Análise: Prince of Persia: The Lost Crown - Neo Fusion
Análise
Prince of Persia:
The Lost Crown
6 de fevereiro de 2024

Prince of Persia deve ser uma das franquias com mais iterações distintas. Desde o primeiro jogo, o platformer cinematográfico de 1989, a série foi relançada pela popular trilogia Sands of Time iniciada em 2003 e pelo reboot-com-o-mesmo-nome de 2008, além do filme de 2010. Agora, em 2024, a Ubisoft resgata a franquia novamente com Prince of Persia: The Lost Crown, mudando completamente a estética e o estilo de jogo para o novo título.

Apesar do título, o novo Prince of Persia mantém pouquíssimo em comum com seus antecessores, começando pelo fato de que não controlamos o titular príncipe persa, mas Sargon, um guerreiro leal ao trono encarregado de proteger o príncipe. Os elementos que se mantém são a estética e ambientação persa, que desta vez parece puxar ainda mais elementos mitológicos, e um enredo intrinsecamente entrelaçado com manipulações temporais.

Na sua quarta iteração, a série muda de gênero outra vez e renasce como um metroidvan— digo, um search action platformer (batizar gêneros usando outras franquias está fora de moda, pelo que parece). Em português, podemos chamar de um jogo de plataforma-busca-ação… Termos que realmente expressam muito bem as atividades de The Lost Crown. Se tratando de um dos meus estilos favoritos de videogame, entrei com muita curiosidade e uma boa dose de apreensão — não poderia esquecer que ainda se trata de um título da Ubisoft.

Apesar das minhas dúvidas em relação à publicadora francesa, a empresa tinha alguns títulos que indicavam uma boa direção. Em 2011, publicou o “busca-ação” Outland da Housemarque, e em 2013 produziu um dos melhores “plataforma” já feitos, Rayman Legends. Mas são jogos com mais de 10 anos, então é difícil saber se qualquer parte daquele talento permanece na empresa. A boa notícia é que deu certo. The Lost Crown é um ótimo jogo em quase todos os aspectos e se posiciona de ombro a ombro com os grandes títulos do gênero.

Plataformas, buscas e ação

Desenvolvido pela mesma Ubisoft Montpellier que produziu Raymans Origins e Legends anos atrás, o pedigree do estúdio permanece visível e palpável no novo jogo. A engine do jogo e a estética visual são completamente diferentes, mas basta alguns segundos controlando Sargon para perceber a conexão: há uma fluidez nos controles e movimentos que se destacam, imediatamente nos preparando para ter uma ótima experiência.

A característica mais notável do gênero é a aquisição de novos poderes de mobilidade ao longo da campanha, algo que eu acho muito divertido mas às vezes causa o jogo inicial parecer lento e travado até melhorarmos o personagem. The Lost Crown evita essa sensação de forma brilhante, dando de início alguns movimentos básicos como o pulo de parede, um deslize, uma corrida veloz e bastante controle sobre movimentação. Ao longo do jogo, esse arsenal apenas melhora, e depois de um tempo nos vemos praticamente voando pelas fases.

O combate também já começa robusto, com movimentos direcionais que nos permitem iniciar e continuar combos contra inimigos resistentes. Não chega a ser um Devil May Cry em seu estilo e flexibilidade, mas me lembrou dos combos de Guacamelee. Os chefes também não ficam para trás, e foram geralmente muito divertidos de enfrentar.

Voltando às palavras-chave do gênero, os melhores poderes desses jogos são sempre aqueles que acrescentam algo nas três direções: dando ao jogador mais agilidade na navegação das fases, permitindo o acesso de novas áreas e a descoberta de segredos, e abrindo mais oportunidades durante o combate. Também nesse sentido, o jogo faz um ótimo trabalho. O número de poderes é meio pequeno, e a variedade vai dos mais óbvios (pulo duplo, dash no ar) para alguns criativos e inusitados que não pretendo revelar aqui.

O legal de ter poucos poderes é que o jogo consegue evitar a armadilha de introduzir um poder, usá-lo por algum tempo, e depois deixá-lo praticamente esquecido. Aqui, à medida em que progredimos, encontramos desafios cada vez mais elaborados que usam diversas combinações desses poderes. Vários desafios de plataforma exigem tanto destreza quanto astúcia para saber onde e quando usar cada habilidade. Existe também uma série de quebra-cabeças escondidos que testam a perspicácia do jogador com dicas no ambiente.

The Lost Crown também introduz uma inovação para o gênero. Uma das habilidades que adquirimos nos permite colocar marcadores no mapa acompanhado de uma captura de tela. Assim, fica fácil de marcar pontos de interesse e rapidamente saber que tipo de obstáculo impediu a progressão naquele local. É algo que já dava para fazer com marcadores e o botão de captura do console, mas assim é muito mais conveniente.

De certa forma, a relação deste jogo com Metroid Dread é similar à de Symphony of the Night com Super Metroid.

Uma nova história

Não gosto muito quando jogos desse estilo investem demais em narrativa, e acho que o equilíbrio é bem-acertado. Naturalmente temos mais diálogos no começo do jogo, mas na maior parte do tempo somos livres para explorar sem interrupções. Se tratando de um elenco completamente novo, o início é um pouco chato porque não temos tempo de entender cada personagem. Mais à frente, a narrativa explora um pouco melhor a relação de cada um deles con Sargon e seus papeis na trama, deixando um gosto mais agradável no final.

Tecnicamente competente

Como eu planejava jogar The Lost Crown durante uma viagem, optei por pegar a versão de Switch. Li de antemão que era uma versão competente do título, e de fato é verdade. Mantendo 60fps na maior parte do tempo, é uma experiência agradável e bastante aceitável pela opção de portabilidade. Dito isso, não é bem perfeita: certas cenas pesadas causam quedas notáveis de desempenho.

Pior que isso são os problemas frequentes de carregamento; especialmente quando navegamos de forma veloz pelo mundo, muitas vezes a transição de uma tela para outra leva alguns segundos. Não é um monte, mas é frequente o suficiente para se tornar incômodo.

Também tive alguns bugs; nada particularmente severo, mas duas vezes o jogo me colocou em uma situação quebrada que me obrigou a reiniciá-lo e outras duas vezes o gatilho de um puzzle não ativava. Uma dessas foi resolvida reiniciando, outra não, me impedindo de completar uma missão. Um bug particularmente engraçado foi quando uma cutscene do início do jogo foi ativada novamente ao passar por uma certa área muito mais tarde. É possível que esses bugs tenham sido resolvidos em atualizações, mas como eu estava sem acesso à Internet no momento, não pude verificar.

Depois, em casa, experimentei a demonstração do jogo no Series X para ter uma ideia das diferenças. Visualmente, as diferenças são sutis, mas as diferenças na resolução, framerate (que vai até 120fps no XSX e PS5) e particularmente os carregamentos instantâneos me deram uma vontadezinha de revisitar a campanha. Quem sabe no futuro. Com mais de 20 horas de jogo, estou plenamente satisfeito com a experiência, mesmo que não tenha sido possível fazer 100%.

O jogo ainda foi lançado para PS4 e Xbox One — não tenho como testar essas versões, mas considerando o estado do Switch, devem ser plenamente jogáveis. Minha impressão é de que daria para portar o título para Xbox 360 e PS3 com alguns sacrifícios, pois parece que foi o hardware do Switch que comandou o desenvolvimento. Por mim tudo bem, a estética do jogo é agradável e a vantagem é que roda extremamente bem nas plataformas atuais.

Prince of Persia: The Lost Crown revive a franquia de maneira inusitada, com uma drástica mudança de gênero que funciona surpreendentemente bem. Bonito e divertido de jogar em quase todos os momentos, o título se posiciona entre os melhores do estilo busca-e-ação dos últimos anos, sendo uma recomendação fácil para jogadores que gostaram de Hollow Knight, Ori and the Will of the Wisps ou Metroid Dread.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm