Síntese: The Signifier: Director's Cut - Neo Fusion

The Signifier: Director's Cut

6 de maio de 2021

Não sei dizer o que a versão “Director’s Cut” agrega a The Signifier, mas de qualquer maneira este é um jogo bastante peculiar. Repleto de visuais abstratos e conceitos subjetivos, a minha impressão é que o objetivo do título é entregar uma experiência nos moldes de “walking simulators”, mas com mais substância por trás.

Digo isso porque não há dúvidas de que o foco está na narrativa apresentada: um mistério de homicídio-ou-suicídio num contexto quase-cyberpunk. Controlamos um cientista, Dr. Russell, que desenvolveu um método de visitar memórias de outra pessoa, e usamos essa tecnologia para investigar o passado de Johanna e os eventos que levaram à sua morte por overdose. Nesse aspecto, lembrei de Return of the Obra Dinn, um jogo espetacular que é centrado ao redor da habilidade de rever as mortes de outros personagens, porém aqui é mais uma ferramenta para desenvolver a narrativa do que um sistema elaborado de gameplay.

No começo, achei que o jogo seria mais episódico e abordaria mortes diferentes, mas de fato toda a história existe ao redor de Johanna — ao invés de desvendar o mistério e passar para um outro, descobrimos que a trama é muito mais complexa do que inicialmente parecia. O jogo naturalmente oferece discussões sobre como a humanidade pode estar usando tecnologias de formas além do que podemos compreender, e há um bom tanto de conspiração ao redor da personagem falecida. Em diversos momentos devemos fazer escolhas para apoiar um ou outro grupo de pessoas que têm interesses ao redor de Johanna, mas sinceramente achei bem difícil de entender exatamente quais eram seus interesses. As duas organizações — TSB e Go-AT — não são introduzidas de maneira muito clara, e não consegui relacionar suas visões com as minhas próprias moralidades.

Dentro das memórias de Johanna, que incluem sua infância, período escolar, vida adulta e os minutos que antecedem sua morte, podemos observar o mundo de duas maneiras: objetiva e subjetiva. É uma proposta bem bacana, já que o mundo objetivo é formado pelas percepções capturadas por Johanna sobre o ambiente ao redor, enquanto a visão subjetiva é muito mais abstrata e reflete a forma com que Johanna interpretava certos eventos. Nenhum dos dois estados pode ser confiado isoladamente para construir a verdade, então devemos levantar hipóteses baseadas em informações dos dois lados. Isso envolve trocar frequentemente entre os dois estados — que envolve um loading que pode ser inconveniente.

De qualquer maneira, como o foco do jogo é na história, a exploração e as interações dentro das memórias são um tanto limitadas; muitas vezes só me encontrei andando ao redor do cenário buscando o que era que eu podia interagir para progredir a história. Por isso eu digo que é um “walking simulator” com substância: realmente há um esforço para introduzir puzzles ao jogo. Algumas vezes esses puzzles funcionam bem, mas muitas vezes nem tanto. Uma coisa legal em relação a isso é que existe um sistema de dicas e o jogador pode configurar essas dicas para serem mais óbvias ou sutis.

The Signifier apresenta uma boa discussão sobre o uso ético da tecnologia e dos riscos ao redor de um avanço demasiadamente veloz. Conceitualmente, visitar memórias objetivas e subjetivas para desvendar um mistério é uma ideia bem legal, mas nem sempre as coisas funcionam como é de se esperar.

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm