Análise: One Piece Odyssey - Neo Fusion
Análise
One Piece Odyssey
27 de janeiro de 2023
Testamos o jogo em sua versão para Xbox Series a partir de código cedido.

O anime do pirata que estica é pivô de um tipo de conversa que foi transformada em anedota pelo tempo e depois em piada: “pô, mas continua assistindo, fica bom demais a partir do episódio 457”. A frase em si é ao mesmo tempo uma bobagem sem tamanho e algo verídico. É bobagem pois One Piece tem a mesma pegada desde sempre e o foco no humor, na aventura, na relação entre os personagens do bando e em entregar momentos de emoção tá lá desde o começo.

Porém, também há alguma verdade nesse papinho: One Piece fica mais forte conforme mais você se apega aos personagens e ao mundo criado por Eiichiro Oda, e a trama efetivamente fica mais interessante e traz mais temas ao longo de seus arcos. Mas o ~espírito~ da coisa é o mesmo desde o começo. One Piece Odyssey, desenvolvido pela ILCA e publicado pela Bandai Namco, é um JRPG que tem sua jornada similar mas distinta da série: fica mais e menos interessante com o passar do tempo. Menos pela falta de variação em seus sistemas, e mais pelas trocas e simpatia de seus protagonistas.

Controlamos o bando do Chapéu de Palha em uma aventura semi-canônica, mais ou menos enfiada ali entre Dressrosa e Whole Cake mas que também pode ser um pouco depois do arco da Big Mom e companhia, enfim, é uma salada temporal que não vem muito ao caso. Os piratas mais queridos do planeta terra e região chegam na ilha de Waford, um local indicado como importante por suas conexões com as ilhas do céu.

O bando em One Piece Odyssey

Lá encontram Lim e Adio e se vêem em uma aventura na própria ilha, mas também em lugares específicos da jornada de One Piece através das memórias. Temos os arcos de Alabasta, Water 7/Ennies Lobby, Marineford e Dressrosa. Todos os membros do grupo aparecem aqui, com a infeliz exceção de nosso mano Jinbei. Franky e Brook infelizmente só são controlados nas partes mais avançadas da campanha.

One Piece Odyssey é um JRPG por turnos, e tanto o visual quanto o sistema de combate fizeram muita gente ver semelhanças com Dragon Quest XI. Há sim uma semelhança na construção visual, mas o combate só possui o turno mesmo como conexão. Aqui temos quatro personagens do nosso time divididos em áreas e em contato ou não com inimigos em suas respectivas áreas. É possível e necessário alterar os membros da equipe o tempo inteiro, pois o jogo se pauta em uma relação triangular de vantagem do tipo pedra-papel-tesoura (aqui poder vence velocidade, que vence técnica, que por fim vence poder).

One Piece Odyssey

Dá pra trocar os personagens presentes no campo de batalha um pelo outro ou mesmo entre algum presente no “banco de reservas”. A melhor forma de causar dano é utilizar as técnicas especiais, gastando pontos que são facilmente recarregáveis ao aplicarmos ataques normais. Também existem golpes conjuntos entre membros do bando; estes custam uma outra barra (pode de ligação) mas gastam apenas o turno de um personagem. Existem golpes que jogam inimigos de uma área para outra, bem como alguns status negativos como sangramento, queimadura, etc.

Pronto, isso é tudo que é preciso saber sobre o combate de momentos muito iniciais do título até o fim. Como os chefes são muito mais saco de HP e uma referência visual do que mecanicamente distintos, One Piece Odyssey nos faz realizar os mesmos passos por muito tempo, fazendo com que a experiência de combate seja um tanto cansativa.
Felizmente o título traz opção de velocidade maior no combate, bem como estrutura sua exploração de áreas abertas e mesmo outras mais fechadas de forma a facilitar esquivarmos de combates. O haki da observação do Luffy também indica quais inimigos dão um bônus de experiência, fazendo com que seja uma boa ideia enfrentar apenas estes e ignorar o resto para uma experiência mais dinâmica.

One Piece Odyssey

Um ponto positivo do combate são as diferentes tarefas extra que pipocam em determinados momentos (e quase sempre nos chefes) pedindo para realizarmos determinadas ações (curar o Ussop, liberar uma área antes de alguém ir a nocaute, vencer um inimigo com um determinado personagem, etc). Completar tais desafios gera um bom boost de experiência, o que complementa a mentalidade de batalhar menos e desviar de encontros desnecessários.

Os golpes e animações são bem legais, e também é interessante ver como cada personagem possui suas particularidades: só o Chopper cura, a Nami pode atacar todas as áreas com seu tempo de raios, etc. Para além dessas questões de economia de burocracia e de um sistema de batalha interessante por pouco tempo, Odyssey não entrega muito em termos de combate.

A preparação também é simples, com a possível melhoria de alguns golpes a partir do uso de cubos encontrados pelos cenários (alguns mais escondidos que outros), e a escolha por acessórios com diferentes efeitos e melhoria de atributos específicos. A Robin pode usar uma máquina (que precisa de várias mãos em sincronia para funcionar) e juntar acessórios comuns aos especiais, fortalecendo-os ainda mais.

One Piece Odyssey

Como a utilização de itens na batalha ajuda bastante, vêm a calhar muito bem o fato que o Sanji pode cozinhar pratos com diferentes efeitos (cura de HP, cura de TP, melhoria de atributos) e o Usopp pode criar itens para causar pioras nos atributos dos adversários. One Piece Odyssey propõe sistemas de preparação e possui uma base interessante pro combate, mas do ponto de vista prático é tudo muito simples e o combate rapidamente fica repetitivo e desinteressante.

As áreas de exploração e os locais mais parecidos com dungeons são competentes, mas não chegam a empolgar. É possível usar o Chopper para passar por passagens pequenas, o Zoro para cortar portas, mas o principal membro será Luffy pelo fato deste poder esticar e pegar os pontos de um lado pro outro podendo movimentar pela área. Elas vira e mexe trazem algum quebra-cabeça simples, mas geralmente apelam mais pelo visual do que pelo local enquanto estágio de jogo.

One PIece Odyssey

Outro ponto cansativo da estrutura do título é a necessidade de passar por lugares novamente, repetir os mesmos trajetos em memórias especiais, principalmente nos momentos em que a viagem rápida é desabilitada temporariamente.

Já a trama do título vai melhorando com o tempo, as trocas entre os membros do bando são geralmente divertidas e acertam bem o tom da coisa. Algumas missões especiais mais interessantes (as caças) também trazem boas piadas e situações. Reviver as memórias e lugares queridos dos arcos é interessante por si, mas o título parecia que iria em um caminho de fazer pessoas passarem por momentos em que não estavam, mas ele se esquiva disso quase sempre.

Deixando de lado a possibilidade de vermos situações novas a partir dos grandes momentos e lembranças, One Piece Odyssey entrega uma trama interessante na própria ilha de Waford, mas nada que se destaque muito também. Ao fim do dia, One Piece Odyssey é um título bastante indicado para os fãs do mangá/animação, mas como JRPG é apenas mediano.

One Piece Odyssey

One Piece Odyssey é um ótimo passatempo para os fãs da colossal obra de Eiichiro Oda. Destacam-se os visuais e animações, a boa troca entre os personagens e a possibilidade de relembrar e revivier momentos centrais da saga. Exploração e combate são competentes, mas acabam por cansar e cair na repetição mesmo com boas propostas de deixar o ritmo mais direto. Ótimo como adpatação para fãs, mas mediano como JRPG, o título cumpre seu papel de forma satisfatória.

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Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm