Análise: Mr. Shifty - Neo Fusion
Análise
Mr. Shifty
30 de outubro de 2017
Esta análise foi escrita usando um código de review do jogo disponibilizada pela TinyBuild.

Basta um olhar sobre Mr. Shifty para traçar uma comparação óbvia. Um jogo de ação 2D com vista de cima, combate rápido e fases repletas de inimigos para ser encarados da forma como o jogador preferir? Já vimos isso antes, em Hotline Miami e sua continuação. Mr. Shifty não tem vergonha de mostrar sua inspiração no jogo de 2012, mas é longe de ser uma cópia. Com temática e visuais mais leves, ausência de armas de fogo usáveis, cenários destrutíveis e, é claro, um super poder, o jogo deixa uma marca distinta no estilo.

A premissa narrativa é básica: uma corporação do mal está fazendo coisas malvadas e você, Mr. Shifty, um espião com a incrível habilidade de se teletransportar cerca de três metros para frente, deve infiltrar o prédio da empresa e acabar com seus planos maléficos. Tudo isso com direito a um executivo vilão e muitos trocadilhos. Cada andar do edifício é uma fase do jogo, que, na sua maioria, envolvem sair de um elevador, socar vários capangas e encontrar outro elevador.

Assim como em Hotline Miami, a variedade de inimigos e a estrutura de cada sala é responsável por grande parte da diversão da jogabilidade. Ambientes variam bastante de tamanho mas, em quase todos eles, há diversas maneiras de abordar cada situação. Você pode bater nos capangas de pistola para depois derrubar os grandalhões que querem te socar, ou vice versa. Você pode ativar uma mina terrestre e jogá-la em um inimigo, ou tentar fazê-los ativarem a mina por conta própria. Você pode ficar no meio de dois inimigos e desviar no momento exato para que os tiros deles acertem um ao outro. Você pode socar uma parede até derrubá-la ou desviar de um míssil inimigo para gerar uma explosão. Cada cenário permite essas diferentes abordagens e, ao longo do jogo, cenários diferentes incentivam o jogador a pensar em maneiras alternativas de derrubar seus oponentes.

Já a outra parte da diversão do game vem da jogabilidade central ser autêntica e bem polida. Poder teletransportar rapidamente de uma sala para outra adjacente, dar alguns socos e voltar para um local seguro nunca cansa. A sensação de derrubar um grupo de inimigos bem-armados enquanto desvia dos tiros com teletransportes frequentes fornece uma adrenalina que, novamente, remete à minha época jogando Hotline Miami (talvez com um pouco menos de intensidade). Além disso, executar um combo longo carrega uma barra que, quando cheia, deixa o restante do mundo em câmera lenta na próxima vez que Shifty for alvo de uma bala. Optar por derrubar inimigos de maneira segura ou se arriscar para carregar a habilidade especial é justamente o tipo de mecânica risco-e-recompensa que eu adoro.

O mais incrível é que, apesar dessa habilidade extremamente poderosa, o jogo nunca fica fácil por ela. Basta um tiro (ou soco, ou explosão…) para morrer e, no meio de tantas coisas tentando matar o jogador, erros inevitavelmente vão ocorrer, mas a morte faz parte da jogabilidade. O jogo sabe que o jogador vai morrer nas primeiras tentativas e quer que ele tente de novo. Se uma estratégia não funcionou, sempre há a possibilidade de tentar outra. Podemos tentar derrubar um inimigo de cada vez, ou surgir atrás de três ou quatro e socá-los o máximo possível. Apesar das minhas incontáveis mortes, nunca senti que o jogo estava me sacaneando, e bastava um pouco mais de atenção na minha próxima tentativa para suceder.

Bem, quase. Quando eu joguei Mr. Shifty na época de seu lançamento, o jogo sofria de graves quedas de framerate em algumas situações e até ocasionais travamento. Desde então, a desenvolvedora lançou uma atualização que resolve grande parte desse problema. Joguei algumas seções novamente e a minha impressão é de que a taxa de quadros não está perfeitamente sólida, mas definitivamente muito mais consistente do que antes. Com esses problemas amenizados, o jogo passa rapidamente a ser bastante recomendável no console-portátil da Nintendo.

O jogo demora um pouco para embalar, pois as primeiras fases são bem introdutórias, mas logo em seguida as coisas escalam e o jogador depara-se com mísseis, turretas, lasers, granadas e outros diversificadores de combate. Também é possível coletar armas, mas apenas as brancas, como espadas e pedaços de madeira. A minha favorita é um escudo que pode ser arremessado para brincar de boliche com os inimigos.

Há poucas coisas para reclamar a respeito do conceito e design do jogo. Talvez a maior ausência para mim foi algum tipo de chefe — até mesmo contra o CEOzão do mal basta alguns poucos socos para ele sair voando pela janela. O mais próximo disso são cenas com muitos e muitos e muitos inimigos que não param de aparecer. Ainda são apenas capangas. Os visuais e a trilha sonora não almejam pelo surrealismo de Hotline Miami, que elevava aquele jogo a um nível único, mas também nunca desagradam.

Mr. Shifty é um ótimo exemplo de jogo que pega a base de um outro e itera naquele estilo sem perder sua própria originalidade. Apesar dos momentos de frustração com as falhas técnicas na versão de Switch, o jogo é empolgante do começo ao fim. Assim como adorei jogar os dois Hotline Miami no Vita, Mr. Shifty também fica perfeitamente confortável no Switch e suas fases, que duram por volta de 15 a 30 minutos, são ótimas para jogar em um intervalo.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm