O lema “viva o dia de hoje como se fosse o seu último” sempre me cativou, portanto tento ao máximo segui-lo — sempre com bom senso, para que fique claro. Sou uma pessoa que costuma aproveitar ao máximo boas companhias e passagens que a vida me proporciona justamente por saber que, para quem é vivo, há apenas uma certeza: a morte. Porém, por mais que seja um evento obrigatoriamente inerente ao ciclo da vida, é também um grande mistério. Para onde vamos? O que nos tornamos? Será que seríamos felizes se a vida não fosse interrompida em algum momento?
Desenvolvido pela Acid Nerve e publicado pela Devolver Digital, Death’s Door é um jogo que trata sobre a morte — mais especificamente nos colocando no papel de um corvo ceifador de almas. Nossa jornada consiste em buscar almas poderosas o suficiente para nos promover para um descanso um pouco mais paradisíaco e menos monótono do que o período de escassez vivido pelos ceifadores, criaturas que também sofrem com um regime opressor.
Em Death’s Door, a progressão funciona de forma linear por meio da obtenção de novas habilidades. De início, temos apenas golpes de curto alcance (fracos e fortes), mas logo em seguida já somos contemplados com ataque de longa distância (flechas e disparos de fogo) — que servem tanto para causar danos quanto para interação com o ambiente em termos de puzzles.
Em uma perspectiva isométrica que lembra jogos como Bastion e Hades, viajamos por portais que nos transportam da sede do comitê para o mundo dos vivos, onde há criaturas hostis mortais e que almejam à imortalidade. Mesmo que o objetivo dos corvos seja ceifar vidas, eles estão suscetíveis aos danos e mortes causados pelas criaturas e pelos próprios cenários, portanto deve-se tomar bastante cuidado durante as travessias pelos mais variados cenários.
É quase inevitável comparar o título às entradas 2D da série The Legend of Zelda. Mesmo que o sentimento heroico não esteja tão presente na narrativa e no quesito audiovisual — especialmente pela trilha sonora melancólica marcada por instrumentos de corda —, o design dos ambientes remete bastante às aventuras de Link. Temos um mundo aberto cheio de atalhos e caminhos alternativos e que, eventualmente, se direcionam para um calabouço mais conciso e claustrofóbico em termos de possibilidades, cabendo ao jogador memorizar a disposição das salas para concluir os desafios.
Os encontros com inimigos também passam a sensação de um “Zelda-like”: é necessário entender o tipo de comportamento para fazer os movimentos certos e causar dano com mais eficiência. Como não recuperamos pontos de vida após sairmos vitoriosos de cada encontro, é de suma importância saber onde se localizam as plantas restauradoras de saúde. Os chefes são especialmente criativos e desafiadores por conta dos gimmicks, outra característica bastante presente em jogos desse tipo.
O jogo está localizado para português brasileiro em textos e, honestamente, é o máximo que posso elogiar sobre acessibilidade já que o jogo deixa bastante a desejar nesse aspecto. Do ponto de vista de desempenho, a versão de Nintendo Switch é aceitável enquanto estiver sendo reproduzida em modo portátil, sendo o framerate no modo docked o fator que mais me incomodou enquanto jogava.
Estruturalmente falando, Death’s Door traz uma sensação bastante agradável de exploração e progresso narrativo, pecando apenas na hora de condensar informações de forma mais clara com um mapa, por exemplo. Sua mensagem também traz reflexões interessantes sobre o tempo limitado que ainda temos em vida e por que tentar enganar a morte é uma atitude gananciosa demais para ser levada em consideração — isso num cenário onde isso seria possível, é claro.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm