Análise: Nanotale - Typing Chronicles - Neo Fusion
Análise
Nanotale -
Typing Chronicles
23 de abril de 2021
Cópia digital do jogo cedida pela Fishing Cactus.

Em Nanotale – Typing Chronicles, a relação entre você e seu teclado de computador será testada. Desenvolvido pela Fishing Cactus, o RPG de ação nos apresenta a Rosalind, uma maga arquivista que se vê em meio a uma terra estranha após uma expedição com sua professora, Lavender, tomar rumos inesperados.

Nesse local desconhecido, ela conta com a ajuda de um espírito com formato de raposa que a ajuda a entender o que está acontecendo, prestando socorro a diferentes povos que sofrem com o desequilíbrio da magia. O diferencial em relação a outras aventuras é o fato de todas as ações, desde a exploração até o ataque, serem feitas por meio da digitação de comandos. Nesse caso, o mouse é completamente desnecessário e não há como usar um gamepad tradicional.

Na prática, essa decisão colabora tanto para tornar Nanotale uma experiência única quanto para limitá-lo. Enquanto a decisão dos desenvolvedores ajuda o jogador a se envolver mais com o game e dominar as diferentes possibilidades de interação, ela inevitavelmente coloca amarras nas possibilidades de combate — o que não seria um problema não fossem eles tão presentes na aventura de aproximadamente 8 horas.

Uma jornada de descoberta e evolução

Você começa sua aventura com somente uma magia de ataque básica, que causa um dano moderado e afasta um pouco os inimigos no processo. Ao adquirir pontos de experiência — que surgem ao investigar e registrar plantas e animais locais (o que faz sentido, afinal, você é uma arquivista), o jogador desbloqueia alguns modificadores que tornam suas investidas mais eficientes e garantem outras vantagens — como inimigos que se tornam mais lentos quando Rosalind está em movimento.

Nanotale

Também há o desbloqueio constante de novas magias que trazem vantagens tanto para o confronto direto contra adversários quanto para a exploração. A magia de fogo, por exemplo, pode ser usada para queimar plantas e para causar danos maiores em criaturas que tem veneno como sua característica, por exemplo.

A maneira como o game usa esses poderes é bastante interessante, especialmente quando eles começam a interagir com o cenário. Você pode usar gelo para congelar rios e criar caminhos novos, por exemplo, mas também pode combinar isso ao ataque a inimigos com o elemento água para abrir outros caminhos menos óbvios nas telas de exploração.

De forma semelhante, ataques elétricos servem tanto para desligar (ou ligar) geradores quanto para criar estruturas no deserto que servem como plataforma. Os momentos em que Nanotale se destaca são justamente aqueles em que é preciso usar dois — ou mais — elementos diferentes (e quem sabe um ou outro inimigo) para atingir seu objetivo ou finalizar alguma missão secundária.

Batalhas frequentes, mas sem graça

Infelizmente, seguir o caminho principal acaba não sendo tão recompensador nesse sentido. Os desafios, em geral, são pouco descomplicados, e somente as batalhas contra chefes trazem algum lampejo de variedade e estratégia — que, bizarramente, acaba ausente do grande conflito final, que, por mais que amarre todas as pontas do roteiro até então, se mostra anticlimático.

Nanotale

Fora desses momentos, as batalhas de Nanotale são verdadeiros testes de paciência e capacidade de digitação. Elas são constituídas por arenas fechadas nas quais inimigos surgem de todos os cantos, cabendo ao jogador eliminá-los ou sobreviver a um limite de tempo informado na tela.

Embora haja diferentes maneiras de lidar com os adversários — que possuem características diferentes (como ser mais forte, mais rápido ou possuir algum elemento especial) —, em geral é tudo muito fácil e pouco inventivo. Talvez pelo fato de que nem todo jogador ou jogadora possui muita proficiência ao digitar, os desenvolvedores optaram por criar inimigos que, em geral, se movem com folga para que se possa planejar movimentos e ataques.

Nanotale

Em minha experiência, a dificuldade surgia mais dos momentos nos quais meus poderes mágicos precisavam de alguns instantes para recarregar do que pela astúcia dos adversários. Reposicionar-se era uma tarefa sempre bastante tranquila, e os poderes especiais adquiridos durante a aventura (como deixar uma sombra que distrai os inimigos para traz) só tornavam tudo ainda mais burocrático.

A exceção, conforme o mencionado, surge na forma de batalhas contra chefes. Nelas, você vai ter que provar que dominou não somente os elementos de Nanotale, como os modificadores possíveis de aplicar em uma magia — transformar um trovão em um raio, ou expandir sua área de impacto, por exemplo — para ganhar, o que acaba por tornar tudo bem mais interessante. Pena que, durante toda a duração do jogo, conflitos desse tipo acontecem em um número tão baixo que até o ex-presidente Lula poderia contá-los usando qualquer uma de suas mãos.

Uma ideia interessante, mas cansativa

Nanotale

Apesar de ter apontado o combate como um elemento negativo de Nanotale, ele é mais cansativo do que necessariamente ruim. Jogar na base de digitação é uma ideia interessante, mas exaustiva — ao final do jogo, havia escrito quase 4000 palavras, quantidade excessiva mesmo para quem já está acostumado a praticar a digitação durante o cotidiano.

Com isso, muitas vezes confesso que avancei menos do que gostaria em uma sessão devido ao cansaço de ter que ficar digitando, por mais que as palavras mostradas na tela não fossem tão complexas ou longas. Como não há muitos momentos de “respiro” para essa atividade, se seu relacionamento com o teclado já não é dos mais amistosos, acaba sobrando pouco a aproveitar aqui.

Dito isso, não posso afirmar que não gostei de meu tempo com Nanotale. Mais competente em sua exploração e puzzles do que no combate, o jogo da Fishing Cactus traz uma narrativa leve e rápida de completar que, no fim das contas, acaba valendo a pena. Só espero que, em seus próximos games, a empresa consiga misturar a ideia de “fazer coisas digitando” com outros elementos que tornem a experiência em geral menos cansativa.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm