Análise: Ace Attorney Investigations: Miles Edgeworth - Neo Fusion
Análise
Ace Attorney Investigations:
Miles Edgeworth
9 de outubro de 2024
Este texto trata de um dos jogos inclusos na coletânea Ace Attorney Investigations Collection, cuja cópia de Xbox foi fornecida pela Capcom.

Para alguém que dificilmente engaja com o gênero de visual novels, a série Ace Attorney sempre foi uma exceção. Com personagens icônicos, mistérios envolventes e reviravoltas de tirar o fôlego, é uma franquia que gosto de visitar a cada tantos anos.

Alguns amigos, mais obcecados com a franquia do que eu, há anos me diziam para experimentar Ace Attorney Investigations: Miles Edgeworth, o spin-off protagonizando o promotor rival do titular Phoenix Wright. Até comprei uma cópia usada do jogo para o DS, mas acabei deixando para jogar depois de alguns outros jogos da série.

Aconteceu que, este ano, encontrei-me viajando bastante de ônibus e metrô, e a série Ace Attorney mostrou-se uma companheira bem-vinda para esses momentos. Durante alguns meses, joguei Apollo Justice: Ace Attorney durante essas viagens e, logo quando pensei em começar o Investigations, a Capcom anunciou uma nova coleção, incluindo o título original e sua continuação, que até então nunca havia sido lançada fora do Japão. Podemos considerá-la o “Mother 3 da Capcom”?

Tratando-se de uma coleção de dois jogos substancialmente longos, divido minha análise em duas partes. Neste texto, discuto apenas o primeiro título da coletânea. Espero trazer a segunda parte ao Neo Fusion nas próximas semanas.

Miles Edgeworth, promotor de primeira

Protagonizando Miles Edgeworth, a série Investigations propõe uma mudança na estrutura clássica da série Ace Attorney. Ao invés de dividir os capítulos entre cenas de investigação e de corte, todas as histórias se passam fora da corte (ao menos no sentido tradicional), focando-se apenas na investigação.

Porém, apesar dessa mudança, o resultado final não é muito diferente. Passamos mais ou menos metade do tempo explorando ambientes para encontrar evidências, e a outra metade interrogando testemunhas para destrinchar seus argumentos com tais evidências. A novidade aqui é um sistema chamado Lógica: algumas observações de Edgeworth não são representadas por evidências concretas, mas apenas linhas de raciocínio. Quando conectamos algumas dessas observações, podemos interpretar o caso sob nova ótica e avançar a investigação.

Esteticamente, a grande diferença é que vemos Edgeworth sempre em terceira pessoa e o controlamos diretamente nos ambientes investigados. Nos outros jogos, assumimos uma perspectiva de primeira pessoa, que de certa forma é mais limitada, então é legal poder sempre ver o protagonista e sua expressividade.

Tratando-se de uma remasterização de um jogo de Nintendo DS, encontramos aqui alguns materiais já reaproveitados das versões HD anteriores. As artes de Edgeworth, por exemplo, são basicamente as mesmas que datam da versão de iOS da trilogia original, de 2009. Já outros personagens também derivam suas artes da versão iOS de Investigations, de 2017.

A versão de iOS utiliza os cenários e personagens “chibi” pixelados do DS — a coletânea atual inclui novas versões dessas artes. Os créditos indicam que houve um auxílio da Arc System Works, um estúdio renomado pelo trabalho em arte 2D, e isso é visível nessas novas artes. Porém, o material reaproveitado da versão de iOS mostra um pouco da idade: os retratos dos personagens parecem bastante simples quando colocados numa tela grande.

Para efeito de comparação, joguei algumas partes do jogo na versão de DS. Fora as atualizações gráficas e alguns ótimos rearranjos de músicas, as diferenças são quase imperceptíveis. O roteiro parece ser exatamente o mesmo e não tem muito a se dizer sobre melhorias de qualidade de vida, fora a opção de salvar e recarregar mais livremente. Um ponto notável é poder escolher entre inglês, francês, alemão, coreano, chinês e japonês inclusos na mesma cópia.

Um grande mistério a se desvendar

Todos os jogos Ace Attorney envolvem alguma conexão maior entre os casos, resultando em reviravoltas surpreendentes. Mas também geralmente incluem um ou dois casos mais isolados que não necessariamente servem a um mistério maior.

No jogo de Edgeworth, todos os casos são conectados num arco narrativo maior, sem grandes esforços de esconder isso. Por um lado, isso faz do jogo ser narrativamente satisfatório, pois parece que tudo que testemunhamos se encaixa num escopo maior. Por outro, acaba tirando um pouco do mistério de cada caso, pois tal escopo se torna claro para o jogador em determinados pontos.

Particularmente estranha é a sequência dos cinco casos: cronologicamente, a ordem é 4, 2, 3, 1, 5. O capítulo 4 é um flashback que contextualiza os acontecimentos dos casos 1, 2 e 3, então entendo essa decisão; mas fora isso essa sequência atrapalha um pouco o arco lógico da narrativa. Faz sentido em termos de jogo, pois o capítulo 1 é bem mais simples e mais apto a ser uma introdução.

O caso 5 faz jus à série com uma das melhores reviravoltas dela; porém acaba se esticando demais após isso e me deixou cansado ao final. Parece que a intenção dos desenvolvedores era simular a experiência de um “final boss”, mas realmente passou um pouco do bom senso.

A narrativa do jogo não se envolve muito com o arco maior da série, funcionando perfeitamente como história isolada, mas não deixa de contar com a presença de vários personagens familiares… amados e repudiados.

Apenas o começo

Como já dito, este texto aborda apenas o primeiro jogo da coleção Ace Attorney Investigations Collection. Começarei a jogar o segundo nos próximos dias para trazer uma discussão a seu respeito. Ouvi falar muito bem da continuação, que finalmente está disponível (oficialmente) para se jogar em inglês.

Em um comentário breve, se possível opte por jogar a série Ace Attorney em um aparelho portátil: o Nintendo Switch, ou um celular, ou um PC portátil como o Steam Deck. Jogos que envolvem muita leitura são mais cômodos de jogar de forma portátil, e acabam sendo bons companheiros para transporte ou salas de espera. No meu caso, joguei algumas partes controlando o Xbox remotamente pelo celular, e outras pela versão de DS para comparar.

Ace Attorney Investigations: Miles Edgeworth é uma entrada marcante na franquia Ace Attorney, explorando as crônicas do promotor e um divertido elenco de co-protagonistas. Não tem as maiores reviravoltas da série, mas é sempre empolgante de acompanhar... Até chegar no seu final demasiadamente enrolado.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm