Análise: FIFA 21 - Neo Fusion
Análise
FIFA 21
9 de novembro de 2020
Cópia digital da versão de Xbox One do jogo cedida pela Electronic Arts.

Feito para abusar do poder de um bom atacante: é assim que defino FIFA 21. Acompanhando a série anualmente desde FIFA 12, sempre notei a cada ano os pequenos ajustes aplicados pela EA Sports em uma estrutura central que, convenhamos, raramente muda. Se em alguns anos isso parecia mais sutil, no capítulo mais recente as diferenças são notáveis logo de cara, especialmente na efetividade dos jogadores e nos placares que se tornaram bastante elásticos.

FIFA 21

Fora as previsíveis atualizações de uniformes e elencos, as principais mudanças do jogo estão no sistema de controle de bola e na maneira como dribles são feitos. Se os comandos em si são imediatamente familiares para quem já tem experiência na série, o tempo de resposta parece menor e se tornou mais fácil saber a direção para onde a bola vai a cada toque.

Isso, somado ao uso de atacantes com estatísticas competentes, faz com que atacar seja uma experiência mais fácil e recompensadora. Acostumado com FIFA 20, eu me vi fazendo diversos dribles e tentativas de desvios que sabia não funcionar na versão anterior, mas que agora funcionavam com um alto grau de acerto.

Como tudo é uma questão de equilíbrio, isso significa que os defensores parecem consideravelmente mais fracos do que na versão anterior — ao menos se você está acostumado a depender bastante do auxílio da IA. Enquanto táticas defensivas do passado ainda funcionam, elas parecem menos eficientes, especialmente devido à maior resistência dos jogadores a choques físicos e carrinhos — agora nem sempre eles vão direto ao chão, o que pode render como consequência um gol contra seu time com um cartão amarelo de bônus.

Modos aprimorados

As mudanças na efetividade dos ataques e dos dribles afeta principalmente o modo Volta, introduzido em FIFA 20 e ligeiramente diminuído na edição deste ano. Ainda há uma pequena história a seguir, envolvendo Kaká e um campeonato mundial, mas ela é bastante simples e tem o claro propósito de servir como um tutorial para o modo que, infelizmente, ainda não é a tão sonhada volta do saudoso FIFA Street.

FIFA 21

Enquanto por um lado a campanha é mais simples, senti que o modo está mais divertido e finalmente entrega a resposta e os dribles rápidos prometidos anteriormente. Os elementos leves de RPG — incluindo a personalização dos personagens — servem como estímulo para continuar jogando, mas senti falta de opções mais robustas e integradas à proposta principal do game, como um sistema de ligas online.

Quem também recebeu melhorias foi o modo Carreira que, confesso, não é exatamente o meu favorito, por preferir uma experiência de jogo mais direta. Em compensação, se você gosta de gerenciar times, planejar orçamentos, investir em transferências e tomar controle direto de processos de treinamento, há várias opções para garantir algumas horas de jogatina.

FIFA 21

Só desejo que, em futuras versões, as cenas interativas sejam mais interessantes: em FIFA 21, elas são feitas por “bonecos sem voz” e parecem ter como principal propósito tornar as coisas mais burocráticas. No entanto, isso não tira o mérito e o envolvimento do modo, que se mostra bem viciante especialmente para quem tem o sonho de montar a “equipe perfeita” ao mesmo tempo em que mantém as contas em dia, agrada patrocinadores e impede que seu time seja alvo de investidas financeiras.

Outro modo que também está de volta é o Ultimate Team que, para muitos jogadores, é a única experiência de FIFA que realmente importa. Não senti muitas diferenças em relação à versão do ano passado — por questões de transparência, confesso que não sou o maior explorador da opção —, mas as mudanças de jogabilidade favorecendo o ataque sem dúvida devem ter boas implicações na economia e na construção dos times (e sim, as microtransações ainda desempenham um papel bem importante no modo).

Mais do mesmo,mas melhor

FIFA 21 segue o caminho dos lançamentos anteriores no que diz respeito a trazer pequenas melhorias e ajustes que, vistos de fora, não parecem tão relevantes. Ou seja, a história ao redor dele não deve mudar muito este ano: quem não acompanha a série vai continuar achando que está “tudo igual”, enquanto parte da comunidade continuará denunciando este como mais uma falha recheada de bugs — dos quais, em minha experiência, felizmente testemunhei poucos, somente no que diz respeito a animações e colisões entre jogadores.

FIFA 21

Pessoalmente, gostei bastante da jogabilidade mais ofensiva, mesmo que isso signifique que os placares elásticos tirem um pouco do aspecto realista do jogo. O modo Volta também me pareceu mais interessante do que no passado e a carreira renovada rendeu mais horas de gameplay do que tenho orgulho em falar (e ainda vai render mais algumas se eu quiser equilibrar as contas).

A série FIFA vai chegando para duas gerações de consoles — como em muitas outras entradas —, mas isso não significa muito. Os modelos de personagens atuais já estão cansando um pouco, e há espaço para criar experiências mais robustas em certas features, como o futebol feminino — que ainda está restrito a seleções nacionais. Caso você seja daqueles que acompanham a série anualmente, não há muito o que dizer — você provavelmente adquiriu FIFA 21 na pré-venda —, mas quem gosta de um jogo ágil e deixou a série de lado vai gostar do que aqui é oferecido. Se o preço cheio é um tanto assustador, vale a pena esperar por alguma promoção para se manter atualizado no mundo do esporte virtual.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm