O primeiro Volgarr the Viking foi lançado há mais de 10 anos, uma era muito diferente da atual para os jogos indies. Em meio a diversos títulos modernizando a estética retrô dos anos ’80, Volgarr trazia uma experiência mais autêntica, com mecânicas e dificuldade realmente similares aos dos jogos da época. Agora, a continuação Volgarr the Viking II retorna com exatamente a mesma proposta. A culpa pode ser minha por não ter prestado mais atenção ao marketing do jogo, mas admito que fui pego de surpresa pela dificuldade excessiva.
Controlando o titular líder viking em uma luta contra invasores, Volgarr pune incessantemente cada um dos nossos erros. E esses erros são muitos, já que os controles do jogo são lentos e travados. Após iniciar um pulo errado, tem pouco que podemos fazer para corrigi-lo: há um segundo pulo que muitas vezes resolve, mas às vezes já nos lançamos em direção de uma morte certeira.
Além disso, por padrão, morremos instantaneamente após sermos atingidos por qualquer golpe, obstáculo ou inimigo. Baús pela fase oferecem armaduras que servem como proteção e dão habilidades adicionais: eu gostei dessa ideia de progressão, mas novamente é muito fácil perder as peças de armadura, e tais baús são poucos durante as fases.
Apesar dessa dificuldade, não achei o jogo particularmente injusto. Talvez seja o oposto, porque após entender as mecânicas básicas, quase todas as situações são um desafio de abordagem. Basta ter um pouco de paciência e bastante destreza para superar cada obstáculo. Mas, novamente, cada erro cometido em um processo de experimentação de abordagem acata consequências graves. Morrer e perder armadura deixa Volgarr mais fraco do que antes, o que significa que a próxima tentativa se torna mais difícil.
Para torná-lo mais tolerável, eis algumas dicas que não são explícitas no jogo, mas acabam sendo muito úteis: uma adaga no chão indica um segredo próximo; as pedras que podem ser destruídas para tesouro são, na verdade, checkpoints; e, por algum motivo, após usar 6 continues, o jogo ativa o modo zumbi permanentemente.
Falando dos checkpoints, que são uma novidade do segundo jogo. As fases que joguei levaram em torno de 15 minutos para completar, geralmente com uns dois checkpoints no meio. O que significa que apenas um erro pode significar uma perda de 5 minutos de jogo, mas após morrer algumas vezes e entrar em game over, devemos recomeçar a fase inteira sem os checkpoints. Essencialmente, o jogo espera que você tenha a motivação para repetir cada fase múltiplas vezes, decorando a posição das plataformas e dos inimigos, para poder avançar.
Já sobre o modo zumbi, eventualmente Volgarr vira um zumbi e não morre mais com golpes de inimigos. Digo “eventualmente” porque isso vai acontecer com você, por mais habilidoso que você seja como jogador. Para mim, esse estranho modo de acessibilidade deixou o jogo mais digerível, me permitindo passar pelas fases me preocupando mais com os desafios de plataforma e menos com os inimigos.
Mas um modo assim, escondido e mandatório, é difícil de compreender. Para um jogador menos habilidoso, faria mais sentido ter essa opção claramente acessível no menu. Já para outro, que busca toda a dificuldade que o jogo oferece, não faz sentido ter que recomeçar o jogo inteiro para poder desativar o modo zumbi e conseguir o “final verdadeiro”. Sinto que os desenvolvedores estão colocando sal na ferida dos dois jeitos.
No fim, só posso recomendá-lo para quem realmente busca uma experiência retrô autêntica, para quem quer testar os limites do seu espírito zen, ou para quem quiser se sentir como o Angry Video Game Nerd.
Volgarr the Viking II está disponível para PC, Nintendo Switch, PlayStation e Xbox.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm