Análise: Forza Motorsport - Neo Fusion
Análise
Forza Motorsport
3 de novembro de 2023

Automobilismo foi um protagonista dos meus interesses durante um período específico da minha adolescência. E foi justamente nessa época que comprei Gran Turismo 5 no PS3 e mergulhei naquele mundo. Não é de surpreender que, com o passar dos anos, meus interesses pontuais se entrelaçam com videogames, que é um interesse sempre presente.

2023 trouxe alguns ecos daquela época, com automóveis sendo um assunto recorrente na minha vida. Muito pensei e conversei sobre o papel do carro na sociedade, e sobre quais seriam as alternativas ao transporte. Ainda assim, comprei meu primeiro carro, um momento marcante pra alguém que sempre gostou de carros e de dirigir. No mundo dos games, joguei nos últimos tempos alguns jogos de corrida, notavelmente Need for Speed Hot Pursuit e F1 23. Mas tinha outro jogo no horizonte — há um bom tempo — que já estava marcado no meu calendário: Forza Motorsport.

O lado de cá do horizonte

A série Forza tem suas origens como o rival caixista de Gran Turismo, com a ambição de ser um simulador de corridas realista e competente, mas também mais amigável a jogadores “normais” do que títulos ainda mais sérios, como Assetto Corsa. Apesar disso, durante a última década a franquia ganhou muita popularidade com a série de spin-off Horizon. A esta altura, dá até para se questionar se Horizon não se tornou a série principal, com a antiga Motorsport ocupando um espaço secundário.

Independentemente de qual é mais importante para o Xbox como um todo, é verdade que as duas séries miram públicos que até podem se sobrepor, mas são fundamentalmente tipos diferentes de jogadores. Pessoalmente, eu sou mais do Motorsport. Um dos jogos que comprei junto com meu Xbox One foi Forza Horizon 2; ouvi falar muito bem do primeiro mas, sem Xbox 360 para jogar, fui para o segundo. Achei legal mas… não fui muito longe nele. Alguns meses depois, Forza Motorsport 6 lançou e joguei muito mais.

A série Horizon me conquistaria só nos números 4 e 5 e… com a ausência de Motorsport desde 2017, até fiquei em dúvida se eu curtiria o retorno às origens da franquia. E agora posso dizer que sim, curti.

Sei que não é uma opinião compartilhada por muitos, mas os jogos Horizons são muito divertidos mas um pouco “largados” demais para o meu gosto. Já Motorsport vem com uma pegada bem mais técnica, mas pela própria definição do jogo será inevitavelmente mais repetitivo. Não temos corridas atravessando desertos ou descendo de vulcões, nem temos eventos com motos, barcos, jatos e trens. São só carros em pistas reais ou realistas, dando múltiplas voltas tentando se ultrapassar ou minimizar seus tempos de giro.

Cada vez mais precisão

Enquanto eu curti Gran Turismos e Forza Motorsports no passado, eu sempre tinha a sensação de que atingia meus limites de habilidade muito rapidamente, e a partir dali eu começava a perder interesse. Em grande parte, era possível vencer o jogo por força bruta gastando dinheiro em carros melhores, e havia pouco incentivo para ir melhorando de fato.

Essa, pra mim, tem sido a melhor novidade do novo Forza Motorsport. Mais que qualquer jogo de corrida que eu me lembre, este está constantemente me incentivando a jogar focado e melhorar meu desempenho. São várias coisas: as voltas de treino, os trechos destacados da pista, o sistema de penalidades e a progressão de cada carro, entre outros.

Basicamente, antes de começar cada corrida, nós podemos dar algumas voltas de treino pela pista. Até podemos pular essa etapa mas, mais do que eu poderia imaginar, essas voltas são valiosíssimas. Primeiro, permite nos familiarizarmos com a pista em um ambiente de baixa pressão. Podemos dar uma volta tranquilos para conhecer as curvas mais sacanas, para então tentar otimizar nosso trajeto por elas. Também exercita a relação entre a pista e o carro que escolhemos conduzir. O próprio carro está em constante fluxo à medida que o equipamos com mais melhorias, mas de qualquer forma entender como ele se comporta na pista antes de correr para valer é fundamental.

Durante a corrida, entra o sistema de penalidades, puxado de jogos mais sérios como F1. Na minha adolescência de granturismer eu não me importava de “trapacear” para ultrapassar meus competidores artificiais; hoje me dá mais prazer jogar de acordo com as regras, sem comer curvas e sem ser agressivo com os oponentes. Pelo menos no modo single-player o sistema é funcional mas ainda generoso o suficiente para não punir o jogador por pequenos deslizes que pouco afetam o decorrer da corrida.

Por fim, há a progressão de cada carro. Os desenvolvedores de Forza descreveram esse sistema como “CarPG” — uma brincadeira sobre o termo RPG — porque cada carro tem seus próprios pontos de experiência e árvore de habilidades. Ouvi algumas reclamações sobre esse sistema, que de fato pode ser chato para alguém que quer trocar bastante de carro ou tornar um veículo competitivo para o online, mas por enquanto eu tenho gostado bastante. Cada torneio da campanha parece uma campanhazinha: começamos com um carro em sua configuração padrão, e à medida que progredimos, ganhamos intimidade com seu comportamento e melhoramos suas configurações. Ao final, piloto e veículo funcionam como um só.

Uma plataforma para o futuro

Perceba no parágrafo anterior a expressão: “por enquanto”… Isso é importante porque Forza Motorsport, no estado atual, parece mais uma base para expansão futura do que um produto completo e finalizado. A parte mais importante, que é a física de corrida, está lá e está ótima, mas fora isso o jogo é um pouco raso em conteúdo. Comparados a outros títulos da série, o número de carros e pistas é limitado.

Ainda assim, a campanha disponível é bastante expansiva — tirando vantagem das inúmeras possibilidades existentes com tais carros e pistas. Como cada corrida é um processo que envolve preparar o carro, dar voltas de treino e por fim correr, estimo que cada torneio leve em torno de 3 horas para completar, dando ao jogador bastante coisa para fazer enquanto esperamos as atualizações futuras.

Há também o online, que na minha breve experiência funciona muito bem, mas estando eu limitado a um controle e não um volante, minha capacidade de acompanhar outros jogadores de forma minimamente competitiva é bem limitada.

Não espere aqui um ar de festa como em Forza Horizon, nem menos uma celebração quase pornográfica ao automobilismo como em Gran Turismo. Os menus (e toda a estética) de Forza Motorsport são bastante estéreis e funcionais, sem espaço para charme e carisma. Também existem alguns bugs visuais — nada muito grave e que deve ser resolvido em atualizações — mas é estranho vê-los em um título que ficou tanto tempo no forno. Abstenho de uma discussão aprofundada sobre os gráficos, que para mim são bons o suficiente enquanto o título nunca desvia dos 60fps.

Olhando para o contexto ao redor do lançamento, é isso que me chama a atenção. Para o Forza com o maior tempo de desenvolvimento desde… sempre, é um pouco estranho o jogo lançar ainda faltando certos recursos e carente de algumas das pistas mais icônicas do esporte. Dito isso, acho preferível ver uma contínua expansão dessa ótima base do que títulos separados e praticamente redundantes como foram os Forzas 5, 6 e 7 no Xbox One.

Por hora, vou continuar meu avanço — aos poucos, no meio de tantos outros jogos — porque estou gostando muito do que já está ali. Quem sabe, nos próximos meses, escrevo uma atualização. Aguardo ansiosamente, claro, achegada de Nürburgring Nordschleife ao título ano que vem. É só uma pena que esse tipo de conteúdo não vem mais incluso no jogo base.

Leia também

Análise
Dragon’s Dogma 2
POR
9 de abril de 2024
Análise
As Dusk Falls
POR
1 de abril de 2024
Análise
Top Racer Collection
POR
21 de março de 2024

Comentários

[…] No último sábado, 13 de março, completei um ano de isolamento social. Posso contar nos dedos as vezes que saí para resolver alguma pendência obrigatória presencialmente. Pensar que o mundo mudou tanto em 365 dias me causa ansiedade. Mas, pensar como eu mudei, ou deixei de mudar, nesse período me causa mais angústia. Obviamente, não tem sido fácil para ninguém. O que restou, além das adaptações de rotina, foi reaprender a me comunicar de maneira remota. Uma dessas lições foi aprendida por meio de Stardew Valley. […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 18/02/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/previa/valheim/) […]

[…] (Texto publicado no Neo Fusion, em 14/01/2021, disponível no link: http://54.237.89.239/materia/analise/tell-me-why/) […]

[…] a alternativa não é descartada. Até mesmo tivemos uma história inédita do marsupial em Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Poderíamos ter uma nova versão futuramente de Crash Bash – o party game da franquia […]

[…] mas também foi possível prestigiar títulos à parte dos cartunescos, como, por exemplo, o novo Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, que resgatou a alma de um dos jogos de esporte mais icônicos de sua geração. Embora a origem […]

[…] não sendo tão inovador e debatível quanto Her Story, o título certamente conquista um espaço importante no (já não tão popular) gênero dos […]

Breath of the Wild carater família?

wishlistei

Você sabe me falar se compensa eu comprar esse ou posso jogar o original também, eu tenho o original mas não. Joguei nenhum você pode me ajudar nessa Dúvida de 259 reais kkkk

Incluindo a fonte de meu comentário.: http://www.vgchartz.com/gamedb/games.php?name=just+dance+2018&keyword=&console=&region=All&developer=&publisher=&goty_year=&genre=&boxart=Both&banner=Both&ownership=Both&results=50&order=Sales&showtotalsales=0&showtotalsales=1&showpublisher=0&showpublisher=1&showvgchartzscore=0&showvgchartzscore=1&shownasales=0&showdeveloper=0&showcriticscore=0&showcriticscore=1&showpalsales=0&showreleasedate=0&showreleasedate=1&showuserscore=0&showuserscore=1&showjapansales=0&showlastupdate=0&showlastupdate=1&showothersales=0

O que mais impressiona é que a versão mais vendida deste jogo foi a do Nintendo Switch, seguida da fucking versão de Wii! TEM GENTE COMPRANDO JUSTA DANCE PRA WII EM 218! E vendeu bem mais que no One... Dificilmente um JD 2019 vai ficar de fora do velho de guerra da Nintendo!

<3

Este jogo é fantástico! Muito bom evoluir todos os personagens. Os personagens da 2ª geração ficam ainda mais fortes. Celice, filho de Sigurd, torna-se quase um Deus, o deixei com 80 de HP, o máximo, como outros status que ficaram no seu máximo, mais os itens: Silver Sword, Silver Blade, Power Ring, Speed Ring, Defence Ring, deixando o Celice muito forte e resistente.

Obrigado! Sobre suas dúvidas: 1) Eu não consegui confirmação concreta de quem é o CEO atual da Game Freak. O pouco que descobri apontava para o Satoshi, mas é possível que ele já tenha saído sim. 2) O texto foi escrito em dezembro, antes do anúncio de Bayonetta 3. Como a ideia é lançar um listão assim a cada seis meses, acho que não vale o trabalho ficar atualizando a cada anúncio. Mas se houver demanda, posso fazer.

Belo compendium dos estúdios da Nintendo e afiliados! Só tenho duas dúvidas: 1- O Satoshi ainda é CEO da Game Freak? Pensei que ele já tinha se afastado. 2- A Platinum não está fazendo Bayonetta 3 agora?

Que bacana, o jogo parece bem legal. Só não compro porque larguei rápido o último jogo do tipo que peguei (Animal Crossing: New Leaf)

O Zelda mais zeldoso de todos

Esse é jogo é O Zelda?

Valeu :)

Realmente é algo incrível, parece até informação secreta kkkkkkk, ótimo post.

Analise justíssima, parabéns Renan! Na minha opinião, por mais que Pocket Camp seja inegávelmente a experiência mobile da Nintendo mais próxima que tivemos da “versão console”, é desnecessariamente repetitivo, incompleto e enjoativo. Além do gameplay lento (como citado na análise), não existem grandes recompensas pela progressão no jogo além de novos personagens e móveis pra construir. No fim, Pocket Camp é apenas (o pior de) New Leaf adaptado para smartphones, com 10% das funcionalidades e mecânicas free-to-play. Talvez uma atualização dê alguma tapeada na repetitividade excessiva, mas teriam que mudar tanto o jogo que nem sei se vale a pena.

Não joguei esse Zelda ainda, por isso não posso fazer comentários sobre o jogo mas sei que a Nintendo sempre capricha nos seus jogos e usa artificios muito elaborados até para as coisas mais simples, certa vez na internet achei um vídeo relacionando o construtivismo de Vygotsky com o jogo super Mario...por fim estou gostando dessa abordagem mais técnica dos jogos, sai um pouco do padrão da internet

É um openworld, no dois vc começa adolescente e vai envelhecendo, as cicatrizes permanecem, vc pode comprar casa e casar nas diferentes cidades... no terceiro muda mas as decisões são fodas, por exemplo vc procura apoio da população de uma vila pra dar o golpe no seu irmão, então vc promete uma ponte pra cidade, depois do golpe vc tem escolher entre construir a ponte e aumentar o exército da sua nação contra o inimigo do jogo ..daí sua escolha muda tudo

Eu ouvi muito de Fable na época pré-lançamento dele, mas não cheguei a jogar. Tinham muitas promessas nesse sentido mesmo, que você ia passar anos na pele do mesmo aventureiro. Ele chega a ser um openworld? E as escolhas geravam caminhos e quests diferentes?

Um jogo bem interessante mas que muita gente não gosta é Fable, vc ter uma vida, fazer escolhas que vão afetar a história é bem interessante, seria bem legal se em Zelda você pudesse desenvolver uma cidade e se tornar herói/prefeito

Rapaz, que texto. A crítica que você fez à premiação do Uncharted bate no ponto certo. As narrativas mais envolventes do universo dos games, pra mim, foram aquelas que exploraram todo o potencial de interatividade que a mídia propõe. Nada contra Uncharted e eu acho que o jogo é brilhante em vários outros aspectos, mas os exemplos citados no texto falam por si só. Enfim, gostei muito. E o site tá lindo, isso aqui é qualidade pura.

Excelente lista! O Switch é uma awesome little indie machine :)

Faltam 2 horas e estou que nem criança imaginando minha reação se eu ganhar.

Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.

O sorteio vai ser ao vivo via live???

Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)

Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.

Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png

cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...

Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público

Agora sim vou ter meu switch o/

Sim!

Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?

Reativei minha conta só pra promoção kkkk

Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte

Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!

Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.

sera que agora ganho o

Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.

Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?

Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!

Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)

Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?

? vou seguir o Renan aqui tbm