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Dragon Quest III HD-2D Remake: Um Clássico Ao Quadrado

13 de novembro de 2024
Tivemos oportunidade de jogar Dragon Quest III HD-2D Remake, na versão de Nintendo Switch, fornecido pela Square Enix

Dragon Quest é uma daquelas franquias lendárias que tem o mérito de dizer que tem 2 dígitos em sua franquia principal – as grandes sagas de jogos que tem mais de 10 jogos numerados, como Final Fantasy ou Megaman, e isso é sem contar com os vários spin-offs, relançamentos e versões diferentes de jogos já existentes. Com todos esses jogos, naturalmente é fácil de deduzir que os jogos vem sido feitos há muito tempo, e no caso de Dragon Quest não só isso é verdade como vai mais além: É um dos primeiros jogos de RPG eletrônico a colocar um molde no que esperamos do gênero, a dar um exemplo que funcionava tão bem que vários outros viriam a seguir seus passos. Naturalmente, a franquia viria a evoluir dentro de si mesma e em breve fazer jogos que seriam considerados grandes clássicos que são pontos chave dentro de sua própria franquia, e um dos primeiros casos disso é o caso de estudo de hoje: Dragon Quest III.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando os protagonistas vagando o mapa mundi
A aventura me chama…

 

DRAGON QUEST III – O QUE TORNA UM JOGO UM CLÁSSICO?

 

Dragon Quest III – também conhecido como Dragon Warrior III ou com o subtítulo The Seeds Of Salvation – foi originalmente lançado para o Famicom em 1988, com versões para NES, SNES, Game Boy, e até dispositivos móveis, sendo levada essa versão para o Nintendo Switch em 2019. Dragon Quest III foi um jogo elogiado por trazer a customização de personagens baseada em classes para a franquia, um sistema de dia e noite, um mundo mais expansivo que nunca e, em versões pós-NES, até um sistema de personalidade para seus personagens. Parece o mínimo nos dias de hoje, mas lembre – esses eram pontos de alta importância para os RPGs da época, e enquanto algumas dessas características estavam no primeiro Final Fantasy, ele com certeza não era tão polido quanto Dragon Quest foi para sua época.

Dragon Quest III não teve muita popularidade inicialmente no ocidente, porque sua data de lançamento já havia vindo depois da entrada de consoles como o SNES ou o Mega Drive, então eram ditos como visualmente ultrapassados, mas pouco a pouco ele foi sendo mais descoberto e explorado por gamers de todo o mundo que ainda se viam impressionados com a simplicidade eficiente de Dragon Quest III – e eu mesmo posso me incluir nessa leva de pessoas. Apesar de notar a idade do jogo em alguns aspectos, Dragon Quest III me voltaria a mente em vários momentos e ficaria comigo como um dos marcos para o meu retorno triunfante aos RPGs, por ser um jogo simples, direto, divertido e que, acima de tudo, não tentaria ser mais do que ele é: Algo que facilmente recomendaria se você é um entusiasta de JRPGs antigos – mas para a minha alegria, hoje não preciso dizer que você deve arcar com os grandes problemas de consoles passados ou o visual meio esquisito da versão de dispositivos móveis – você tem o modo definitivo de jogar Dragon Quest III, na forma da versão HD-2D Remake.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando os quatro protagonistas em combate contra um grupo de sapos
Um JRPG clássico, ainda mais clássico

 

HD-2D REMAKE: REDEFININDO UM CLÁSSICO

 

Dragon Quest III começa com uma espécie de teste de personalidade: Ao nomear sua personagem, te apresentam uma série de perguntas rápidas de “sim” e “não”, e te põem de frente a uma situação corriqueira que tem algumas resoluções diferentes diferente do que você vai fazer: Por exemplo, uma placa te diz siga em frente não importa o que aconteça, você vai fazer exatamente isso, ir para trás em vez de ir para frente, ou vai procurar tesouros? Isso tudo diz um pouco sobre que pessoa você é, e no fim disso tudo, você terá um “julgamento” sobre qual sua personalidade. É uma ideia que tem vários furos, para ser honesto – assim como os próprios testes de personalidade – mas é algo um tanto único para esse tipo de JRPG. Na maioria das vezes, o tipo de personagem que protagonistas são é quase mudo, apenas com algumas ideias simples, mas esse pequeno “quiz” que Dragon Quest III traz é uma distração bem vinda, especialmente se você curte a espécie de “roleplay” que jogos de RPG de mesa trazem.

A história do jogo é bem simples: Você atingiu a idade de 16 anos, e como única pessoa descendente do herói Ortega, está na idade de sair para explorar o mundo ao seu redor e fazer seu nome, como seu pai havia feito em seu tempo. Para isso, você recruta 3 companhias no Patty’s Party Planning Place – A taverna ideal para conhecer novas pessoas que tenham sede de aventura para desbravar o mundo lá fora. É simples, mas faz o trabalho que tem que fazer, e remete bastante aos mencionados RPGs de mesa – o tipo de jogo que diz “estamos aqui pra nos divertir juntos, nosso objetivo é claro, vamos lá” – o que é ajudado pelos breves traços de personalidade de cada personagem.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando o sistema de criação de novos personagens
Fiz uma versão dos meus amigos dessa vez, e tive que rir quando o jogo chamou de palhaço

 

Chegando ao Lugar de Planejamento de Grupo da Patty – Patty’s Party Planning Place – para recrutar novas companhias, você pode escolher dentre quem estiver disponível já pronto, que geralmente vão ser personagens mais básicos, mas é bem mais interessante criar seus próprios personagens (o jogo chama de “encontrá-los”, mas em termos práticos, você está criando quem você quer). Você escolhe uma das 8 classes disponíveis e distribui alguns bônus a seus atributos, e baseado nisso, o jogo vai te dar uma personalidade para aquele personagem – que afeta como os atributos daquele personagem evoluem. Se você não achar que foi um bom resultado, é só tentar mais uma vez, até que toda a sua party estiver formada! Em minha experiência, dessa vez fui com um Mago, um Padre e uma Domadora de Monstros – a classe mais nova adicionada em HD-2D Remake – um grupo bem focado em feitiços e habilidades. O seu protagonista sempre vai ser da classe de Hero, que é meio que uma classe que faz um pouco de tudo.

Ao sair da sua cidade natal de Aliahan, você recebe o objetivo de chegar na cidade de Reeve, e está livre para explorar o mapa ao seu redor. A área ao redor de Aliahan e Reeve serve como uma espécie de tutorial: Ao passar dessas duas áreas, aí sim você consegue ver o quão grande é o continente que você está explorando. Em típico estilo de JRPG, você vasculha mapas abertos enquanto procura cidades que te levam a mais informações sobre onde você precisa ir, que geralmente levam a dungeons, e ao terminar cada dungeon o processo meio que se repete. Para a sua conveniência, HD-2D Remake traz com o apertar de um botão a possibilidade de “lembrar” o último diálogo que você teve, o que é extremamente útil para se lembrar de dicas que personagens e NPCs te falam. Você pode ter até 30 lembranças ativas, e quando não quiser mais manter uma dessas lembranças, pode apagá-las a qualquer momento no menu de pausa. É uma ideia deliberada que garante que você não se perca completamente nem precisa ficar vasculhando seus últimos screenshots para saber o que fazer, mas se você quiser uma experiência ainda mais direta e tranquila, HD-2D Remake também dá a opção de ter marcadores de objetivo no mapa-múndi e mapa de dungeons, garantindo que você saiba para onde ir a todo momento. Se você preferir voltar à moda antiga, é só desativar essa opção a qualquer momento no menu de pausa.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando o menu de pausa que demonstra seu próximo objetivo claramente
A qualquer momento, com o apertar de um botão, você encontra seu objetivo de novo

 

Durante sua exploração no mapa-múndi ou em dungeons, você tem os famosos (ou infames, dependendo de quem você pergunte) encontros aleatórios: Dado um certo número de passos, você tem a chance de dar de cara com um grupo de inimigos, também ao estilo de um JRPG comum, onde você pode dar ordens ao seu grupo ou deixar que eles ajam por si mesmos, atacando, defendendo, lançando feitiços e usando habilidades próprias. Quanto mais próximo da noite, maior a chance de encontrar monstros. Quanto mais encontros você enfrenta, mais experiência e dinheiro ganha, sobe de nível quando ganha experiência o suficiente e usa o dinheiro para comprar equipamentos novos e itens que podem te ajudar a sobreviver. Todos os ambientes e inimigos em situações de combate são muito bem animados, deixando um espetáculo bem fluido de ver em ação, mesmo que o combate seja o que você já espera, e é sempre um deleite de ver as animações dando vida ao que anteriormente eram retratos parados que piscavam. Caso você esteja com pressa, pode a qualquer momento em uma batalha decidir a velocidade dela – de ‘normal’ a ‘ultra-rápida’, o que também pode ser feito com o diálogo de NPCs no menu principal, garantindo que mesmo que os momentos mais lentos do jogo passem brevemente.

Sendo um jogo originalmente de 1988, Dragon Quest III vai pedir que você passe um pouco de tempo fazendo o famoso – ou infame – grinding em alguns pontos, enfrentando vários inimigos em seguida para ganhar experiência antes de ir para seu próximo objetivo, e apesar de não ter tanto problema com o grinding atualmente, entendo que existem situações onde isso é muito excessivo. Por sorte, em HD-2D Remake, sinto que a sensação de estar fazendo grinding é bem reduzida dada a quantidade de segredos novos que foram espalhados por todo o mapa-múndi e dungeons do jogo, incluindo áreas secretas atrás de certas paisagens ou até mesmo equipamentos de outros aventureiros, e sinto que isso favorece mais o sentimento de progresso, fazendo você sentir menos que está parado apenas enfrentando inimigos, e é válido dizer que em geral o grinding foi reduzido desde a versão de Famicom. Porém, se você estiver sentindo que ainda assim o grinding é demais, HD-2D Remake tem uma seleção de dificuldade que pode ser mudada a qualquer momento que altera exatamente a quantidade de experiência e dinheiro que você ganha em batalhas.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando a tela de batalha com alguns feitiços
Os feitiços todos tem nomezinhos engraçados.

 

Como uma última novidade, HD-2D traz um pouco do sabor de Dragon Quest Monsters – uma espécie de Pokémon de Dragon Quest – adicionando os monstros amigáveis. Agora, em algumas situações e locais específicos, você pode encontrar monstros um pouco mais pacíficos, e pode recrutá-los para um dos NPCs cuidadores, e isso não só traz um mini-game à parte na forma do coliseu dos monstros como também é uma possível fonte de novas habilidades para a nova classe, os Domadores de Monstro, que podem usar em batalha as habilidades dos monstros que você recruta. Isso, aos meus olhos, dá ainda mais um incentivo para a exploração, que em torno faz com que você perceba menos ainda a quantidade de encontros aleatórios que está fazendo, e ajuda o fluxo do jogo a ficar mais recompensador.

 

ESSE JOGO É PRA MIM?

 

Quando joguei as versões anteriores de Dragon Quest III, senti que a idade do jogo ainda pesava – certos itens tinham limitações, as magias eram muito favoráveis a falhas, e alguns pontos de interesse específicos de progressão eram pouco explicados ou enigmáticos demais. Felizmente, posso dizer que minha experiência com HD-2D Remake corrigiu a maioria esmagadora desses problemas, e que pela grande maioria do que joguei não tive grandes problemas, já que os vários pequenos sistemas a mais e locais extras que foram adicionados ajudam bastante a mitigar esses problemas, e apesar de saber que sou naturalmente enviesado por já ter jogado o jogo anterior mais de uma vez, acho que o fluxo do remake é bem mais modernizado, e que pode agradar aos jogadores mais casuais e aos mais hardcore com suas diferentes opções de dificuldade e customização.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando os quatro protagonistas andando por dentro de uma das dungeons, as masmorras do jogo
Os caminhos e idas e vindas das dungeons são bem variados e bonitos

 

É bem verdade que a história do jogo em geral é bem simples, mas senti que as mini-histórias e situações espalhadas nas várias cidades pitorescas e peculiares do jogo (levemente baseadas em vários locais do nosso planeta Terra) ainda me mantiveram entretido, e que fiquei surpreso do quão não me incomodei mesmo com essa ausência de uma narrativa relativa a nossos personagens. Se você estiver mais acostumado a jogos como Final Fantasy, onde a narrativa é bem mais presente e pertinente aos personagens com quem você joga, talvez sinta que Dragon Quest vai te desapontar um pouco nesse aspecto. É uma preferência, e não tem muito o que fazer a respeito disso – mas pessoalmente, sinto que há algo de singelo e reconfortante no escopo mais leve de Dragon Quest. Às vezes, você não precisa de uma história mirabolante ou de algo que seja uma novidade constante, contanto que o que você tem seja sólido e tenha charme próprio o suficiente.

Em um mundo onde outros grandes JRPGs estão fazendo histórias mais detalhadas, explorando cada pedaço da lore e espalhando suas histórias e remakes por vários jogos separados, cada vez mais me sinto mais atraído pelo conforto mais “bobo” e simples de Dragon Quest. Em termo a minhas expectativas, fiquei muito feliz com Dragon Quest III: HD-2D Remake, pois sinto que ele trouxe praticamente a definição de dicionário completa de “remake” e fez praticamente tudo o que o original – e até a versão mobile – tinham ainda melhor, com várias opções de acessibilidade, modernização de alguns aspectos mais antiquados e um visual espetacular que é digno do título HD-2D – mesmo que seja um pouco borrado e que tenha algumas quedas na versão de Switch (erros que são esperados). Alguns puristas podem não concordar, mas sinto que essa é a versão definitiva do jogo, e se você for minimamente fã de JRPGs, não deixe de experimentar a melhor versão deste clássico, que com certeza em alguns anos será mais uma vez considerada como um clássico.

 

Tela de captura de Dragon Quest III HD-2D Remake, mostrando mais uma cena de batalha contra quatro tamanduás
Boa sorte, e boas aventuras!

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm