Análise: Scarlet Nexus - Neo Fusion
Análise
Scarlet Nexus
9 de julho de 2021
Chave digital da versão PC cedida pela Bandai Namco

Quando Scarlet Nexus foi anunciado oficialmente, confesso que fiquei com um pé atrás. Embora a Bandai Namco tenha um excelente catálogo de games, ela também é especialista em oferecer jogos com “estilo anime” que, a meu ver, são extremamente parecidos uns com os outros tanto em visual quanto em gameplay.

Assim, foi uma surpresa muito grata perceber, após poucas horas de jogo, que o título não somente está longe de ser genérico, como tem um dos sistemas de batalha mais legais que encarei nos últimos anos. Ele também apresenta uma história original que, apesar de passar a maior parte do tempo sendo uma grande confusão, acaba ficando bem amarrada e dando brechas para a construção de um universo maior.

Mas estou me adiantando: Scarlet Nexus é um RPG de ação que nos permite acompanhar a história de Yuito e Kasane, dois personagens selecionáveis que seguem caminhos diferentes, mas interlaçados entre si. Em um mundo futurista, a humanidade evoluiu a ponto de quase todas as pessoas nascerem com algum poder especial, como levitar objetos com a força dos pensamentos ou ter controle sobre fogo ou eletricidade.

Esses poderes são necessários para lutar contra os inimigos conhecidos como Criaturas, que surgiram a partir do misterioso Cinturão de Ruptura que ronda o planeta. Sua missão, como um cadete das forças especiais, é derrotar esses monstros e garantir a paz — ou ao menos é esse o caminho que o jogo parece seguir no início. Não demora muito para a trama sofrer diversas reviravoltas e ficar um pouco confusa — sensação que permanece durante boa parte do game, e que só vai diminuir próxima aos capítulos finais, quando tudo passa a se encaixar.

Combate que se destaca

Enquanto a história de Scarlet Nexus é interessante, mas mais confusa do que precisaria ser, o sistema de batalha consegue sustentar o jogo desde o início. Oferecendo um ponto intermediário entre o combate em tempo real de um jogo da série Tales e um character action como Bayonetta, os confrontos funcionam bem em arenas de tamanho limitado e conseguem ser profundos o suficiente para fazer o jogador acreditar que está evoluindo e aprendendo conforme novos desafios surgem.

Scarlet Nexus

Imagem: Captura de Tela/Neo Fusion

Muito disso se deve graças ao “Mapa Mental”, uma árvore de habilidades tradicional em que você escolhe como vai moldar Yuito e Kasane. Você sempre controla o protagonista, que tem a habilidade de jogar objetos do cenário nos inimigos, mas também pode emprestar temporariamente os poderes dos demais membros de sua equipe — as escolhas envolvem teleporte, invencibilidade, duplicação e desacelerar o tempo, entre outras.

Há diversas escolhas de como moldar seu personagem a partir disso: você pode fazer como eu, e investir em alongar seus combos e se transformar em uma máquina de ataque rápida, ou pode investir mais em poderes mentais e em gerenciar as batalhas de média e longa distância. Para completar, você pode dar presentes e conversar com os membros de seu grupo para fortalecer seus laços de amizade e destravar poderes ainda mais fortes — o sistema não chega a ser tão profundo quanto o de um Persona, mas proporciona boas cenas e um desenvolvimento interessante para alguns personagens.

Uma boa história para um anime

Não vou entrar em detalhes sobre a história de Scarlet Nexus, especialmente devido ao fato de que ela se baseia muito em reviravoltas e descobertas que merecem ser descobertas pelos jogadores. No entanto, posso dizer que ela é relativamente boa (para um game) e saber fechar bem o arco que vai contar, embora peque um pouco pelo ritmo.

Scarlet Nexus

Imagem: Captura de tela/Neo Fusion

A cada capítulo terminado, o jogo tem uma espécie de “período de descanso”, no qual você volta para seu esconderijo e tem a chance de interagir com os personagens de seu grupo e até mesmo com adversários em cenas não interativas. Embora elas sirvam bem para desenvolver os membros do elenco — que cresceu mais rápido do que consegui acompanhar inicialmente —, também são marcadas por um ritmo lento e, muitas vezes, me senti impelido a pular rapidamente os diálogos para voltar o quanto antes à parte mais divertida do jogo, seus combates.

Dito isso, a trama em geral funciona bem e consegue compensar um pouco sua tendência de soltar termos e nomes ao relento, deixando ao jogador a tarefa de conferir no glossário o que cada um deles significa. Embora eu não tenha saído satisfeito com o vilão principal (que só se define realmente nos últimos trechos da aventura), considero que o arco apresentado tem um bom final e dá brechas mais do que suficientes para possíveis sequências futuras.

Scarlet Nexus é um jogo surpreendente. Com um sistema de batalhas envolvente e um bom elenco de personagens, ele consegue entreter do começo ao fim, compensando uma história cujas complicações depois mais contra do que a favor de sua narrativa. Ao final, ele se mostra um jogo imperfeito, mas que traz qualidades o suficiente para estimular jogar com os dois protagonistas até o final. Mesmo que você não seja o maior fã da estética anime, vale a pena dar uma chance a ele caso seja um fã de bons games de ação.

Leia também

Análise
Bloodless
21 de outubro de 2024
Análise
Europa
23 de outubro de 2024

Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm