Relato: Como um Dragão: Kamurocho e Sotenbori na vida real - Neo Fusion
Relato
Como um Dragão:
Kamurocho e Sotenbori na vida real
22 de fevereiro de 2024

Em janeiro de 2024, pude realizar um sonho de longa data: viajei para o Japão e passei quase 3 semanas conhecendo as peculiaridades daquele país. Como fã de videogames, há muita coisa interessante para se ver lá — talvez num texto futuro eu aborde as partes mais nintendistas da viagem. Mas outra experiência inesperadamente divertida foi visitar os locais que inspiraram os jogos da série Yakuza/Like a Dragon.

Alguns anos atrás, um amigo disse que, quando visitou Florença pela primeira vez, tinha acabado de jogar Assassin’s Creed II e, por causa do jogo, foi capaz de navegar o centro da cidade sem a ajuda de um mapa. Na época, achei que era exagero dele; mas o mesmo aconteceu comigo no Japão após ter me afundado na saga de Kazuma Kiryu.

Confira abaixo uma breve história dos distritos Kabukichō e Dōtonbori, os equivalentes no mundo real de Kamurochō e Sōtenbori, com breves histórias dos locais e algumas fotos minhas (à direita) comparadas a imagens do jogo (à esquerda). Capturei as imagens em Yakuza Kiwami 2, que contém ambos mapas renderizados na Dragon Engine.

Kabukicho, o distrito vermelho de Tóquio

Tóquio é uma cidade enorme, na verdade composta de diversas cidades que ao longo dos anos se expandiram e se conectaram. Apesar de parecer uma massa cinza homogênea no mapa, há bastante diversidade nos ambientes de lá. Mesmo andando a pé, é perceptível como o cenário muda ao seu redor, passando por distritos financeiros, residenciais, gastronômicos e de entretenimento em poucos quilômetros.

Como turista, as regiões de Asakusa, Akihabara, Ginza, Shibuya e Shinjuku são as que mais chamam a atenção, cada uma com sua personalidade e estilo. Claro que passei pela travessia diagonal de Shibuya (aquela de Persona 5) e desenterrei jogos usados em Akihabara, mas eu estava muito curioso para ver Kabukichō, o bloco de Shinjuku que inspirou o lendário mapa de Kamurochō nos jogos.

Sabemos que estamos no lugar certo quando nos deparamos com a loja Don Quijote. Há tantas delas ao redor do Japão, mas esta é onde Kiryu comprou tantas aleatoriedades ao longo dos anos. E falo sério quando digo aleatoriedades. Encontramos desde videogames a produtos de higiene, de guloseimas a acessórios eróticos, de uísque refinado a acessórios de viagem. Explorar uma Don Quijote é um passeio por si só.

Kabukichō é a “cidade que não dorme”,  repleta de luzes 24 horas por dia, sinalizando negócios dos mais variados tipos. Restaurantes, bares, “clubes para cavalheiros”, salas de karaoke, e tantas outras comodidades surgiram ao longo dos anos ao redor do edifício e da praça dedicados à rede de cinemas Toho.

As ruas que são conhecidas como Tenkaichi, Nakamichi e Pink foram a parte mais movimentada do distrito. Tenkaichi na verdade se chama Kabukichō Ichiban, e é reconhecível pelo arco vermelho no início, uma espécie de portão tōri moderno.

A área havia sido completamente destruída durante a II Guerra Mundial e foi um foco de reconstrução desde os anos 1950. Não é por acaso que o local foi escolhido pela Sega para as aventuras de Kiryu: até os meados dos anos 2000, Kabukichō era uma área de forte atividade da yakuza (a máfia japonesa). Após um esforço de descriminalização, o bairro hoje é uma grande atração turística de Tóquio. Ainda assim, turistas precisam se manter atentos para não gastar muito mais do que o esperado nos estabelecimentos, em golpes conhecidos como “bottakuri”.

A rua Nakamichi dos jogos não tem um nome próprio, conhecida apenas como rua central e oferece uma vista à Millenium Toho Tower, com direito à cabeça do Godzilla de olho no movimento.

Ali perto há também a parte “dourada” de Shinjuku, conhecida no jogo como “Champion District”, onde mais de 200 de bares minúsculos são pontos de encontro para funcionários após um longo dia de trabalho. O minúsculo distrito preserva o cenário urbano japonês dos meados do século XX, tendo sobrevivido à guerra e a esforços de desenvolvimento da yakuza.

Dotonbori, a rua dos gigantes de Osaka

Na região de Kansai encontra-se Osaka, a terceira maior cidade do país. Apesar do tamanho, é bem menos interessante de explorar do que Tóquio. A maioria das atrações da região estão concentradas em Kyoto, a apenas 50km de Osaka.

Porém, próximo à enorme estação Namba, encontramos o rio e a rua, ambos chamados Dōtonbori. A rua é imediatamente reconhecível pelos personagens enormes construídos acima dos restaurantes, como caranguejos, polvos e dragões.

Ao norte do rio no jogo, ou ao sul do rio na vida real, a rua é repleta de restaurantes e outros tipos de negócios até acabar na ponte Ebisubashi, com um formato caracteristicamente redondo e cercada de enormes outdoors eletrônicos.

Uma espécie de Times Square japonesa, a ponte permanece iluminada durante o dia todo e é repleta de gente procurando restaurantes, lojas, ou apenas uma foto para o Instagram. Não podemos esquecer, é claro, de experimentar o takoyaki clássico de Osaka!

Olhando da ponte em direção ao rio, a paisagem parece muito mais serena. Como é típico do Japão, a natureza é posta sob controle da civilização, e podemos curtir as margens pelas passarelas em ambos lados. Vemos também a roda gigante de Dōtonbori, que faz parte de uma loja — adivinhe — Don Quijote.

Apesar de menor do que Kabukichō, achei Dōtonbori sinceramente ainda mais divertida. Sem tantos estabelecimentos que remetem à atividade da yakuza, me pareceu um lugar tranquilo para turistas. É tão denso em suas atrações que cada vez que passei por ali percebi algo de diferente, e gostaria de poder visitar ainda mais vezes.

Mas infelizmente, não cruzei com Kazuma Kiryu nem Goro Majima.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

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[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm