Prévia: Terra Nil - Neo Fusion
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Terra Nil
22 de junho de 2021
Acesso à versão demo de preview cedido pela Devolver Digital.

Em jogos de construir civilizações, começamos em uma natureza intocada e vamos edificando o território, uma contínua expansão na qual todo aquele ambiente se transforma. Um dos passos do progresso civilizatório é derrubar árvores, tanto para colher a madeira para construir edificações quanto, sobretudo, com a finalidade de ampliar o espaço. Essa exploração de recursos nos dá valores em tela que nos permitem experimentar cada vez mais as possibilidades dessa simulação, de brincar com esses sistemas.

O objetivo intrínseco desses jogos nos diz que as conquistas são resultados da exploração, dessa ampliação de território. A natureza intocada é quando não há progresso, quando não há a diversão no jogo, os sistemas que ainda não foram testados pelo jogador. A proposta de Terra Nil nos soa tão diferente: restaurar um meio ambiente ao invés de construir uma cidade. É um claro sinal de os jogos se prenderem a convenções muito rígidas do que é o tal do progresso. Por que não associar a natureza intocada cada vez mais como um objetivo e não como desperdício de espaço?

De onde brotou essa semente?

Em outubro de 2019, na edição 45 da Game Jam intitulada Ludum Dare, Terra Nil foi apresentado como um protótipo (ainda disponível e de graça) seguindo o tema: “comece com nada”. O jogo possuía um visual em pixel art, o jogador começava em um ambiente sem vida e aos poucos criaria uma rica diversidade de fauna e flora. O protótipo de 2019 consistia em cumprir esse objetivo em 4 áreas de um arquipélago, com geografias diferentes.

Protótipo de Terra Nil.

Um ano depois, em outubro de 2020, o desenvolvedor sul-africano Sam Alfred compartilhou que Terra Nil passaria de um hobby para um jogo completo comercial. Ele passaria a trabalhar com o estúdio Free Lives, responsável por Broforce. Terra Nil continuaria com sua proposta de jogo, novas adições seriam acrescentadas a gameplay e o visual transiciocou de pixel art para uma estética inspirada nas obras do estúdio Ghibli.

No dia 7 de junho de 2021, Terra Nil, com o subtítulo “Reclaim The Wasteland”, teve seu teaser divulgado. O projeto passou a contar com a Devolver Digital como publicadora.

Como recuperar uma terra sem vida?

O jogador inicia o jogo “começando com nada”, apenas um terreno morto na tela. Os mapas em Terra Nil são processados aleatoriamente, portanto, em uma nova gameplay, a geografia também é diferente. A demo dessa versão completa de Terra Nil consiste em um tutorial do jogo, uma introdução mais amigável que o protótipo de 2019. No canto inferior esquerdo da tela, há uma porcentagem referente à conclusão de uma etapa da reconstrução do ambiente, ao lado há um número que simboliza um valor de custo de recursos para construir um mecanismo tecnológico.

No início, o jogador é introduzido a cada um desses mecanismos individualmente. O primeiro é a turbina eólica, que pode ser inserida apenas sobre rochas, fornecendo energia em uma área determinada sobre a qual o jogador pode colocar outros mecanismos. Nessa primeira etapa de reconstrução, o solo pode ser fertilizado e a partir disso surgem vegetações, requisito para cumprir esta primeira parte da demo.

Como as turbinas eólicas só podem ser inseridas sobre rochas, o jogador já é apresentado a um desafio de saber posicionar estrategicamente essas fontes de energia a fim de preencher o mapa com as vegetações. Nessa primeira etapa, é possível purificar as águas do território — as quais, através de um outro mecanismo, podem emergir algumas rochas para permitir a construção de novas turbinas. Com isso, o jogador continua cumprindo a porcentagem de área com vegetação.

Terra Nil segue em diferentes etapas: o jogador passa a criar três tipos de biomas, e a partir desse momento já é possível observar vida animal surgindo  e se movimentando pelo mapa. Por fim, é necessário retirar todos os aparatos que o jogador colocou nos cantos desse ambiente, para não haver nenhum rastro dessa tecnologia. O resultado final é uma superfície em que aparentemente nunca houve qualquer interação humana nele.

A demo de Terra Nil encerra com a vista de um planeta, onde um de seus continentes deixou de ser uma superfície acinzentada e se transformou em um verde cheio de vida. Essa vista apresenta outros continentes, um vislumbre das possibilidades geográficas por onde o jogo pode dinamizar suas mecânicas, além até das que foram experimentadas no protótipo de 2019. Há uma expectativa, ainda mais reforçada pelo novo estilo visual do jogo: que tipos de biomas diferentes o desenvolvedor Sam Alfred tem em mente?

É uma jornada confortante, uma experiência que traz uma paz, auxiliada pela trilha e os efeitos sonoros. O jogo eventualmente se torna desafiador no momento de gerenciar os recursos e em cumprir os requisitos para implementar um novo tipo de mecanismo tecnológico. Em certos momentos, a experiência pode oferecer uma dor de cabeça aos jogadores, porém, o resultado final traz uma sensação de otimismo ao deslumbrar o que foi criado, de que é possível trazer algo que estava completamente acabado de volta à vida.


Terra Nil nos traz o sentimento de que existe uma diversão em reconstruir uma natureza intocada, apesar dos mecanismos tecnológicos serem irreais, de soluções parecerem muito simples comparadas ao que nos é apresentado na realidade do nosso planeta. O jogo subverte a ideia de que progresso é destruir tudo e construir edificações, existe um bem-estar verdadeiro em reconstruir a vida. E já que isso traz um prazer em um videogame, é possível transportar essa sensação de fazer algo importante nesse ambiente virtual na nossa tão dura realidade, onde a visão de progresso ainda está tão contaminada, ela é tão vazia como a vista que nos deparamos quando iniciamos o jogo.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm