Desenvolvido pela Nihon Falcom, The Legend of Heroes: Trails into Reverie é possivelmente um dos RPGs com a maior barreira de entrada de toda a história. Isso porque o game é a culminação da linha narrativa de duas séries interconectadas desenvolvidas pela empresa, cujos acontecimentos são essenciais para se situar no que está acontecendo no novo título.
Para quem não conhece a série The Legend of Heroes, basta saber que o jogo começa a partir do ponto em que acabaram Trails from Azure e Trails from Cold Steel IV. Na prática, ele é como se fosse o “Avengers: Ultimato” de uma história que está sendo contada há mais de 20 anos, e também traz referências à trilogia Trails from Sky.
Dado que toda a franquia sempre pegou pesado na história, o jogo começa partindo do pressuposto que você sabe quem são seus personagens e o que eles fizeram no passado. Se por um lado isso faz com que ele não seja uma boa porta de entrada para a franquia, isso permite que ele corte algumas gorduras que ajudam muito no desenvolvimento de sua ação.
O novo RPG da Nihon Falcom tem aquele que é provavelmente um dos começos com melhores ritmos de toda a franquia. Ele começa no momento em que a cidade de Crosbell, após anos de um estado de sítio e o domínio de forças estrangeiras, é libertado por um grupo de heróis que o público conhece muito bem.
Um dos líderes desse movimento de resistência é Lloyd Bennings (de Trails from Zero e Trails to Azure), que colaborada com dezenas de outros personagens para atingir seu objetivo. Nesses momentos inicias, o game coloca o jogador para batalhar conta diversos inimigos diferentes e introduz alguns tutoriais que ajudam a lembrar das características do sistema de combate, que é em boa parte compartilhado com os outros games da série.
Depois de um começo em ritmo rápido, as coisas se acalmam um pouco, permitindo que o jogador veja as consequências de suas ações e se reconecte com companheiros antigos. Nessa hora é que fica claro o peso do passado da franquia: se você não jogou os games anteriores, vai ficar perdido em relação às dezenas de rostos e referências a acontecimentos importantes que surgem o tempo todo.
No entanto, o principal problema dessas interações é o fato de que elas representam algumas “puxadas de freio” bem evidentes na narrativa. É legal reconhecer rostos antigos e saber o que cada personagem está fazendo agora, mas isso podia ser apresentado de forma mais legal do que no esquema “gaste algumas horinhas falando com todos eles e só depois prossiga na narrativa”.
Felizmente, a qualidade da narrativa principal é alta, embora alguns acontecimentos pareçam só reviver cenários do passado. Como a paz não é algo exatamente interessante para o desenvolvimento de uma história, não demora muito para os protagonistas descobrirem que seu plano de libertação de Crossbell não foi tão bem-sucedido quanto o imaginado e uma mistura de vilões do passado e novas ameaças ressurjam.
Um dos diferenciais que Trails from Reverie apresenta é o fato de que sua narrativa é dividida entre três protagonistas, que precisam se alternar após avançarem por determinado tempo. O primeiro que nos é apresentado é Lloyd, e logo depois podemos ver o que está acontecendo sob o ponto de vista de Rean Schwarzer, da quadrilogia Trails from Cold Steel.
No entanto, o personagem mais interessante é o mascarado C, que inicia uma linha narrativa própria acompanhado por duas crianças treinadas para serem assassinos. É principalmente através dele que o game começa a se distanciar dos eventos passados e traça o caminho para a nova série de The Legends of Heroes, que já chegou ao mercado japonês.
Enquanto, conforme mencionei, a história pode ter alguns momentos de maior lentidão, seu ritmo em geral é bastante bom e consegue manter o interesse dos jogadores. Enquanto volta e meia é preciso deixar de lado um protagonista para conferir o que os demais estão fazendo, a duração dos trechos ocupados por cada um é boa e dá aquela sensação de que estamos vendo cada vez mais o desenvolvimento de uma trama geral que é muito bem entrelaçada.
Caso você queira descansar um pouco da história, também dá para passar um bom tempo no True Reverie Corridor, uma área que é mais focada nos combates do que na história. Esse local também esconde alguns elementos narrativos, mas seu principal foco é o grind e nas recompensas.
Felizmente, a parte mecânica de Trails from Reverie funciona muito bem, aproveitando as bases sólidas estabelecidas nos capítulos anteriores. A principal novidade fica por conta da chegada da nova habilidade United Front, que chama para a porrada os membros de seu grupo que não estão ativos, permitindo que você cause um dano bastante considerável.
Enquanto não dá para usar esse recurso toda hora, ele se recarrega em um nível bom o suficiente para que você possa ativá-lo com uma boa frequência. Enquanto ele está indisponível, também temos acesso a ataques normais (com direitos a links entre personagens), magias que exploram pontos fracos de inimigos, habilidades especiais e o sistema de Brave Orders, que traz bônus temporários variados.
Todos esses sistemas brilham especialmente durante as batalhas contra chefes, que também podem usar suas próprias ordens para ganhar vantagens. Nesses casos é preciso não somente pensar de forma estratégica sobre suas ações, mas também sobre quais personagens é bom ter em campo — e sempre dá para alternar entre membros ativos e inativos quando o contexto geral exige isso.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm