Nesses últimos dias, fui convidado a experimentar um pouco de Ari Buktu and the Anytime Elevator pela Steam: Uma aventura de plataforma e quebra-cabeças 2D estrelando um protagonista ao estilo Marty McFly (De Volta Para o Futuro), e a breve demo me fez pensar um pouco – e então, cá estamos nós discutindo.

O jogo está em desenvolvimento pela Adventure Works, uma empresa de Miami conhecida por trabalhos em parques de diversão por empresas como a Disney – um pulo bem diferente para a carreira – e Ari Buktu é seu primeiro pé na indústria de jogos, mas definitivamente podemos ver que as influências de trabalhos passados ajudaram a moldar o pequeno teaser que ganhamos para o jogo completo. A história segue o titular Ari Buktu, um estudante de ensino médio com uma atitude bem Indiana Jones/Lara Croft/Nathan Drake enquanto ele se mete em confusões que seu amigo, o Professor Lionel, o coloca em meio às suas invenções mirabolantes – uma dinâmica bem Marty McFly e Doc Brown, para referenciar o começo do texto. Eles se veem no meio de um deserto do Egito, tendo viajado para o passado no também-titular Anytime Elevator, mais uma das invenções do Professor, e mesmo querendo ir para casa porque ele precisa ir pra escola e tem um encontro com sua namorada, Ari continua seguindo o Professor em uma aventura porque esse é o tipo de pessoa que ele é – o famoso personagem “metido com um coração de ouro”.

A semelhança a Doc Brown e Marty McFly é aparente, e intencional

Imediatamente, o que me chamou mais a atenção dos trailers e cenas iniciais foram os designs de personagem, algo que parecia vir de alguma versão de Rayman da antiga Ubisoft (ou até mesmo Connie and the Essence of Chaos), e em termos visuais a demo foi bem colorida, mesmo que constantemente amarelada – por conta dos cenários desérticos. A música é bem típica de filmes de aventura como Indiana Jones (sei que algumas composições de John Williams são lendárias, mas você provavelmente consegue entender o que quero dizer), e isso funciona muito bem, e achei a atuação de voz em geral agradável, apesar de questionar o roteiro algumas vezes: Acho que com roteiros envolvendo esse tipo de personagem que está sempre comentando sobre o que está acontecendo e tentando fazer piadas é fácil mirar no personagem “irritante mas agradável” como Homem-Aranha e acabar caindo atingindo “apenas irritante” como foi o caso em Yars Rising, mas apesar de alguns deslizes e de algumas piadas forçadas, na maioria das vezes não achei que Ari Buktu foi especialmente ruim, e algumas vezes legitimamente engraçado.

Os interiores de uma pirâmide – que segredos ela guarda?

Em termos de jogabilidade, Ari Buktu é um jogo de plataforma de rolagem lateral 2D onde você explora as ruínas de um templo no Egito antigo enquanto pula, corre, escala paredes ao estilo Uncharted e até usa um gancho para se pendurar, tudo com um fluxo bem rápido e animado, até mesmo na escalada – se você apertar o direcional na hora certa você consegue subir mais rápido, mantendo o fluxo dinâmico do jogo – e ocasionalmente coleta tesouros atrás de desafios de plataforma extras e resolve quebra-cabeças como empurrar blocos para abrir algumas portas. É um jogo bem focado em seus personagens, para fazer a comparação com Uncharted de novo, mas creio que a jogabilidade em si é divertida. Por conta dos controles responsivos e da rapidez com a qual tudo se dá, terminei a demo de mais ou menos 40 minutos sem perceber o tempo passar, e creio que existe bastante promessa de um jogo com o fluxo de um filme de aventura aos quais está querendo emular, e de certa forma, parece mesmo um filme ou até uma atração de parque de diversões – é rápido, divertido e energético, com direito a uma cena onde você está a bordo de um daqueles carrinhos/vagões de mineração, a la Donkey Kong Country (ou quem sabe a montanha russa de Indiana Jones em algum parque da Disney).

Você vai ter que empurrar alguns blocos, mas nada que te faça perder a cabeça.

Os desafios de plataforma e balanço não são muito difíceis, e o fluxo com certeza ajuda a diversão (apesar de mesmo assim achar as partes de escalada a mão um tanto excessivas), e os quebra-cabeças não são muitos, mas são interessantes – e não acho que você passaria tempo demais tentando resolvê-los. Se posso criticar algumas coisas, acho que algumas das animações faciais dos personagens ficam meio discordantes do que eles estão falando – as animações são basicamente a imagem da expressão do personagem sendo refletida no rosto deles e mudando frame a frame, quadro a quadro: imagine se você tirasse várias fotos do seu rosto e trocasse entre essas fotos para dar a impressão que você está falando, é basicamente assim, e talvez por uma gama limitada de expressões possíveis algumas falas ficaram um tanto “dissonantes” com o diálogo. Isso são detalhes mínimos comparado ao maior problema: A instabilidade. Durante os 40 e poucos minutos de jogo, Ari Buktu travou quatro vezes, me fazendo forçar a parada do jogo no Gerenciador de Tarefas. É até estranho porque quando o jogo funcionou, funcionou perfeitamente bem e rodou super liso no meu PC (que não é dos melhores PCs, tenho que admitir – consigo no máximo alguns jogos de PS3 rodando lisos, PS4 talvez: Resident Evil 2 tem que ser na qualidade mínima), mas fui parado essas quatro vezes em momentos distintos. Pelo menos o jogo salva frequentemente, mas ainda assim, é algo que deve ser chamado a atenção.

Tudo culmina em uma fuga a bordo dos vagões.

Mencionei que o jogo lembrava um pouco uma montanha-russa, mas não quero que isso soe como um “elogio falso” – Ari Buktu me fez pensar um pouco sobre essa mania que a internet meio que desenvolveu de taxar jogos ou filmes de ruins porque são simples, mas às vezes esse tipo de aventura ou narrativa é exatamente do que você precisa. Não é porque uma montanha-russa é algo “que você já viu mil vezes” ou que “acaba rápido” que não pode continuar sendo divertida, e creio que essa analogia funciona muito bem para o que Ari Buktu promete: Uma aventura com muita animação que não tenta ser mais do que ela quer ser – algo simples e familiar – e que dá algumas risadas, algumas horas de diversão e uma clássica história de filme de aventura. Só espero que tenhamos atenção e cuidado aos detalhes de performance mencionados antes, mas creio que se algo desse texto te interessou, é uma boa ideia ficar de olho em Ari Buktu and the Anytime Elevator – pode ser que tenhamos um sic parvis magna em nossas mãos.