdade ao jogador, mas também pode causar situações estranhas: por exemplo, se um baú tem como pré-requisito os eventos X, Y e Z, e já ativamos os X e Z mas não o Y, pode parecer que podemos acessar aquele baú, mas na verdade precisamos explorar outra fase e acionar outro evento.

A dinâmica de visitar e revisitar fases, com novos caminhos abertos por alterações no mundo ou habilidades de Wario, dá ao jogo uma característica que remete a metroidvania. Eu diria que não é, pois afinal as fases são ainda são separadas, mas há uma similaridade. Não é por acaso — a série Wario Land era desenvolvida pela Nintendo R&D1, a mesma que criou Metroid. E, inclusive, boa parte da equipe por trás de Wario Land participaria do desenvolvimento dos Metroids de GBA.

O Game Boy em seu melhor

Outro aspecto curioso de jogar Wario Land 3 hoje em dia é como ele surpreende tecnicamente, tratando-se de um jogo de Game Boy Color. Acho que o Game Boy em geral tem dessas — o hardware do console é comparável a um NES, então a expectativa é de jogos como os de NES. Isso até é verdade nos primórdios da plataforma, mas em um jogo do ano 2000, podemos observar o quanto o game design amadureceu ao longo da década de 90. Pense que o Game Boy foi lançado em 1989, onze anos antes de Wario Land 3, e com um hardware pouca coisa melhorada já temos um jogo muito mais acessível e divertido do que os pré-históricos títulos dos anos 80.

Mas faz-se uso criativo do hardware para atingir isso. As 25 fases são relativamente pequenas, e geralmente são compostas de algumas salas ainda menores. O sistema de progressão agrega valor a essas fases pequenas, pois a sensação é de que cada novo caminho é uma nova fase — conseguindo assim, 100 fases no espaço de 25. Infelizmente não há muito a se fazer com a parte sonora. Para mim os chiptunes são cansativos e optei por jogar enquanto ouvia outras músicas ou podcasts.

Admito que o jogo me deixou com vontade de experimentar alguns outros do Game Boy. O próprio Metroid II se torna mais agradável com a paleta de cores expandida e é certamente um jogo mais visitável que o Metroid do NES. Acredito que Wario Land 3 seja o título mais bem-conceituado de sua série, mas certamente ficarei de olho quando os números 1, 2 e 4 forem adicionados.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm