Da mesma forma que só observava rasgarem elogios para Resident Evil 4, eu dificilmente ouvia alguém dizer que Resident Evil 5 era um jogo bom — e isso se estende ao Resident Evil 6. Apesar da má fama, só pude contestar algo a respeito depois de zerá-lo. E eu estou aqui para dizer: os boatos são verdadeiros.
Toda franquia tem o seu elo mais fraco. Pelo menos por enquanto, para mim, RE5 com certeza ocupa esse lugar. O título se passa no continente africano, com Chris Redfield dividindo o protagonismo com Sheva Alomar, agente da BSAA que ajuda Chris a investigar uma possível ameaça terrorista cujo objetivo é espalhar o Uroboros — uma nova mutação genética — para o mundo.
Assim como o seu antecessor, Resident Evil 5 quer inovar nos cenários, puzzles e desafios, trazendo um local totalmente desconhecido para o setting da franquia. Novos e velhos personagens se cruzam em cena para lutar em locais caóticos, que estão sendo cada vez mais consumidos pelos mortos-vivos. O problema do jogo é basicamente todo o resto que se constrói em cima dessa ideia.
As primeiras horas deste jogo foram extremamente desconfortáveis para mim. Quem dera isso acontece pelos comandos confusos ou bem travados durante as batalhas. O início da campanha é basicamente Chris e Sheva invadindo diversas construções de uma vila e massacrando todos à sua frente sob o pretexto de que, claro, todos estão infectados. “Mas os zumbis não são os inimigos? O que eles deveriam fazer?”. Minha questão aqui é como o jogo articula as camadas de uma visão norte-americana extremamente estereotipada e colonizadora sobre a África em uma narrativa que não se sustenta com coerência.
Ao decorrer do jogo, Chris sempre menciona como é importante para ele salvar seus parceiros — e, posteriormente, a humanidade — do problema enfrentado na África. África, aqui, é quase como um país, um Estado. Não há distinções durante a trama justamente porque essa é uma visão unilateral e bem problemática dos criadores do jogo.
Grande parte dos cenários, especialmente as casas que um dia ocuparam populações de baixa renda, são inundadas pelo filtro amarelo. É a imagem reducionista de um continente inteiro que muito se divulgou nos últimos anos — e tem melhorado, ao menos, um pouco mais atualmente.
Na minha experiência particular, o título melhora após a entrada dos personagens principais em outros cenários mais aventureiros. Por outro lado, é neste momento que o jogo perde todas as suas estribeiras quanto à coesão narrativa. Situações que beiram o ridículo (até mesmo no apocalipse ficcional) se tornam mais comuns do que eu gostaria. A falta de originalidade começa a pesar, como nos momentos à la Tomb Raider em ruínas perdidas. É uma grande esquete que tenta se levar a sério, mas falha miseravelmente.
Em relação à sua jogabilidade, Resident Evil 5 tenta emular seu antecessor de forma menos talentosa, sem acrescentar novas mecânicas que, de fato, tornariam o jogo mais interesse. Em compensação, o que vi de interessante no título é a disponibilidade do co-op para dividir as tristezas com um colega ou usuário online. Embora eu tenha me aventurado sozinho, acredito que talvez a experiência seria 5% mais produtiva se eu estivesse acompanhado.
Minha sensação ao finalizar o jogo é de alívio e muitas dúvidas, principalmente “Como?” e “Por quê?”. Existem limites no alinhamento criativo de uma obra que foram definitivamente ultrapassados na concepção deste jogo — e para além do bom senso no caso de Resident Evil 5. Espero apenas que Resident Evil 6 não me surpreenda com uma dobradinha igualmente decepcionante.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm