Ao que tudo indica, os anos 2020 serão marcados por uma abundância de adaptações de videogames para o cinema e a televisão. Historicamente, o videogame foi uma mídia extremamente difícil de se adaptar, resultando em bomba após bomba em Hollywood.
Agora, temos alguns exemplos de filmes e séries que funcionaram bem. É mais comum dar certo com animações, como Castlevania, Super Mario Bros.: O Filme e Arcane. Mas também vimos que adaptações live action são possíveis com The Last Of Us, Fallout e a trilogia Sonic The Hedgehog.
Logo após o sucesso inesperado de Fallout, a Amazon Prime Video anunciou sua próxima série baseada em videogames: Like a Dragon: Yakuza, contando a lendária saga de Kazuma Kiryu.
Se passando entre os anos de 1995 e 2005, a série acompanha as vidas de quatro órfãos: Kazuma Kiryu, Akira Nishikiyama, Yumi Sawamura e Miho Nishikiyama. Após roubar dinheiro da máfia japonesa, os chefes querem que os adolescentes paguem com suas vidas; mas, após uma negociação, decide-se que os meninos se tornariam capangas da gangue e as meninas trabalhariam na vida noturna de Kamurochō.
Após um certo incidente em 1995, Kiryu é condenado a 10 anos de prisão. Quando solto em 2005, descobre que o mundo do crime mudou muito em sua ausência. Apesar de querer nunca mais voltar a Kamurochō, ele acaba sendo obrigado a se envolver em mais um mistério para proteger a vida de Yumi.
Ao contrário de The Last of Us, que faz uma adaptação sóbria e direta do material fonte, e de Fallout, que traz uma nova perspectiva sobre aquele mundo mantendo intacto o senso de humor, Yakuza acaba nem aqui, nem ali. A história apresentada é muito parecida com a do primeiro jogo, mas não exatamente. Isso inevitavelmente frustra fãs da série, pois acaba que, ao invés de nos aprofundarmos com os personagens que conhecemos, parece que estamos conhecendo de novo versões alternativas deles.
Simultaneamente, a apresentação da narrativa pode ser um pouco complexa demais para alguém que não teve nenhum contato com os personagens. Cada episódio contém alguns saltos entre 1995 e 2005, e é necessário prestar bastante atenção para entender a cronologia dos eventos.
As diversas mudanças me pegaram de surpresa, mas não me incomodaram demais. Por exemplo, Haruka Sawamura é apresentada como sobrinha de Yumi, ao invés de sua filha — um pouco estranho, mas não afeta fundamentalmente a narrativa.
2024 é um ano particularmente difícil para esta série em particular. Além de Fallout demonstrar de forma exemplar como se adaptar um videogame para formato televisivo, também tivemos Shōgun, do FX, uma das maiores obras dramáticas sobre o Japão feita para um público ocidental.
Quando assisti Shōgun, achei curioso que muitas das dinâmicas de poder entre os samurais se refletem na organização da yakuza moderna (ao menos, como ela é apresentada nos jogos). Mas, nos jogos, os momentos dramáticos da yakuza são equilibrados muito bem com diversas galhofas que são características do videogame como mídia. Enquanto Fallout tentou (e conseguiu) capturar tal equilíbrio, a série Yakuza seguiu completamente o caminho dramático.
Este é, para mim, o maior defeito dela.
Por mais que funcione razoavelmente como drama, sinto que a ausência de humor acaba retirando a personalidade que tornou os jogos tão especiais. Em nenhum momento Kiryu canta em um karaoke ou participa de uma corrida de carrinhos de controle remoto. Nem menos ajuda cidadãos aleatórios com problemas absurdos. Nem as cenas de ação contam com cones de trânsito ou motocicletas. Para caber em 6 episódios, a série foca apenas no drama principal e acaba esquecendo de todo o resto que faz o Kiryu ser Kiryu.
A Sega até lançou um vídeo com uma cena de karaoke, mas é apenas promocional e não faz parte da série.
É uma pena, porque a atuação de Ryoma Takeuchi no papel protagonista não deixa a desejar. O ator consegue capturar o estoicismo de Kiryu sem esquecer da sensibilidade. Parece que o personagem de Kiryu exige mais tempo de tela, e talvez para ele sejam justificáveis mais episódios auto-contidos que não necessariamente avançam a narrativa principal.
O problema é que, se houver uma segunda temporada, tal mudança de tom seria tão drástica que ficaria esquisita. Então minha sugestão é realmente interpretar a série como uma leitura alternativa, e deixar o Kiryu que amamos para as telas dos nossos consoles.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm