Shantae: Risky's Revenge

A série da meia-gênia Shantae existe há quase 20 anos e já lançou 5 títulos em diversos dispositivos, consistindo em experiências de plataforma com elementos de metroidvania. Shantae: Risky’s Revenge, segundo jogo da série, chega dez anos depois de seu lançamento inédito para DSi em sua versão Director’s Cut para Switch e Xbox One.

O enredo se inicia em uma exposição anual de relíquias. Nela, uma lâmpada é exposta e, quando os personagens se perguntam a respeito de sua finalidade, a vilã Risky Boots e seus piratas surgem e roubam o objeto. Apesar de não conseguir impedi-la, a protagonista Shantae descobre que os três selos mágicos responsáveis por liberar o poder da lâmpada estão espalhados em diferentes locais daquele mundo. Ao longo da progressão, Shantae consegue alternar entrem três formas diferentes, as quais lhe garantem habilidades capazes de chegar a lugares antes inacessíveis. O interessante é como essas transformações ocorrem: segurando um botão, Shantae começa a dançar e, ao longo desse período, ela faz três movimentos — cada um deles resulta numa forma diferente assim que o botão para de ser segurado. Uma das transformações é a forma de macaco: ela permite que o jogador consiga escalar paredes para chegar em locais altos.

Risky’s Revenge é um metroidvania de curta duração. O jogador explora as regiões para adentrar nas dungeons onde estão os selos mágicos, e são os objetivos que norteiam a aventura da meia-gênia. O ponto inicial do mapa é a cidade, local onde Shantae pode interagir com NPCs e comprar itens e habilidades. Lançar uma bola de fogo, invocar uma nuvem de relâmpagos e uma esfera que circunda a personagem causando dano aos inimigos estão entre os poderes que podem ser adquiridos e aperfeiçoados. Conforme o jogador explora, Shantae adquire os itens “Magic Jam”, que auxiliam na compra dessas melhorias junto com as moedas que os inimigos deixam. Mesmo que o jogador ache útil apenas uma dessas habilidades, em alguns pontos o jogo exige o uso de outras para desbloquear algumas passagens.

Apesar das mecânicas presentes durante as transformações e os poderes comprados, a progressão de Risky’s Revenge envolve levar itens chaves de um lugar para o outro, cumprindo tarefas que NPCs pedem. Devido a isso, por mais que o escopo do jogo seja pequeno, há muitas idas e vindas; o backtracking não é tão bem feito como em outros metroidvanias, aliás, aqui é o ponto mais fraco da experiência. Risky’s Revenge, enquanto estrutura, é inconsistente. Há lugares que os inimigos surgem aos montes, lembrando jogos do NES como os clássicos das franquias Mega Man e Ninja Gaiden. Repetidamente o jogador derrota um e, se voltar com a câmera, surgem dois do nada, enquanto em outras áreas isso não ocorre

A distribuição de recompensas é confusa, e as dungeons são os trechos mais fáceis de Shantae repor sua vida e mana, destruindo vasos. O backtracking é prejudicado pela a aparição aleatória dos inimigos, onde não compensa derrotá-los e, mesmo assim, atrapalham. Ao longo da progressão, são inseridos inimigos mais fortes nos lugares que eram mais tranquilos, e soma-se a isso uma má distribuição de pontos de save e teletransporte.

Na versão original de Risky’s Revenge, em 2010, o mapa foi uma das maiores críticas nas análises, e dez anos depois continua confuso, sendo que jogos futuros da série adotaram o formato de quadradinhos comuns em metroidvanias, mais claros e concisos nas informações. Em termos de reformulação visual do título, as interfaces são as mudanças notáveis, mais na alta resolução de elementos dos menus. Os controles não foram bem adaptados ao passar do direcional do Nintendo DSi para o analógico, então foi bem comum durante minah jogatina andar e a Shantae se abaixar de repente devido ao mais sutil toque para baixo. Mais complicadas ainda eram situações de estar cercado por inimigos e haver uma dificuldade de alternar a direção dos ataques.

Shantae: Risky’s Revenge é um jogo com um visual pixel art agradável, mas que possui alguns problemas leves nos controles. Compensa como uma experiência curta de desafogo após um jogo mais pesado que você tenha jogado antes. Devido ao fato de ser lançado em 2010, foi um pouco decepcionante ao implementar características de metroidvania, pois já haviam sido lançados tanto os Castlevania do Game Boy Advance como do próprio Nintendo DS (além de Metroid Fusion e Zero Mission). Portanto, nesse sentido, já foi um título defasado no seu lançamento original e talvez sirva mais para de curiosidade para conhecer a série.