No meio de um outubro concorridíssimo, surge Ghostrunner 2, continuação do título cyberpunk de 2020. Admito que não joguei o original antes de embarcar na sequel, mas pelo que entendi os fundamentos básicos dos dois títulos são os mesmos.
Ghostrunners são super ciborgues que, pelo que entendi, fazem parte de uma força opressora naquele mundo futurista. Em certo momento (provavelmente melhor explicado no primeiro jogo), uma unidade Ghostrunner foi capturada por aqueles que batalham contra a opressão. Então, controlamos e acompanhamos Jack, o Ghostrunner benigno.
Sinceramente, não me interessei muito pela narrativa do título ao ponto de acompanhar algo além das premissas mais básicas. Boa parte da história é contada através de conversas que ocorrem via rádio durante o jogo — e é bastante difícil prestar atenção nelas enquanto continuo jogando. O ritmo do jogo é veloz e muitas vezes frenéticos, exigindo uma atenção constante do jogador.
Aí temos algumas cutscenes fortunadamente curtas e algumas intermissões entre fases que nos colocam em uma base para conversar com outros personagens. Essas conversas são mais fáceis de acompanhar mas bastante secas e… meio sem graça mesmo.
Dito isso, outros elementos que cercam a narrativa — particularmente a ambientação e direção artística — são bastante fortes e sustentam toda a vibe cyberpunk do jogo. Em algum nível, a narrativa parece ser baseada na mitologia do hinduísmo — nomes como Dharma, Asura e Rahu são presentes e fazem essa conexão… Mas eu não posso descrever a fundo o significado disso.
A jogabilidade sem dúvida é o ponto forte de Ghostrunner. Jack é um personagem particularmente ágil, cuja arma principal é uma espada. Com um grande foco em movimentação em primeira pessoa, o título me lembra muito de Mirror’s Edge, um jogo particularmente único da sua época que posteriormente fomentou seguidores. Desta vez, há um foco maior em combate, que provavelmente divide 50% da atenção do jogo com o parkour.
Enquanto há momentos em que podemos focar mais na movimentação ou mais no combate, onde o jogo realmente brilha é quando devemos fazer ambos simultaneamente. Grandes arenas, repletas de pontos onde pular, escalar, correr, se prender e tudo mais salpicada de inimigos de variados tipos. Como Jack é uma unidade de combate corpo-a-corpo, é importante chegarmos aos inimigos antes deles chegarem até nós.
Nos encontros maiores, dificilmente há uma só forma de abordar a situação. Não temos uma barra de vida, portanto qualquer golpe recebido é letal. Os dois fatores se complementam porque o jogador inevitavelmente vai ter que abordar o mesmo cenário múltiplas vezes, e pode ir adaptado a estratégia de acordo com o que funciona ou não. Podemos entrar pela direita, ou por cima, ou diretamente pelo meio. Cada jogador pode escolher o que funciona melhor para seu estilo de jogo e os equipamentos disponíveis.
Complementando a confiável espada temos habilidades como a shuriken, um modo fantasma, um empurrão telecinético, além de um gancho como em quase todo jogo dos últimos anos. Não vou reclamar, pois ganchos são quase sempre bem divertidos. Acho particularmente legal como o jogo é capaz de fazer todas as habilidades serem úteis tanto para combate, quanto para movimentação… E ocasionalmente também para um pouco de exploração e resolução de puzzles.
Os jogadores que quiserem mais Ghostrunner após a campanha podem aproveitar o modo Roguerunner, que realmente é um roguelike baseado nas mecânicas do jogo. Cada desafio de plataforma ou combate leva a uma recompensa, mas após um certo número de fracassos devemos recomeçar do zero.
Em uma virada digna de Battletoads, acontece que um bom tanto de Ghostrunner 2 — talvez uns 30% das fases — são desenhadas ao redor de uma motocicleta. Entram, então, no panteão de fases de motoca. A moto em si é bem divertida de controlar, e as fases alternam entre pistas lineares e velozes, segmentos mais abertos, e partes onde devemos descer da moto para ativar portas e pontes.
Isso dá uma nova energia ao jogo — um pouco antes da motoca, eu estava começando a cansar da estrutura e ritmo do jogo, que era legal mas mudou pouco. O veículo dá um senso de grande escala ao mundo, e é divertido desviar de obstáculos e pular sobre abismos com ela.
Porém, também é perceptível que essa parte da jogabilidade não é tão polida quanto a principal. Por vezes consegui deixar a moto presa na geometria do jogo, além de que, nos ambientes enormes, dá para notar quando nem todos os elementos visíveis receberam a mesma atenção a detalhes dos artistas e desenvolvedores.
Para concluir, vale dizer que o jogo roda excepcionalmente bem. É daqueles jogos que não parecem fazer nada particularmente extraordinário graficamente, mas não deixa de ser muito bonito na grande maioria das situações. No Xbox Series X, optei por jogar em 1080p/120fps, alvo que ao menos aos meus olhos é quase sempre atingido. Em talvez 3 situações a taxa de quadros caiu desastrosamente, talvez abaixo mesmo de 30fps, por alguns segundos, e depois voltou. Me parece mais um bug do que uma verdadeira queda de desempenho, então esperamos que seja resolvido com algumas atualizações. Fora isso, foi suave, um grande avanço comparado à experiência que tivemos com o primeiro jogo no PS4.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm