Análise: LEGO Marvel Super Heroes 2 - Neo Fusion
Análise
LEGO Marvel Super Heroes 2
21 de novembro de 2017
Código do jogo fornecido pela Warner.

Os jogos LEGO ocupam uma posição curiosa na mídia: por um lado, eles são uma ótima porta de entrada para novos jogadores, mas, por outro, o excesso de lançamentos pela Traveller’s Tales causa uma série de problemas técnicos e de design que impedem os jogos de atingir seu potencial máximo. LEGO Marvel Super Heroes 2 ilustra isso muito bem. Com uma infinidade de personagens, um mundo aberto e uma narrativa divertida com boa dublagem, este poderia ser o melhor jogo da série até agora e um ótimo jogo por si só. Porém, o jogo peca bastante nos detalhes.

LEGO com ambição

O primeiro LEGO Marvel Super Heroes, de 2013, foi uma entrada importante para a série LEGO. Seguindo o caminho aberto pelo LEGO City Undercover, exclusivo de Wii U, o jogo contava com uma New York de mundo aberto nos quais podíamos brincar usando nossos heróis preferidos. Sinceramente, em diversos momentos a New Donk City de Super Mario Odyssey me trouxe memórias do que LEGO Marvel fez antes. Mario abordou a ideia melhor do que LEGO, mas havia ali o potencial para jogos de escopo maior naquele universo.

Outro aspecto legal daquele jogo era a mistureba total de personagens Marvel, incluindo os Vingadores, os X-Men e o Quarteto Fantástico, algo impossível nos filmes por causa de burocracias. A história do jogo era original, baseando-se nos quadrinhos e evitando seguir de perto qualquer um dos filmes. Isso já mudou com LEGO Marvel’s Avengers, um jogo de 2016 que incorpora os enredos de seis filmes do universo cinematográfico Marvel.

LEGO Marvel Super Heroes 2 encontra um meio-termo entre essas duas propostas. Os X-Men e o Quarteto Fantástico estão ausentes, mas, em compensação, temos personagens como Ms. Marvel, Spider-Gwen, Gwenpool, Capitã Marvel e She-Hulk, que ainda não apareceram nos filmes (aliás, a variedade de personagens femininas no jogo me impressionou, e usei a oportunidade para conhecer e virar fã de algumas delas). Há eventos levemente baseados nos filmes Guardiões da Galáxia, Thor Ragnarok, Doutor Estranho e Pantera Negra, além das séries Defenders e Inhumans, mas o enredo em geral é original, no qual esse enorme grupo de heróis se reúne para enfrentar o poderoso Kang, que misturou diversas realidades em uma só cidade.

Dentro da proposta, a narrativa funciona bem. Como é de se esperar, os personagens são versões caricatas dos originais, divertidos e com sinergia condizente com o que esperaríamos dessa mistura (por exemplo, em um dado momento, três pessoas-Aranha estão reunidas, e isso vira pauta para piadas). A diversidade de poderes dos personagens também permite possibilidades divertidas na jogabilidade, e em alguns casos, suas personalidades também são refletidas no jogo (por exemplo, o Hulk não pode construir objetos com LEGO, porque o Hulk só sabe destruir). Também há jogadas bacanas com as estéticas proporcionadas pelos universos paralelos, como em uma fase que emprega a estética de um filme de detetive noir.

Por mais estranho que isso possa parecer, em diversos momentos foi essa interação entre os personagens que mais me motivou a continuar jogando. Infelizmente, o jogo em si às vezes tirava essa vontade.

Problemas de 2005 em 2017

O primeiro jogo da série LEGO como a conhecemos hoje foi LEGO Star Wars, de 2005. Eu não joguei muito dele, mas joguei bastante LEGO Star Wars II: The Original Trilogy no auge da minha época de fascinação por Star Wars. Me divertia muito com os quebra-cabeças e combate do jogo, que, apesar de simples, eram condizentes com a estética LEGO e, na época, eram novidade para mim. Mas, mesmo naquela época, eu já notava algumas coisas que precisavam ser melhoradas. Às vezes pressionar um botão demora a surtir efeito. Às vezes uma cutscene interrompe o combate de forma estranha. Às vezes tem tanta coisa acontecendo em tela que fica difícil de enxergar qualquer coisa. Às vezes meu personagem fica travado em um canto e a única solução é trocar para outro.

Bizarramente, todas essas coisinhas ainda acontecem em LEGO Marvel Super Heroes 2. Eu até revisitei LEGO Star Wars antes de escrever esta análise para ver se o jogo era substancialmente pior do que eu me lembrava, mas achei a experiência bem próxima do jogo da Marvel, lançado 12 anos depois.

Não são só os bugs que incomodam. O mais recente jogo da série é bastante ambicioso em termos de escala, mas é muito difícil apreciar isso quando todos os aspectos centrais da jogabilidade estão implorando por polimento e renovação. Apesar da enorme variedade de personagens, o combate é quase sempre composto de apertar o mesmo botão até o inimigo morrer. Ataques a distância não são viáveis porque mirar demora demais e a mira automática nunca acerta onde queremos. Há alguns ataques especiais que podem ser divertidos, mas muitas vezes demoram demais para carregar ou é incerto como ativá-los. Os capangas morrem com qualquer ataque básico, enquanto os líderes têm vida demais e suas batalhas ficam tediosas.

É fascinante voar sobre Chronopolis e ver a diversidade dos mundos incluídos aqui, mas o curto período de desenvolvimento inevitavelmente afeta algo do jogo. Neste caso, são as fases, que frequentemente são apenas uma ou duas salas e uma luta contra um chefe. Há frequentes boss battles no jogo, e não me lembro de uma sequer que foi realmente divertida. As melhores nos fazem desviar de alguns ataques e revidar quando possível. As piores deixam o inimigo invulnerável por motivos inexplicáveis e nos obrigam a esperar enquanto desviamos de golpes simples, derrotamos capangas ou… fazemos nada.

Os quebra-cabeças são frequentemente triviais (do tipo “empurre a caixa verde até o buraco verde”) ou obtusos porque o jogo apresentou um personagem novo sem explicar o que ele pode fazer. Certos objetos só podem ser interagidos com certos poderes, como por exemplo blocos dourados que podem ser destruídos pelo laser do Homem de Ferro, e por isso aparece um ícone do Homem de Ferro perto desses blocos. O laser da Capitã Marvel também pode destruir esses blocos, mas o jogo nunca ensina isso. Foi na base da tentativa e erro que eu descobri, em uma situação que isso era necessário para progredir.

Talvez seja injusto comparar a série LEGO, que recebe cerca de três títulos por ano, com Mario, mas faz poucas semanas que joguei Super Mario Odyssey e é o que me vem à mente. Odyssey tem suas mecânicas centrais polidas ao extremo, e cada nova habilidade é introduzida com um bom uso da fase onde se encontra. Não parece haver uma direção clara de game e level design em LEGO Marvel, apenas uma reciclagem de mecânicas antigas com uma pele nova (que é, de fato, simpática).

Há coisas a se curtir em LEGO Marvel Super Heroes 2, em particular a construção de mundo e personagens que de fato são bastante carismáticos e ocasionalmente engraçados. Porém, os aspectos de jogabilidade evoluíram muito pouco ao longo dos mais de dez anos da série LEGO. É uma boa pedida para jogar com crianças (inclusive, há dublagem em português), mas não espere nada particularmente novo ou melhor comparado a outras entradas da série.

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Comentários

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm