Durante os dois anos mais intensos e devastadores da pandemia do COVID-19 (2020 e 2021), o mundo em sua totalidade precisou se adaptar de maneira forçada e involuntária a diversas situações. No âmbito dos games não foi diferente: produções em desenvolvimento atrasaram por conta dos novos regimes de trabalho remoto, campeonatos de esportes eletrônicos migraram de arenas para formatos online e o interesse por entretenimento livestream cresceu de forma descontrolada.
Por último, mas não menos importante, temos os eventos: aqueles que não foram completamente erradicados por falta de investimentos tiveram que passar por uma reformulação para se tornarem inteiramente digitais. Era perigoso demais (lê-se irresponsável, negacionista e até legalmente condenável) sequer pensar em reunir pessoas para celebrar essa “paixão” por games. Felizmente, com praticamente 100% de pessoas vacinadas com a segunda dose/dose única contra a COVID-19, a cidade de São Paulo pôde ser novamente palco de eventos em 2022.
Realizado no último sábado (28) no Centro Universitário SENAC – Santo Amaro, o Festival Retro Games Brasil 2022 reuniu o que há de melhor na cena nacional de jogos retrô, colecionismo de games, criação de jogos digitais cuja inspiração são os clássicos 2D e palestras acerca da preservação de games enquanto mídia. O Neo Fusion esteve no evento durante o período da tarde para conferir novidades e recordar memórias ao lado de colegas de trabalho e fãs da nostalgia gamer.
O local escolhido para o evento, apesar de um pouco distante do centro paulistano, foi certamente uma decisão acertada: um salão de convenções acompanhado de salas, banheiros e um auditório confortável. Havia espaço suficiente para que pequenos núcleos com diferentes propósitos e experiências se formassem sem que houvesse muitos pontos desocupados ou desinteressantes. No salão, apesar da quantidade de mesas e estandes montados, havia corredores suficientemente largos para facilitar a locomoção.
No centro do salão, vitrines móveis dividiam a atenção de grande parte do público com “joias” inacreditavelmente preservadas tanto para apreciação quanto para comercialização. Logo de cara, era possível se deleitar com televisores de tubo bastante icônicos — alguns mais tradicionais e outros com personagens emblemáticos dos anos 1980 e 1990. Também havia uma quantidade inacreditável de jogos, acessórios e consoles para todos os gostos e bolsos de saudosismo — das réplicas reprogramadas aos mais autênticos com caixa, encartes e manual originais
Em um dos cantos, posicionadas em uma mesma sequência, estavam a Editora Europa e o site Jogo Véio divulgando seus respectivos trabalhos e comercializando exemplares de revistas de games. Apesar de menos populares do que outrora, essa forma de comunicação escrita e impressa ainda tem um apelo expressivo quando se considera o meio de retro games. E não é para menos: as artes de capa e escolhas de temas comumente chamam bastante atenção pela qualidade.
Do lado oposto, o maior destaque do evento em minha humilde opinião. Em caráter inédito na América Latina, Teen Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge estava jogável em diversas estações e com dois controles à disposição para você dividir o controle com quem estivesse a fim de cooperar nesse beat ‘em up enérgico e inspiradíssimo. Fiquei surpreso com a precisão e com o tempo de resposta do jogo mesmo quando há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na tela. O jogo já tem uma janela de lançamento (verão do hemisfério norte), mas ainda não recebeu uma data específica.
Um pouco mais ao fundo, muitos gritos e bordões envolviam o público que acompanhava as competições de Windjammers 2, Jogos de Verão e de outros jogos no estilo arcade. A emoção era tão grande que atraía a atenção de quem estava de saída do auditório, onde palestras e apresentações coletivas acerca da indústria e cultura de games estavam sendo conduzidas.
Já na área indie, muitas surpresas estavam reunidos em uma só sala: jogos brasileiros sendo divulgados para quem adora uma experiência 2D (como é o caso de Punhos de Repúdio, por exemplo), projetos ainda em fase inicial de financiamento coletivo e um grupo de amantes do bom e velho Odyssey — o primeiro console de mesa a chegar no Brasil. Muitas iniciativas interessantes e promissoras, à propósito.
Por fim, decido encerrar esse texto saindo um pouco do papel de quem foi cobrir o evento para dar lugar ao meu eu pessoal: foi bom reencontrar amigos, conhecer pessoalmente colegas de trabalho e poder ter prestigiado o ótimo trabalho dos organizadores e divulgadores do Festival Retro Games Brasil 2022. Como eu disse há alguns dias em minhas redes sociais, não há absolutamente nada que substitua um encontro presencial com pessoas agradáveis. Espero que essa alegria se repita com ainda mais intensidade na edição 2023!
Comentários
Olha... excelente texto. Esse é um problema que eu já vinha discutindo em meus círculos de amizade ha um bom tempo. Isso fica ainda mais evidente quando percebe-se a necessidade das grandes publishers de seguirem tendencias mais lucrativas não afetam apenas o game design em si, mas também as temáticas, narrativas, e até mesmo a direção de arte dos games. Vide a enxurrada de jogos de zumbis que tivemos na geração passada... Por falar em indies, eu vejo muito potencial para que os próximos AAA inovadores saiam deles. O orçamento ainda é um problema, mas financiamento coletivo já é uma realidade. Acredito que equipes extremamente competentes e comprometidas consigam levantar fundos para levar adiante o desenvolvimento de jogos desse nível.
O sorteio vai ser ao vivo via live???
Obrigado Igor! Seja bem-vindo ao Nintendo Fusion :)
Rapaz, que texto foda! Parabéns Renan! Fico cada mais feliz em ser Nintendista em tempos como esse (apesar de ainda não ter um Switch), saber que a Nintendo rema pesado contra essa maré cheia de lixo. Recentemente o designer da BioWare, Manveer Heir (Mass Effect) compartilhou que a EA só tem foco mesmo nas microtransações, que ainda viu gente gastando 15 mil dolares com cards de multiplayer do Mass Effect 3. Pra piorar agora tem o sistema de Loot Box, que está na moda, e a Warner empolgou com o Shadow of Mordor. Loot Box pra fechar campanha ou pra tentar competir online nos jogos, pra mim isso é praticamente o fim. A única esperança que tenho nessa industria que amo tanto são mesmo nos indies, Nintendo e algumas empresas. Espero que a Activision não estrague a Blizzard, pq apesar de Overwatch ter Loot Box, são completamente cosméticos, e eu acho isso bom até, pq jogar pra desbloquear coisas visuais é muito mais interessante e prazeroso que jogar pra tentar a sorte com um item específico pra ser mais competitivo com upgrades no status do personagem.
Não aparece para você no começo do texto? https://uploads.disquscdn.com/images/b809b035a7e4e21875dfe6af44cc2d10dccbe7c3eea556e1be57fe8018d72a32.png
cadê o tal formulário do Gleam? não vi link nenhum no texto... tá mal explicado isso...
Das publicadoras de games, a EA é sem duvidas a pior. Não foi atoa que foi escolhida como a pior empresa americana por dois anos consecutivos. Não quero parecer um hater, mas é essa filosofia de shooters multimilionários, com gráficos de ponta e extorquimento de dinheiro dos consumidores é que vai fazê-los fechar as portas. Isso fica evidente com o “apoio” da empresa ao Switch, não souberam mais uma vez ler o sucesso do console, e repetem os mesmos erros de uma década: investir pesado em gêneros supersaturados. E é interessante notar como o Iwata foi capaz de enxergar uma realidade mais de uma década á sua frente, e feliz que cada vez mais empresas adotam essa estratégia: jogos de menor orçamento e maior foco no público
Agora sim vou ter meu switch o/
Sim!
Qual é a exceção "imperdoável"? Chrono Trigger?
Reativei minha conta só pra promoção kkkk
Cara, não uso Twitter. Até tenho, mas nem lembro senha nem nada. Vamos ver se tenho sorte
Parabéns à todos nessa nova empreitada, o site é promissor!
Acho que o único defeito desse game foi ter requentado muitas fases, poderia ter sido apenas a GHZ, por exemplo. Mas fora isso é impecável.
sera que agora ganho o
Precisa compartilhar no Facebook. Nos outros lugares é opcional.
Eu preciso compartilhar o sorteio pelo facebook? Ou é preciso compartilhar em outro lugar?
Felipe Sagrado escreva-se em tudo para aumenta a change brother!!!!
Você pode participar sim, só não vai poder obter os dois cupons relacionados ao Twitter. :)
Boa tarde. Eu não uso o Twitter, então gostaria de saber se isso impede minha participação ou só diminui minhas chances?
? vou seguir o Renan aqui tbm