Relato: Valkyrie Profile - Neo Fusion
Relato
Valkyrie Profile
10 de julho de 2023

Ao longo dos anos alguns ecos de videogames ficaram na minha cabeça. Dentre estes, sempre que requisitado pela memória por um motivo ou outro, havia aquele dizendo “Valkyrie Profile é bom pra caramba”. Com o tempo a lembrança registra apenas a manchete “é bom pra caramba” e os comos e porquês da coisa são completamente apagados. Ao fim, a gente ouve isso do fundo da mente, e temos a tendência de soltar frases do tipo, sem nem pensar que estamos apenas confiando na opinião de anos atrás de alguém que nem hoje tem lá muito conhecimento sobre videogame.

Felizmente não dependemos apenas das empresas e dos relançamentos para jogar alguma coisa, e a comunidade de emulação e modificação continua aí fazendo o bom trabalho. De qualquer forma, vira e mexe rola um lançamento oficial o que também gera um bom momento para a lembrança vir a tona e talvez darmos uma checada naquele jogo tão querido por um eu passado. No caso, o jogo original para o PlayStation chegou junto ao Valkyrie Elysium.

Valkyrie Profile Lenneth

Numa dessas joguei Valkyrie Profile pela segunda vez, muitos e muitos anos após ter jogado na época do lançamento original. Concordo, talvez não pelos mesmos motivos, comigo mesmo: Valkryie Profile é bom pra caramba.

O jogo funciona com uma estrutura bem delimitada. No início de cada capítulo a Freya fala qual tipo de guerreiro está sendo pedido para a guerra, a partir de características mais especificas ou do tipo mais geral (se é arqueiro, espadachim, mago, etc.). Temos um período dividido em 24 partes. A protagonista pode se concentrar e descobrir quais são as cidades e dungeons disponíveis para visita naquele capítulo em específico. Nas cidades engajamos com a história de alguém perto dos seus últimos momentos da vida. Observamos a trama até a morte do personagem, e Lenneth, a valquíria, o recruta para suas fileiras.

Valkyrie Profile combate

Já as dungeons são o ambiente de combate nos quais buscamos vencer os inimigos pelo mundo, encontrar artefatos para enviar (ou não) para o Odin, e principalmente treinar os einherjar. O interessante da coisa toda é que cada guerreiro possui sua gama de movimentos. De um até três ataques, possíveis em diferentes conformações a depender das armas (por exemplo, uma arma pode fazer o personagem dar apenas o ataque 3 ou apenas o 2, tendo dois ataques pode ser 1-2, 1-3 ou 2-3). Cada movimentação de cada personagem deve dialogar com os golpes dos outros, para que possamos elevar a barra de hits e usar os golpes especiais.

Existem golpes que jogam os inimigos para trás ou para frente, outros que os alçam no ar, tem projéteis e hits diretos com diferentes amplitudes e ritmos. Cada dungeon é um espaço para brincarmos com as diferentes formações do grupo de batalha e encontrar as conversas entre os movimentos de cada personagem. De qualquer forma, é necessário enviar guerreiros e perdê-los até o último capítulo. Como vamos recrutando novos, o jogo propõe a alternância, embora quem joga pode muito bem ir com o mesmo quarteto confortável até o fim.

Valkyrie Profile

Os personagens além de ter seu kit de movimentos único, também ganham um destaque a partir de suas vinhetas e de alguns sistemas narrativos do jogo. As vinhetas são os momentos nos quais a valquíria acompanha os últimos momentos da vida da pessoa. Todos passam por alguma tragédia, e algumas dessas histórias são inclusive bem engajantes.

O mais interessante, entretanto, são os desdobramentos narrativos que acompanham as vinhetas de cada um. Os personagens podem ser enviados para a guerra em Asgard, e ao fim de cada capítulo podemos acompanhar as situações e até mesmo conversas deles, tendo acesso a mais de seus arcos.

Valkyrie-Profile

Enviar os personagens pressupõe que eles terão um nível mínimo de “Hero Value”. O negócio é que todo personagem chega com um nível baixíssimo de valor heróico.

Todas as vidas e situações vistas nas vinhetas e nas dungeons apontam para um mundo bastante violento e desigual, e naturalmente o meio acaba criando pessoas cheias de problemas. Ao vermos como características positivas e negativas fazem parte de cada personagem, também entendemos melhor tanto a construção de cada um deles, como a perspectiva mais geral daquele mundo.

Valkyrie Profile

Veja, é super comum os elementos mais marginais desse mundo (a bandidagem mesmo) cheguem com um valor heróico bem baixo, e quase todos tem uma seguinte característica: falta de sorte. É sutil e singelo, mas dá pra ver de forma concreta no resto da experiência como na maior parte dos casos a falta de sorte de engajar com as camadas mais violentas e desiguais desse mundo em vias do fim faz das pessoas sujeitos menos heróicos.

Soma-se ao fato de que há um ótimo arco da própria personagem Lenneth, escondido atrás de sistemas de jogo e principalmente pressupondo um certo jogo de cintura na medida em que cumprimos com as ordens do senhor Odin, enquanto também vamos construindo a negação do próprio mestre.

Valkyrie Profile

O RPG ainda tem muito destaque na forma como constrói as suas opções de dificuldade. Além da questão do combate, jogar no modo mais difícil traz dungeons exclusivas nas quais existe muito mais a se fazer em termos de compreensão do level mesmo. Sempre há algum tipo de puzzle ou gimmick, colocando um desafio para quem joga mediante as mecânicas comuns de exploração propostas para o grosso do jogo.

Valkyrie Profile é um desses casos em que todos os aspectos do jogo conversam, além de buscarem serem interessantes em seus próprios termos. O combate é inventivo e cheio de camadas, bem como os sistemas de progressão e build dos personagens em termos de batalha, e sobretudo em termos narrativos. A estrutura dos capítulos e a pluralidade das vinhetas agradam bastante. A proposta de exploração dialoga com jogos de progressão lateral, e as dungeons são diversas e algumas delas bem interessantes. Ao fim, ainda existem outros sistemas e mecânicas compondo.

Leia também

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm