Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection é como uma espécie de presente de natal que eu sempre quis como criança, mas só fui conseguir ter como adulto. Explico: como uma criança nascida no final dos anos 1980, as Tartarugas Ninja e o desenho que passava nas manhãs da TV aberta sempre foram algo pelo qual eu era aficionado — paixão que acabou se traduzindo para o mundo dos games.
Ainda lembro das diversas manhãs dedicadas ao frustrante primeiro game para o NES, que eu só conseguia chegar nas fases mais avançadas fazendo o “truque” de remover ligeiramente o cartucho para criar diversos glitches. Mais tarde, passei muito tempo aproveitando Turtles in Time no Super Nintendo e tentando em vão vencer os desafios de Tournament Fighters na mesma plataforma.
Assim, a Cowabunga Collection surge não somente como uma forma de reviver esses momentos nostálgicos, mas também como forma de “completar meu currículo” no que diz respeito aos jogos que deixei passar. Além de finalmente poder jogar os games para arcade — que não eram muito acessíveis nos fliperamas que frequentei —, a coletânea me permitiu conhecer alguns títulos que me eram desconhecidos, como a trilogia de lançamentos para o Game Boy.
Durante o final dos anos 1980 e os anos 1990, a Konami era uma empresa que raramente falhava em seus lançamentos. The Cowabunga Collection é uma prova disso, mostrando como a companhia japonesa soube usar seus talentos para criar uma série de jogos que, em sua maioria, resistiram muito bem à passagem do tempo. Essa é a lista completa dos que estão disponíveis na coleção:
A seleção é bastante vasta, tornando explorar cada um dos jogos um processo bastante trabalhoso — mas não menos prazeroso por conta disso. Para mim os destaques são os jogos beat’em ups, que demonstram mecânicas sólidas e uma grande variedade de ideias, tendo como auge as versões de Turtles in Time e The Hyperstone Heist.
Enquanto o game original para arcades ainda se segura em diversos pontos, ele deixa muito claro que boa parte de seu design é feita para custar fichas aos jogadores. Isso, infelizmente, se traduz em frustrações, seja pelo fato de que seu personagem não possui uma janela de invencibilidade ao ser atingido ou por conta de chefes que parecem não ser afetados por ataques — e respondem imediatamente a qualquer golpe.
Felizmente o mesmo não acontece nos demais beat’em ups, especialmente em suas versões para consoles. Pode ser a nostalgia falando, mas considero a versão SNES de Turtles in Time o ponto alto do pacote, tanto por sua jogabilidade desafiadora, mas equilibrada, quanto por sua grande seleção de fases com design único.
Hyperstone Heist se aproxima bem dele nesse sentido, oferecendo uma experiência igualmente divertida (e bastante similar). No entanto, o game evidência as limitações de hardware do Mega Drive, e não soa tão bem quanto os jogos da plataforma concorrente, apesar de graficamente oferecer um desempenho bastante semelhante.
Embora minha experiência em geral com a coletânea tenha sido positiva, devo apontar que alguns jogos presentes nela simplesmente não funcionaram comigo. O primeiro Teenage Mutant Ninja Turtles do NES se mostra tão frustrante agora quanto quando eu o jogava na infância, apresentando controles pouco responsivos e uma quantidade absurda de inimigos.
Da mesma forma, The Tournament Fighters só é legal quando jogado com outras pessoas reais. O game possui os modos arcade e história mais desbalanceados da história dos games de luta e, mesmo nas dificuldades mais fáceis, é fácil ser massacrado por uma inteligência artificial que não perdoa o mínimo erro.
Também devo fazer algumas críticas à maneira como o jogo implementou os modos online presentes em jogos selecionados. Enquanto o netcode utilizado é bom, se conectar a outras pessoas é uma tarefa bastante difícil, tanto pela falta de jogadores ativos quanto pela maneira como os menus se comportam — mais de uma vez fui forçado a reiniciar o jogo porque houve algum problema em tentar entrar em uma sala, mas não havia maneiras de voltar atrás em minhas decisões.
No entanto, as experiências negativas pontuais felizmente não apagam o bom trabalho feito pela Digital Eclipse, que traz algumas opções não presentes nos jogos originais. Além de a desenvolvedora permitir acabar com os slowdowns presentes nos games antigos (que podem continuar lá, se você preferir), ela oferece a quase todos ajustes de dificuldades e modos turbo que aceleram consideravelmente a ação.
As maiores adições são aos beat’em ups de arcades, que ganharam um sistema de seleção de fases e um novo modo Deus. Nele, seu personagem se torna praticamente invencível e mata qualquer oponente com um único golpe — somado à possibilidade de começar cada jogo no estágio final, isso garante um grande corta-caminho para quem gosta de coletar troféus de qualquer jeito possível.
Além de trazer acesso a uma seleção de jogos do passado, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection também traz uma série de imagens conceituais e outros conteúdos ligados aos jogos e às tartarugas em geral. Isso inclui desde scans das caixas norte-americanas e japonesas dos títulos até imagens de catálogo e até mesmo um guia de cores para quem desejava trabalhar com a marca.
Apesar de ser bastante abrangente, senti a sensação de que o trabalho é um tanto incompleto em algumas áreas. Enquanto o jogo lista todas as animações estreladas pelos personagens, não há informações mais aprofundadas sobre quem foi responsável pela produção de cada uma delas, tampouco uma lista de episódios.
Ao selecionar para ver mais detalhes de uma temporada do desenho dos anos 1980, por exemplo, o jogador se depara somente com uma galeria de imagens sem maior contextualização. A presença de uma simples lista de episódios ou um trailer de cada animação ajudaria muito a completar o material, permitindo que os fãs entendessem como cada animação foi concebida.
Apesar das críticas pontuais que expressei acima no texto, Teenage Mutant: Ninja Turtles: The Cowabunga Collection foi uma experiência bastante prazerosa. A grande maioria dos jogos traz qualidades que sobrevivem bem à ação do tempo, e todos surgem de maneira muito bem-preservada e adaptada para os consoles atuais — com recursos que incluem modificações no tamanho de tela e filtros com diferentes tipos de visualização.
Tive a oportunidade de conferir o game tanto no PlayStation 4 Pro quanto no PlayStation 5, sendo que a principal diferença notada entre as plataformas foi no tempo de carregamento. De resto, o desempenho dos jogos se provou estável, e soluções como poder rebobinar a ação ou salvar em qualquer lugar se mostraram adições muito bem-vindas.
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm