Se parar para pensar, Yakuza é hoje uma franquia que dispensa apresentações. Recheada de jogos memoráveis, inusitados, criativos e muitas vezes mecanicamente experimentais, ela vem se consolidando há quase 20 anos — especialmente após Yakuza 0 — e se trata de uma das criações mais bacanas da Sega e do RGG Studio, conquistando muito desse mérito graças ao brilhante rol de personagens e histórias emocionantes que permeiam todos os jogos. Sejamos francos: Kiryu e Majima são personagens lendários dentro do “folclore gamístico” no qual estamos inseridos, não é mesmo?
É notório também que Judgment segue essa mesma linha e não se resume a um spin-off qualquer, uma vez que traz muitas das mesmas qualidades que tornam Yakuza 0, 2 e 5 jogos tão interessantes — seja em termos de gameplay, seja por trazer histórias bem arquitetadas e protagonizadas por uma dupla excelente na forma de Takayuki Yagami e Masaharu Kaito. O mesmo também pode ser dito em certa medida sobre sua sequência, Lost Judgment, embora este autor não seja o maior fã de sua narrativa principal. Do que ele é fã, no entanto, é da qualidade da expansão de Lost Judgment, apropriadamente intitulada The Kaito Files.
Veja, Masaharu Kaito é um personagem excelente e certamente o parceiro de negócios perfeito para Yagami. Trata-se de um ex-yakuza-que-virou-detetive guiado mais pelo coração do que pela razão, com um carisma imbatível e uma ferocidade instintiva sem igual. Por isso mesmo é muito esperto da parte do RGG Studio explorar mais a história e o desenvolvimento do personagem, foco desta expansão.
The Kaito Files se passa algum tempo após o fim da jornada de seu jogo base, num período em que Yagami está fora de Kamurocho (cidade-palco de Judgment e de Yakuza) enquanto Kaito segura as pontas. Certo dia, uma figura endinheirada entra em contato com ele, trazendo um caso de desaparecimento seguido de suicídio e que apenas Kaito poderia resolver, sendo recompensado com uma gorda soma em dinheiro. Mas, é claro, nada pode ser simples em Yakuza e aqui não é exceção. Não entrarei em spoilers nesse texto, porém posso garantir sem medo que o desenrolar dessa trama se encaixa facilmente entre as mais interessantes, bem contadas, cativantes e satisfatórias que a franquia já produziu — mesmo que ainda contenha um certo grau de previsibilidade.
Lost Judgment e seu DLC também têm muito mérito por trazer um dos melhores combates da franquia toda e provavelmente o melhor uso da Dragon Engine até este ponto. Enquanto Yagami é um lutador ágil e esguio, Kaito se aproxima muito mais do estilo Brawler de Kiryu em Yakuza 0, lutando como um verdadeiro urso canastrão. A diferença é bacana e controlar Kaito na expansão é tão satisfatório quanto Yagami no jogo base. Os encontros contra inimigos podem até não ser nenhuma revolução comparados ao que a franquia já produzia, mas é seu refinamento que faz tudo funcionar. E alguns dos chefes desta expansão também não deixam nada a desejar, felizmente.
Meu maior ponto de crítica, no entanto, é o mesmo que assola Lost Judgment por inteiro: as missões de stealth continuam uma grande porcaria entediante e pouco imaginativa, quase sem agência nenhuma do jogador. As seções de perseguição também não reinventam nada e seguem cansativas como nos dois jogos originais da sub-série. Também já passou da hora do estúdio repensar a forma como desenha as seções de busca e investigação. Que isso seja refinado e melhorado no próximo jogo da franquia.
E falando em próximo jogo, muito me tranquiliza ver que, mesmo depois de tantos anos, a desenvolvedora antes comandada por Toshihiro Nagoshi ainda é capaz de produzir obras cujas tramas nos mantêm engajados e intrigados durante toda a jornada. The Kaito Files é um grande exemplo disso e de que uma duração apropriada, com poucos (ou nenhum) excessos e uma história bem amarrada ao lado de gameplay satisfatório são o suficiente para mostrar o quão memorável uma experiência com todos esses elementos pode ser.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm