Elderand é um aquele tipo de game que deixa bem claro quais são suas principais influências, mas que, nem por isso, se deixa engolir por elas ou é menos divertido por conta disso. No papel de um guerreiro sem nome (mas com características personalizáveis), o game coloca você em um lugar em ruínas e o desafia a sobreviver a ambientes bastante hostis.
Essa premissa bastante simples — e um tanto clichê — dá espaço para uma experiência que vai revelando aos poucos suas qualidades. Enquanto no começo o que acabamos fazendo é pular, se desviar de ataques e matar inimigos bem fortes e resistentes, aos poucos começamos a destravar novas armas e pedaços de história que ajudam a entender o estado do mundo pelo qual passamos.
Além de oferecer novos equipamentos em ritmo constante (que podem ser comprados ou adquiridos em inimigos mortos), o título também tem elementos leves de RPG. Após certa quantidade de pontos de experiência, o jogador ganha um nível e destrava um ponto que pode ser usado para ampliar definitivamente uma área: força, inteligência, resistência e destreza.
O impacto da escolha feita sempre é claro, e certos equipamentos se beneficiam mais ou menos de cada um dos status. Como sempre é possível carregar dois conjuntos de armas que são facilmente intercambiáveis, Elderand acaba estimulando a construção de builds mistas, sendo bastante viável jogar como um guerreiro que usa magias pontualmente ou que usa arco e flecha quando a situação demanda.
Algo que me chamou a atenção na descrição oficial do game é o quanto ele enfatiza elementos como “chefões aterrorizantes”, “armas brutais” e “combates estratégicos”. Enquanto tudo isso certamente está presente, a aventura se provou muito mais justa e equilibrada do que eu esperava, especialmente em seus momentos iniciais.
Não se engane: os inimigos de Elderand batem MUITO pesado, e a chegada em cada nova área faz você se sentir que acabou de iniciar a aventura com equipamentos que nada prestam. No entanto, não demora muito até aprendermos que o combate do jogo tem um ritmo um pouco diferente, recompensando muito a tática de “bater, correr e repetir” e punindo quem cai de cabeça em seus confrontos.
Também ajuda o fato de que a exploração do game é bastante aberta e poupa o jogador de ficar batendo a cabeça até conseguir vencer algum adversário. Pelos meus cálculos, a partir do ponto inicial do game é possível abrir caminho até três tipos de chefes diferentes, e somente um deles é essencial para o prosseguimento da narrativa.
Os momentos em que é necessário enfrentá-los revelam a verdadeira dificuldade de Elderand. Se os inimigos batem pesado, os chefes parecem fazer isso em dobro, e não é muito difícil se ver consumindo rapidamente suas poções de cura nos momentos iniciais do confronto. Ao mesmo tempo, as coisas se tornam mais simples quando se percebe os padrões de ataque dos chefes e as janelas de tempo nas quais eles estão vulneráveis a ataques.
Na prática, a real dificuldade do jogo está ligada ao gerenciamento de recursos, não exatamente aos adversários enfrentados. Isso é especialmente evidente quando você entra em uma nova área e não sabe lidar bem com os inimigos presentes nela, diminuindo aos poucos conforme você se acostuma com eles — a questão só se torna algo pequeno quando desbloqueamos a viagem rápida entre pontos de descanso, o que só acontece após algumas horas de jogo.
Apesar de ter gostado de Elderand, saio dele com algumas sensações conflitantes. O game tem uma pixel art linda e desafios equilibrados, mas sempre sai exausto de toda sessão de jogo que participei. E chuto que, talvez, isso seja pelo fato de que o game cumpre bem um de seus objetivos, que é deixar o jogador tenso e temeroso de que pode perder seu progresso a qualquer momento.
Mesmo sabendo que, na prática, isso se trata de uma ilusão — os pontos de save são bem generosos e bem espaçados no mapa —, meu cérebro sempre dizia outra coisa. Somado ao fato de que o combate exige uma dose maior de estratégia que um hack’n’slash tradicional, isso fazia com que eu sempre estivesse em um estado de alerta constante, o que acabou tornando minha experiência mais exaustiva do que o normal.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm